Após o incêndio que dizimou a
tradicional feira de Água de Meninos, na década de 50 do século anterior, os
comerciantes ali estabelecidos foram relocados para um terreno mais adiante
daquele acidentado, aonde viria nascer à feira de São Joaquim, que, com o
passar do tempo, transformou-se na maior feira livre da cidade do Salvador, Bahia, tornando-se a mais tradicional e
voltada ao atendimento da população de baixa renda, não só dos soteropolitanos como do também das pessoas moradoras
em cidades do recôncavo baiano.
Localizada na Cidade Baixa entre o Comércio e a Avenida Oscar Pontes, possuindo
uma área de 35 mil m², sua importância é vital para o comércio, cultura e
favorecimento dos menos abastados, devido aos bons preços nela praticados.
Criada na década de 1960, São Joaquim abriga
inúmeros trabalhadores informais que descendem dos africanos escravizados, sendo o principal
distribuidor dos artesanatos de barro, caxixis, alguidares, cuscuzeiros, potes produzidos no recôncavo baiano e a venda de produtos para
rituais de candomblé, como ervas para banhos de descarrego,
patuás, colares, com as respectivas cores dos Orixás, e uma
variedade de produtos alimentícios
importados das ilhas e municípios do recôncavo baiano.
Hoje, São Joaquim, passa por um
reforma estrutural. Suas ruas, alas, becos, estão sendo realinhados e
ordenados. Mesmo assim, ela continua produzindo encanto e beleza graças ao seu
cenário matizado de cores fortes e odores deliciosos.
Andar entre seus esconsos é se
surpreender a cada passo. Ora por uma
erva desconhecida que lhe é oferecida, pela imensa variedade dos produtos lá
expostos, quer pela maneira malemolente usada pelos feirantes para cativar seus
fregueses. É lá, sem dúvida, que reside o espírito da baianidade. O modo de ser
baiano, com seu baianês (linguajar característico do baiano) correndo solto, o
jogo da capoeira e a roda de samba que aqui e ali surgem numa espontaneidade
inesperada, para espanto e prazer dos que lá estão. O que dizer dos seus
botecos e de seus pequeninos restaurantes? Só experimentando suas
delícias.
Imagine o que você quiser, pode ter
certeza, que em algum lugar da feira você o encontrará.
Compreender esse mundão só se pode
convivendo com ele. Contudo, pode-se
afirmar, desde já, que ali estão o sangue e a droga baiana: o azeite de dendê e
a pimenta malagueta.
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