Genética
A explicação está, segundo uma pesquisa, no fato de homens de estatura
elevada terem mais filhos vivos do que os de baixa e esse traço foi transmitido
ao longo de gerações.
Descoberta proteína que dobra a
longevidade de ratos envelhecidos
ISABEL FERRER Haia 11 ABR 2015
Os canais de Alkmaar, na Holanda. / PETER DEJONG (AP)
Os
holandeses estão entre as populações mais altas do mundo, com uma média de 1,84
metro para homens, e 1,71 metro para as mulheres. Percebe-se na rua, nos
colégios, com adolescentes de apenas 13 anos que já calçam 44, e nas lojas.
Todos os produtos à venda chegam em tamanhos muito grandes. Em um país pequeno,
com 16,7 milhões de habitantes, os altos se destacam e são a norma quase em
partes iguais. Há dois séculos, no entanto, a situação era diferente, e os
habitantes dos Países Baixos apareciam entre os baixinhos da Europa. Mediam no
máximo 1,65 metro. Como conseguiram ganhar cerca de 20 centímetros nesse tempo,
enquanto nos demais países nas mesmas condições de bem-estar o tamanho só
aumentou seis centímetros? Um estudo estatístico de pesquisadores da London
School of Hygiene and Tropical Medicine aponta que a seleção
natural desempenhou um papel essencial. Os homens altos têm mais filhos
vivos do que os baixos, e a altura, hereditária em grande parte, é transmitida
por gerações.
O trabalho acaba de ser publicado na revista
científica Proceedings B, da Royal Society britânica, e seu autor
principal, Gert Stulp, destacou que não se trata de uma análise genética. No
entanto, o rastreamento de dados sobre a população (na verdade 94.516 pessoas
nascidas em três províncias do norte holandês, acima de 45 anos) acumulados
entre 1935 e 1967 sugere que os genes que marcam a (alta) estatura são mais
frequentes no país. Nas mulheres, a equação funciona de duas maneiras: as de
estatura regular têm mais filhos, mas os bebês das que são altas sobrevivem em
maior proporção. “O bem-estar, a distribuição equitativa da riqueza e uma dieta
saudável contribuíram, ao mesmo tempo, à sobrevivência da prole. De qualquer
forma, em circunstâncias similares, em países como os Estados Unidos o aumento
do tamanho parou antes”, segundo a pesquisa.
A comparação com os
EUA é significativa. Em meados do século XIX, seus habitantes eram até oito
centímetros mais altos do que os holandeses. Em 2007, por sua vez, um trabalho
diferente, publicado na revista internacional Annals of Human Biology,
constatava que holandeses, dinamarqueses e alemães superam hoje em altura os
norte-americanos. Mais uma vez, a dieta e a atenção à saúde apoiavam apenas em
parte as conclusões de seus autores, John Komlos (Universidade de Munique) e
Benjamin Lauderdale (Universidade de Princeton). Ainda que os benefícios dos
laticínios na primeira infância tenham algum destaque, e os adultos na Holanda
também não concebem sua dieta sem queijo, leite ou iogurte em abundância, para
o senso comum a chave está na geografia. O dito popular assegura que as pessoas
tiveram de levantar a cabeça durante séculos acima dos diques para se manter à
tona —um bom exercício de alongamento em um país com quase dois quintos de sua
superfície apropriados do mar.
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