LITERATURA
- POESIA
Foi um dos grandes e raros amigos de Castro Alves
Luís Nicolau
Fagundes Varela (São João Marcos, 17 de
agosto de 1841 — Niterói, 18 de
fevereiro de 1875) foi um poeta romantista brasileiro da
2ª Geração, patrono na Academia Brasileira de Letras.
Filho do magistrado Emiliano Fagundes Varela e de
Emília de Andrade, ambos de ricas famílias fluminenses.
Poeta romântico e boêmio inveterado, Fagundes
Varela foi um dos maiores expoentes da poesia brasileira, em seu tempo. Tendo
ingressado no curso de Direito (e frequentado a Faculdade de Direito de
São Paulo e a Faculdade de Direito do Recife), abandonou o curso no
quarto ano. Foi a transição entre a segunda e a terceira geração romântica.
Diria, reafirmando sua vocação exclusiva para a
arte, no poema "Mimosa", na boca duma personagem: "Não
sirvo para doutor"...
Casando-se muito novo (aos vinte e um anos) com
Alice Guilhermina Luande, filha de dono de um circo, teve um filho que veio a
morrer aos três meses. Este fato inspirou-lhe o poema "Cântico do
Calvário", expressão máxima de seus versos, tão jovem ainda. Sobre
estes versos, analisou Manuel Bandeira:
"...uma
das mais belas e sentidas nênias da poesia em língua portuguesa. Nela, pela
força do sentimento sincero, o Poeta atingiu aos vinte anos uma altura que, não
igualada depois, permaneceu como um cimo isolado em toda a sua poesia."
Mudou-se para Paris aos
20 anos e voltou aos 27. Casou-se novamente com uma prima - Maria Belisária de
Brito Lambert, sendo novamente pai de duas meninas e um menino, também falecido
prematuramente.
Embriagando-se e
escrevendo, faleceu ainda jovem, vivendo à custa do pai, passando boa parte do
tempo no campo, seu ambiente predileto.
Fagundes Varela
morreu com 33 anos de idade.
A Flor do Maracujá
Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas do sereno
Nas folhas de gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá!
Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá!
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensanguentada
Da flor do maracujá!
Por tudo o que o céu revela!
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está!...
Guarda contigo esse emblema
Da flor do maracujá!
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em — a —
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!
Publicado no livro Cantos meridionais (1869).
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas do sereno
Nas folhas de gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá!
Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá!
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensanguentada
Da flor do maracujá!
Por tudo o que o céu revela!
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está!...
Guarda contigo esse emblema
Da flor do maracujá!
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em — a —
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!
Publicado no livro Cantos meridionais (1869).
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