Mitologia
grega
Um herói
famoso por sua rara beleza e orgulho, seu equivalente romano era Valentim,
erroneamente confundido com Cupido
Na mitologia grega, Narciso ou O
Auto-Admirador (Língua grega: Νάρκισσος ), era um herói do território de Téspias, Beócia,
famoso pela sua beleza e orgulho. Várias
versões do seu mito sobreviveram: a de Ovídio, das suas Metamorfoses;
a de Pausânias, do seu Guia para a Grécia(9.31.7); e uma
encontrada entre os Papiros de Oxirrinco, Chenoboskion, também
chamada Oxyrhynchus. Era filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope.
No dia do seu nascimento, o adivinho
Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a
própria figura. Seu equivalente
romano é Valentim;
ainda que este seja pouco representado, e comumente confundido com Cupido.
Pausânias localiza a fonte de Narciso na cama
juntos em Donacon, no território dos Téspios. Pausânias acha incrível que
alguém não conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita
uma variante menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã gémea. Ambos se vestiam da mesma forma e usavam
o mesmo tipo de roupas e caçavam juntos. Narciso apaixonou-se por ela. Quando
ela morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o reflexo que
via na água era a sua irmã. Onde o seu corpo se encontrava, apenas restou uma
flor: o narciso.
Como Pausânias também nota, outra história conta
que a flor narciso foi criada para atrair Perséfone, filha de Deméter,
para longe das suas companheiras e permitir que Hades a raptasse.
Segundo FRAZER (1887) a origem do mito
pode ser muito antiga, compartilhada pelos indo-europeus, e relacionada a
lendas de outros povos, como os zulus, segundo os quais o reflexo representa a
alma, que é roubada por bestas da água.
Segundo Ovídio, Narciso era um belo
rapaz, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Por ocasião de seu
nascimento, seus pais consultaram o oráculo Tirésias para saber qual seria o
destino do menino. A resposta foi que ele teria uma longa vida, se nunca visse
a própria face.
Narciso cresceu, e se transformou um jovem bonito
de Boécia, que despertava amor tanto em homens e mulheres, mas era muito
orgulhoso e ninguém conseguia quebrar a sua arrogância. Até as ninfas se
apaixonaram por ele, incluindo uma chamada Eco que o amava
incondicionalmente, mas o rapaz a menosprezava. As moças desprezadas pediram
aos deuses para vingá-las. Para dar uma lição ao rapaz frívolo, a deusa Némesis,
(aqui, uma versão de Afrodite3 ) o condenou a apaixonar-se
pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. Encantado pela sua própria beleza,
Narciso deitou-se no banco do rio e definhou, olhando-se na água e se
embelezando. Depois da sua morte, Afrodite o transformou numa flor, narciso.
Até em sua morte, ele tentava ver nas águas do Estige as
feições pelas quais se apaixonara.
O narcisismo tem
o seu nome derivado de Narciso e ambos derivam da palavra Grega narke,
"entorpecido" de onde também vem a palavra narcótico. Assim, para os gregos, Narciso simbolizava a vaidade e
a insensibilidade, visto que ele era emocionalmente entorpecido às solicitações
daqueles que se apaixonaram pela sua beleza. Mas Narciso não simboliza
apenas mera negatividade: "o mito de Narciso representa (senão para os
gregos ao menos para nós) o drama da individualidade"; "ele mostra,
isto sim, a profundidade de um indivíduo que toma consciência de si mesmo"
em si mesmo e perante a si mesmo, ou seja, no lugar onde
experimenta os seus dramas humanos (Cf.Bibliografia, Spinelli, Miguel, p.99).
A parábola
de Narciso tem sido uma grande fonte de inspiração para os artistas há pelo
menos dois mil anos, começando com o poeta romano Ovídio (livro
III das Metamorfoses). Isto foi seguido em séculos mais recentes
por outros poetas como (John Keats), e pintores (Caravaggio, Nicolas
Poussin, Turner, Salvador Dalí, e Waterhouse). No
romance de Stendhal Le Rouge et le Noir (1830), há um
narcisista clássico na personagem de Mathilde. Diz o príncipe Korasoff a Julien
Sorel, o protagonista, sobre a sua amada:
Narciso e Eco (1629-1630), de Nicolas Poussin.
Ela olha para ela
em vez de olhar para ti, e por isso não te conhece.
Durante as duas ou três pequenas explosões de paixão que ela se permitiu a teu favor, ela, por um grande esforço de imaginação, viu em ti o herói dos seus sonhos, e não tu mesmo como realmente és.
Durante as duas ou três pequenas explosões de paixão que ela se permitiu a teu favor, ela, por um grande esforço de imaginação, viu em ti o herói dos seus sonhos, e não tu mesmo como realmente és.
O mito tem uma influência decidida na cultura grega homoerótica inglesa
Vitoriana, por via da influência de André Gide no seu estudo do mitoTraité
du Narcisse ('O tratado de Narciso', 1891), e da influência de Oscar
Wilde. Também, muitas personagens dos escritos de Fyodor Dostoevsky (escritor russo do século
XIX) são tipos de Narcisos solitários, tal como Yakov Petrovich Golyadkin em
"The Double" (Publicado em 1846). Ainda na literatura, Paulo
Coelho, em O Alquimista, utilizou como prefácio o mito, usando
também a emenda que Wilde escreveu sobre o que ocorreu depois da morte de
Narciso.
Na música, Caetano Veloso utiliza o
espírito do mito de Narciso em letra de Sampa, onde pretende explicar
o que lhe ocorreu quando diante de São Paulo pela primeira vez:
"(...)
Quando eu te
encarei
Frente a frente
Não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto
o que vi
de mau gosto o mau
gosto
É que Narciso acha
feio
o que não é espelho
E a mente apavora o
que ainda
Não é mesmo velho
Nada do que não era
antes
quando não somos
mutantes
A banda Barão Vermelho também
possui um música chamada Narciso, cuja letra escrita por Cazuza. diz:
(...) Agora me enfrente/ Como uma imagem no
espelho/ Nenhum bicho ou planta/ Pode ousar assim (...)"
Fonte
Wikipédia
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