POLÍTICA NACIONAL
Um dos
mais isentos e sérios blogs políticos do Brasil
Em, 18/03/2015 05:47
Nos seus primeiros quatro anos como presidente,
Dilma Rousseff não conseguiu vincular sua sisuda figura a uma simbologia, uma
marca. Iniciado o segundo reinado, ela
precisou de apenas 77 dias para grudar na própria testa o signo da ruína. O Datafolha informa que a imagem da
ex-supergerente foi internada pelos brasileiros na UTI. A recuperação vai
requerer tratamento de choque.
Dilma já é
considerada ruim ou péssima por 62% dos
brasileiros. Aproxima-se perigosamente de Fernando Collor, que arrostava taxa
de rejeição de 68% em setembro de 1992, às vésperas de ser escorraçado do
Planalto pelo impeachment.
Uma aversão desse tamanho
não passa com pomadinhas anticorrupção e curativos ministeriais. Exige, de
saída, a grandeza de uma autocrítica genuína.
Depois de perder a
pose e o asfalto, a presidente perde o pouco que lhe restava de discurso. O lero-lero segundo o qual apenas os
eleitores de Aécio Neves fazem cara de nojo para Dilma perdeu completamente o
nexo. Dilma tanto fez que definha também em seus próprios redutos. Mesmo entre os beneficiários das políticas
sociais, a rejeição disparou.
Dilma tornou-se uma presidente minoritária. Sua
aprovação aproxima-se da casa de um dígito. Apenas 13% dos patrícios
classificam-na como ótima ou boa. Nesse ponto, madame igualou-se a FHC, sua
eterna e mais querida referência. Em setembro de 1999, acusado de estelionato
eleitoral por ter desvalorizado o Real após reeleger-se, FHC também amargou os
mesmos 13% de rejeição.
O pessimismo do
eleitorado completa a atmosfera de borrasca que se acercou de Dilma. De cada dez brasileiros, seis apostam que a economia vai piorar. A grossa
maioria acha que a inflação e o desemprego subirão 77% e 69%, respectivamente.
Nessa seara, Dilma não tem boas notícias a fornecer neste ano de 2015, talvez
nem em 2016.
Como se fosse pouco, os desdobramentos do “petrolão”
são acompanhados com um interesse de novela: 73% tomaram conhecimento da “lista
do Janot”, com os nomes de autoridades e congressistas encrencados. O escândalo
é de fácil apreensão. Numa fase em que sobra mês no fim do salário, o brasileiro revolta-se com as milionárias
cifras entesouradas na Suíça.
Apegada ao manual petista de administração de
crises, Dilma vem reagindo à ruína de forma previsivelmente acanhada e
convencional. É fácil, muito fácil prever o seu próximo erro: vai chamar João
Santana para uma conversa. A crise não
pede mais embromação publicitária. Em vez dar ouvidos ao marqueteiro, Dilma
deveria escutar o seu instinto de sobrevivência.
Os grifos deste texto são deste Blog.
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