Graffiti Art
A Bienal Internacional de ‘Graffiti’ celebra entre paredes a maturidade
da arte de rua
FOTOGALERIA Grafite em plena forma
CAMILA MORAES São Paulo 17 ABR 2015
El PAís- O JORNAL GLOBAL
O grafiteiro alemão Tasso. / DIVULGAÇÃO
A discussão
sobre o lugar ao qual pertence o street art envelheceu de vez.
Desde os anos 80, o grafite extrapola as ruas e invade as galerias
sem que as pessoas torçam o nariz, para cumprir outros propósitos, experimentar
formatos e ser visto sob novas perspectivas. É, ao menos, o que prega a Bienal
Internacional de Graffiti Fine Art, cuja 3a edição abre as
portas neste sábado no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do
Ibirapuera, em São Paulo.
O evento coloca debaixo de um teto 65 grafiteiros
com a missão de proporcionar um contato mais intimista do público com esse tipo
de arte e também dos artistas – brasileiros e estrangeiros – entre si.
“Queremos que as pessoas possam acompanhar a evolução do grafite, seus
diferentes estilos e técnicas, e que possam entender porque ele conquista cada
vez mais espaço em ambientes artísticos”, explica a idealizadora do projeto,
Renata Junqueira.
Há paredes,
murais e quadros pintados com spray, estêncil e pincéis, além de instalações,
esculturas e videoarte sob a curadoria de Binho Ribeiro – ele próprio
grafiteiro e pesquisador do assunto desde 1984. “O grafite não sai da rua, que
continua sendo seu principal suporte. A novidade é a maturidade: ele está hoje
muito mais forte culturalmente e presente na mente das pessoas”, diz Binho, para
quem organizar uma bienal de street art é celebrar o “respeito
conquistado”. Artistas que têm obras autênticas e são representativos nas
cidades onde moram foram os que captaram o olhar do curador. “A intenção não é
dizer que esses são melhores que outros, e sim misturar estilos, técnicas e
conceitos de grafiteiros reconhecidos, veteranos e novos”, esclarece.
A paraense
Drika Chagas prepara um grafite com o tema 'espiritualidade'. /CAMILA MORAES
Estar entre
paredes não faz o grafite perder seu caráter efêmero. Tudo o que está ali foi
criado exclusivamente para a Bienal e grande parte foi pintado na hora. Para a
grafiteira Drika Chagas, de Belém do Pará, é aí onde a rua se faz mais
presente. “Acho que uma exposição de grafite termina atraindo um público que
tem medo de entrar em uma galeria, mas continua sendo passageiro”, opina. Drika
grafita profissionalmente desde 2009, e seu trabalho “está ligado à
espiritualidade”. Tema raro nesse universo, que por sinal é bastante masculino.
Algumas pinturas
expostas chamam a atenção por extrapolar a tela, ocupando vários tipos de
suportes, algumas até com efeitos tridimensionais. É o caso da obra de
Alexandre Ketto. Entre os nomes old school, vale a pena ver de
perto o californiano Pose II e o alemão Tasso, visitantes que dividem espaço
com novos artistas latino-americanos, especialmente da Argentina, do Chile e do
Peru.
Graffiti
com efeitos tridimensionais de Alexandre Keto. / CAMILA MORAES
A Bienal tem
entrada gratuita de 18 de abril a 19 de maio e promete atrair muita gente. Suas
duas edições anteriores aconteceram no Mube – Museu Brasileiro da Escultura, um
museu de circulação bem menor que o Parque do Ibirapuera, e mesmo assim tiveram
recorde de visitação. Em 2013, mais de 60.000 paulistanos prestigiaram o
evento. Nada mal para uma cidade que tem o grafite sempre à vista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário