Declaração foi feita pelo diretor do Centro de Informação das Nações
Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Giancarlo Summa. Ele disse que o Brasil foi,
junto com os Estados Unidos, o país que mais recebeu escravos africanos.
Participantes da
Marcha da Consciência Negra — ‘Cotas Sim, Genocídio Não’ — em 2012.
Foto: Marcelo
Camargo/ABr
O diretor
do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Giancarlo
Summa, disse que “o Brasil foi um dos países que mais se empenhou na criação da Década de Afrodescendentes”, entre 2015 e 2024.
Summa fez a
declaração em entrevista à Radio ONU, em Nova York, para marcar o Dia
Internacional em Memória às Vítimas da Escravidão, este 25 de março.
Baianos no Pelourinho
“A ideia é
ter uma lembrança dessa dívida histórica que temos com as populações
afrodescendentes, que são os herdeiros dos milhões de escravos que foram
traficados da África até as Américas. E o Brasil é, junto com os Estados Unidos,
o país que mais recebeu escravos africanos traficados. O Brasil é também o
último país a ter abolido a escravidão. Se passou mais de um século desde a
abolição da escravidão, mas os afrodescendentes continuam sendo a parcela mais
sujeita a discriminações e a condições de vida inadequadas no Brasil.”
Em relação
à violência, Summa disse que, infelizmente, “o Brasil é um dos países com os
maiores índices de homicídio do mundo para cada 100 mil habitantes”.
Foto: Diretor do
UNIC Rio, Giancarlo Summa. Foto: UNIC Rio
O país,
segundo ele, concentra quase 12% dos homicídios globais e quase 70% das vítimas
são jovens negros com menos de 25 anos. “Isso é o que na ONU chamamos de
racismo institucional, ou seja, se criaram mecanismos que são até legais,
naturalmente não é mais o tráfico de escravos dos séculos 19 e 18, mas a
população afrodescendente é a mais afetada por essa situação.”
O diretor
do UNIC Rio disse que o objetivo é, junto com o governo brasileiro, realizar
campanhas de conscientização sobre essa situação, como também a implementação
de políticas públicas para tentar resolver os problemas.
Summa
lembrou que o Brasil, com o apoio das Nações Unidas, aprovou e está
implementando a lei de cotas e acesso, também chamada de discriminação
positiva, em universidades e no serviço público. O representante da ONU disse
que esse é um passo concreto para melhorar a vida dessa população.
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