Ciência
Foi considerada e registrada pela história como sua primeira cientista
Hipátia (ou Hipácia;
em grego: Υπατία, transl. Ypatía) de Alexandria (ca.
350–370 –8 de março de 415) foi uma
neoplatonista grega e filósofa do Egito Romano, a primeira mulher
documentada como sendo matemática. Como chefe da
escola platônica em Alexandria, também lecionou filosofia e astronomia.
Como
neoplatonista, pertencia à tradição matemática da Academia de Atenas,
representada por Eudoxo de Cnido e era da escola intelectual do
pensador Plotino que a incentivou estudar Lógica e Matemática no
lugar de investigação empírica e a estudar Direito em vez de ciências
da natureza.
De acordo
com a única fonte contemporânea, Hipátia foi assassinada por uma multidão de
cristãos depois de ser acusada de exacerbar um conflito entre duas figuras
proeminentes na Alexandria: o governador Orestes e o bispo de Alexandria, Cirilo
de Alexandria.
Kathleen
Wider propõe que o assassinato de Hipátia marcou o fim da Antiguidade
Clássica, e Stephen Greenblatt observa que o assassinato
"efetivamente marcou a queda da vida intelectual na Alexandria" Por
outro lado, Maria Dzielska e Christian Wildberg notam que a filosofia
helenística continuou a florescer nos séculos V e VI, e, talvez, até a era de Justiniano.
Hipátia era
filha de Téon de Alexandria, um renomado filósofo, astrônomo, matemático, autor de
diversas obras e professor em Alexandria. Criada em um ambiente de ideias
e filosofia, tinha uma forte ligação com o pai, que lhe transmitiu, além de
conhecimentos, a forte paixão pela busca de respostas para o desconhecido.
Diz-se que ela, sob tutela e orientação paternas, submetia-se a uma rigorosa
disciplina física, para atingir o ideal helênico de ter a mente sã em um corpo
são.
Hipátia
estudou na Academia de Alexandria, onde devorava
conhecimento: matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia e artes.
A oratória e a retórica também não foram descuidadas.
Alguns autores pensam que, quando adolescente,
viajou para Atenas, para completar a educação na Academia
Neoplatônica, onde não demorou a se destacar pelos esforços para unificar a
matemática de Diofanto com o neoplatonismo de Amónio Sacas e Plotino,
isto é, aplicando o raciocínio matemático ao conceito neoplatônico do Uno (mônada
das mônadas). Ao retornar, já havia um emprego esperando por ela em Alexandria:
seria professora na Academia onde fizera a maior parte dos estudos, ocupando a
cadeira que fora de Plotino. Aos 30
anos já era diretora da Academia, sendo muitas as obras que escreveu nesse
período.
Um dos seus
alunos foi o notável filósofo e bispo Sinésio de Cirene (370 - 413),
que lhe escrevia frequentemente, pedindo-lhe conselhos. Através destas cartas,
sabemos que Hipátia desenvolveu alguns
instrumentos usados na Física e na Astronomia, entre os quais o hidrômetro.
Sabemos
também que desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto
("Sobre o Cânon Astronômico de Diofanto"), tendo escrito um tratado
sobre o assunto, além de comentários sobre os matemáticos clássicos, incluindo Ptolomeu.
Em parceria com o pai, escreveu um tratado sobre Euclides.
Ficou famosa
por ser uma grande solucionadora de problemas. Matemáticos
confusos, com algum problema em especial, escreviam-lhe pedindo uma solução. E
ela raramente os desapontava. Obcecada pelo processo de demonstração lógica,
quando lhe perguntavam por que jamais se casara, respondia que já era casada
com a verdade.
O seu fim
trágico se desenhou a partir de 412, quando Cirilo foi nomeado Patriarca
de Alexandria, título de dignidade eclesiástica, usado em Constantinopla,
Jerusalém e Alexandria. Ele era um cristão fervoroso, que lutou toda a vida
defendendo a ortodoxia da Igreja e combatendo as heresias, sobretudo o Nestorianismo,
que negava a Divindade de Jesus Cristo e a Maternidade Divina de Maria.
O reinado de Teodósio I (379-392) marca o
auge de um processo de transformação do Cristianismo, que efetivamente se torna
a religião oficial do estado. Em 391, atendendo pedido do então
Patriarca de Alexandria, Teófilo, ele autorizou a destruição do Templo de Serápis (não
confundir com o Museu e a Biblioteca existentes em Alexandria, que não tinham
nenhuma relação física com este templo), um vasto santuário pagão onde eram
oferecidos sacrifícios de sangue, segundo os relatos dos historiadores
contemporâneos Sozomeno e Tirânio Rufino.
Embora a legislação de 393 procurasse
coibir distúrbios, surtos de violência popular entre cristãos e pagãos
tornaram-se cada vez mais frequentes em Alexandria, principalmente após a
ascensão de Cirilo ao Patriarcado.
"Hipátia
antes de ser morta na igreja", pintura de Charles William Mitchell, 1885
De acordo com o relato de Sócrates, o
Escolástico, numa tarde de março de 415, quando regressava do Museu, Hipátia foi atacada em plena rua por uma
turba de cristãos enfurecidos. Ela foi arrastada pelas ruas da cidade até uma
igreja, onde foi cruelmente torturada até a morte. Depois de morta, o corpo
foi lançado a uma fogueira.
Segundo o mesmo historiador, tudo isto aconteceu
pouco tempo depois de Orestes, prefeito da cidade, ter ordenado a execução de
um monge cristão chamado Amónio, ato que enfureceu o bispo Cirilo e seus correligionários. Devido
à influência política que Hipátia exercia sobre o prefeito, é bastante provável
que os fiéis de Cirilo a tivessem escolhido como uma espécie de alvo de
retaliação para vingar a morte do monge. Neste
período em que a população de Alexandria era conhecida pelo seu caráter
extremamente violento, Jorge de Laodiceia (m. 361) e Protério (m.
457), dois bispos cristãos, sofreram uma morte muito similar à de Hipátia:
o primeiro foi atado a um camelo, esquartejado e os seus restos queimados; o
segundo arrastado pelas ruas e atirado ao fogo.
Dito isto, a eventual relação de Cirilo com o
ocorrido continua a ser motivo de alguma controvérsia entre os historiadores.
Embora Sócrates e Edward Gibbon afirmem que o episódio trouxe opróbrio para
a Igreja de Alexandria, não mencionam qualquer envolvimento direto do
patriarca. O filósofo pagão Damáscio, por sua vez, atribui explicitamente
o assassinato ao patriarca, que invejaria Hipátia. Contudo, a Enciclopédia
Católica lembra que Damáscio escreveu cerca de um século depois dos fatos
e que os seus escritos manifestam um certo pendor anticristão. As últimas
pesquisas creem que o homicído de Hipátia resultou do conflito de duas facções
cristãs: uma mais moderada, ao lado de Orestes, e outra mais rígida, seguidora
de Cirilo, responsável pelo ataque.
Também na Escola Pitagórica “ora integrada na sua
vida particular (de Pitágoras), como esposa, ora simplesmente na vida da
Escola, a presença marcante de uma mulher, Theano, que ocupou certamente um
lugar de destaque nos primórdios do pitagorismo. É também interessante destacar
que Jâmblico, no seu catálogo de pitagóricos ilustres, elenca não uma, mas
dezessete mulheres, e isso dentre as mais célebres que aderiram à sua
doutrina”.
Igualmente na escola cínica houve a figura de
Hiparquia, esposa de Crates, citada por Diógenes Laércio em sua
Vida dos Filósofos Ilustres.
Fonte:
Wikipédia
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