NATUREZA
Jonathan
Amos Correspondente de Ciência da BBC News
Cerca de 8 milhões de toneladas de lixo plástico são lançadas nos
oceanos anualmente, segundo cientistas.
Essa
quantidade poderia cobrir 34 vezes toda a área da ilha de Manhattan, em Nova
York, com uma camada de lixo à altura dos joelhos de uma pessoa. Além disso,
supera de 20 a 2 mil vezes os cálculos anteriores sobre a massa de plástico
levada pelas correntes oceânicas.
O novo estudo é considerado um dos melhores
esforços para quantificar o plástico despejado, queimado ou arrastado para o
mar. Segundo os pesquisadores, a análise também pode ajudar a descobrir a
quantidade total de plástico existente hoje no oceano – não apenas o material
que é encontrado na superfície ou nas praias.
Grandes quantidades de resíduos podem estar
escondidas no fundo dos oceanos ou fragmentadas em pedaços tão pequenos que não
são captados pelas análises convencionais. Essas partículas estão sendo
ingeridas por criaturas marinhas – o que pode resultar em consequências
desconhecidas.
Os detalhes foram divulgados no encontro anual da
Associação Americana para o Avanço da Ciência.
Vilões dos mares
A equipe de especialistas analisou dados
populacionais com informações sobre a quantidade de lixo gerado e gerenciado
(ou não gerenciado). Eles elaboraram cenários para prever a quantidade de
plástico despejado nos oceanos.
Para o ano de 2010, esses cenários variam de 4,8
milhões a 12,7 milhões de toneladas. A cifra de 8 milhões de toneladas é a média
dessa variação.
O cenário conservador equivale em termos de massa à
quantidade de atum pescada anualmente nos oceanos.
"Isso significa que estamos tirando atum e
colocando plástico em seu lugar", disse Kara Lavender Law, co-autora da
pesquisa e porta-voz da Associação Educacional do Mar de Woods Hole, no Estado
americano de Massachussetts.
Os cientistas também fizeram uma lista dos países
que seriam os maiores responsáveis pelo despejo desses resíduos. As 20 nações
que despejam as maiores quantidades seriam responsáveis por 83% do plástico mal
gerenciado que pode entrar nos oceanos.
A China ocupa o topo da lista, produzindo mais de
um milhão de toneladas. Mas a equipe ressalva que é preciso levar em conta a
imensa população do país e a extensão da sua costa.
Os Estados Unidos ficaram no 20º lugar da lista. O
país tem uma grande área costeira, porém adota melhores práticas de descarte do
lixo. Por outro lado, os EUA registram altos níveis de consumo de plástico per
capita.
A União Europeia, analisada em bloco, ocupa o 18º
lugar na lista.
Soluções
O estudo recomenda soluções para o problema. Afirma
que as nações ricas precisam reduzir seu consumo de produtos descartáveis e
embalagens de plástico, como sacolas plásticas. Já os países em desenvolvimento
têm que melhorar o tratamento do lixo.
"O crescimento econômico está ligado à geração
de lixo. O crescimento econômico é uma coisa boa, mas o que você vê normalmente
em países em desenvolvimento é que a estrutura de tratamento do lixo é deixada
de lado", disse a pesquisadora Jenna Jambeck, da Universidade da Georgia.
"Isso faz algum sentido na medida em que eles
estão mais focados em produzir água limpa e melhorar o saneamento. Mas não
devem se esquecer desse tratamento porque os problemas só vão ficar
piores."
A equipe de pesquisadores estima que a quantidade
de plástico jogada anualmente nos mares pode alcançar 17,5 milhões de toneladas
até 2025. Isso significa que até lá 155 milhões de toneladas chegarão aos
oceanos.
O Banco Mundial estima que o patamar máximo de lixo
produzido no mundo só será atingido em 2100.
O pesquisador Roland Geyer, da Universidade da
Califórnia, que também participou do estudo, disse que não é possível limpar o
plástico dos oceanos. "Fechar a torneira é a única solução", afirmou
à BBC.
"Como você recolheria o plástico do fundo dos
oceanos considerando que a sua profundidade média é de 4,2 mil metros? Temos
antes que evitar que o plástico chegue aos oceanos."
"A falta de sistemas de tratamento de lixo
alimenta a entrada de plástico no oceano", diz o cientista. "Ajudar
todos os países a desenvolver estruturas de tratamento é a mais alta
prioridade", disse.
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