História
Publicado em recortes por Pedro Henrique Alves,
em obviusmagazine
Este espaço tem como missão dar-lhes uma
opinião diferente das opiniões difundidas como "normais" em nosso
meio social, mostrar que o conservadorismo, e a filosofia estão muito mais
arraigados em nossa sociedade do que se pensa. E porque não uma opinião
conservadora?
Afinal para se dizer conservador hoje, assim como estou fazendo, ou se é louco, ou se tem bons argumentos para sê-lo.
Afinal para se dizer conservador hoje, assim como estou fazendo, ou se é louco, ou se tem bons argumentos para sê-lo.
Nas escolas e universidades de todo o país escutamos constantemente os
mestres falarem das Cruzadas com um ar tão somente pejorativo, nos parecendo
ter sido uma guerra totalmente sem fundamento, será? Será que não há um lado
das cruzadas que não conhecemos, não uma mera justificativa, mas sim razões
sérias pela guerra dos cristãos contra os muçulmanos? Digo-vos caros leitores,
não contaram tudo.
Sempre
ouvimos nas escolas, ou universidades, ataques feitos a inquisição ou mais
recentemente as cruzadas. Este fato histórico veio a tona com mais força por
conta dos ataques mais recente dos extremistas muçulmanos em Paris, e com o
advento deste dito “Estado Islâmico”. Como uma forma de compensação a favor
destes terroristas, ou como uma forma de dizer: “Mas os cristãos também mataram
em nome da fé” ou seja, um jeitinho de incriminar os cristãos atuais em vista
das guerras passadas, dentre estes estava o deputado estadual do PT que nos
gratificou com sua capacidade de nulidade intelectual no assunto.
Bom, este
artigo pretende contar o lado das cruzadas que não são mencionadas, e
principalmente analisar as consequências das cruzadas em contraste com os ataques
terroristas islâmicos. Porém, antes disso é bom explicitarmos que não sou a
favor de nenhum tipo de guerra religiosa, então não venham tentar colocar
palavras em minha boca, pois não acho certas descriminações de Cristãos para
com muçulmanos pacíficos, e nem o inverso, ou contra qualquer religião que
exista, sendo assim comecemos.
1 –
Contexto histórico.
O primeiro
grande erro que cometemos ao avaliar a inquisição, cruzadas ou qualquer outro
fato histórico, é o fator “contexto histórico”, devemos ter em mente que a
história é uma constante evolução; evolução da compreensão da moral, dos
valores decorrente das crenças, e do processo de evolução da humanidade em
geral, sendo assim, não podemos olhar para idade média é tecer julgamentos
baseados nos conceitos éticos e morais que temos hoje, pois não eram os mesmos
que haviam naquela época, se assim fizermos corremos o risco de imputar-lhes
julgamentos injustos. Por exemplo, como poderíamos defender a liberdade religiosa
ao paganismo se naquela época, onde a sociedade era teocêntrica? Isto é, a
religião e o Estado tinham uma ligação intrínseca, não havendo distinções
claras e concretas como temos hoje em dia entre estes; em outras palavras, não
havia liberdade religiosa em uma época onde a religião era parte dos deveres
sociais instituídos pelos monarcas, onde o sentimento religioso e a fé era tão
ou mais importante que a própria vida.
No processo
de estudo histórico, possuímos como base de uma reta compreensão e de um reto
julgamento, saber quais eram os parâmetros éticos e morais daquele determinado
tempo, as relações que haviam entre as instituição religiosa e o Estado. O
esforço por parte do estudioso consiste em pensar com a mentalidade da época.
Torna-se então uma falácia, julgarmos acontecimentos do século XII, XIV e XV,
com nossos conceitos de moralidade e ética, com nossas leis e constituições
construídas e formuladas a menos de 200 anos. Julgarmos acontecimentos que
ocorreram a mais de 700 ou 800 anos atrás com estes parâmetros modernos, no
mínimo é de um pseudo-cientificismo histórico.
Vale
recordarmos, que os intelectuais que puseram as bases e principais conceitos
históricos da era moderna, foram os iluministas, revolucionários da revolução
francesa, e marxistas do inicio do século passado, que foram inimigos
declarados da Igreja Romana e na sua maioria ateus convictos, verdadeiramente
interessados em destruir a hegemonia e virtudes desta Igreja, fazendo-me
questionar se não houve uma parcialidade em seus julgamentos da história
eclesiástica.
2- O que
ocorreu e ninguém te contou.
No processo
de ensino ideológico no qual passamos aqui no Brasil, desmoralizar a Igreja é
um dos fatores de maior importância aos esquerdistas, afinal, como bem lembra
Russell Kirk a ideologia comunista pretende abolir a religião cristã para ela
própria se tornar a única religião vigente. E neste processo, acabam por omitir
muitos fatos que se contados talvez nos mostrariam que a Igreja teve sérios e
reais motivos para realizar as cruzadas.
A data de
inicio das cruzadas foi no dia 27 de Novembro de 1095, quando o Papa Urbano II
deu inicio a convocação das tropas cristãs para defender a terra santa, porém,
antes disso já haviam acontecido muitas carnificinas por parte dos seguidores de
Maomé, as tropas dos muçulmanos estavam fazendo uma espécie de arrastão em todo
oriente médio; Palestina, Egito e Grécia já haviam sido alvos e agora as tropas
maometanas já estavam próximos a Europa cristã. Terras sagradas para nós
cristãos, como Belém e Jerusalém, tinham sido dizimadas, os cristãos mortos,
Igrejas saqueadas, dentre estas, muitas que o próprio apóstolo Paulo e Pedro
tinham fundados, como por exemplo, na Grécia. Objetos milenares quebrados ou
roubados, bibliotecas todas destruídas, hoje temos a consciência que talvez não
saibamos mais sobre Jesus e seus apóstolos e não tenhamos mais documentos de
extrema importância a humanidade, por conta dos saques e destruições causados
pelas tropas de Maomé.
E tudo isto
veio ocorrendo desde o século VII, onde todas as tribos islâmicas se uniram
para tomar o mundo para Alah, tal guerra não foi iniciada pelos cristãos.
Gradativamente eles foram conquistando espaço, até chegar ameaçar os bens do
cristianismo, os bens humanos em geral. Antes de tudo, devemos colocar bem
claro que quem provocou tal guerra não foram os cristãos, as cruzadas foi uma
resposta de defesa, e não de ataque infundado, que só teve inicio quando
Constantinopla estava sob ameaça iminente de destruição, e se eles (os
muçulmanos) a tomasse seria uma perda crucial, e a Europa estaria toda
ameaçada. Somente sob tal ameaça os reis de toda Europa com a benção do Santo
padre Urbano II resolveram armar-se e defender seu maior bem, a fé.
3 – Existe
uma Guerra justa?
Sim,
devemos deixar claro que existe sim a possibilidade de uma guerra justa, que é
aquela que ocorre por motivos justos, e as cruzadas foi um exemplo dessas, como
explicado acima, havia um perigo iminente tanto às monarquias da Europa, tanto
para o cristianismo como um todo que estava sendo solapado por todos os lugares
aonde passavam os maometanos, além, obviamente, dos rios de sangues que eles
deixavam dos “infiéis”, aqueles que não traíram sua fé cristã.
As cruzadas
foi uma investida militar de defesa, e não de ataque infundado, a motivação era
parar os exércitos muçulmanos antes que fosse tarde, se eles conseguissem
invadir Constantinopla (como mais tarde ocorreu) a Europa toda estaria sob
perigo, e isto era um preço muito grande a se pagar, se isso ocorresse de fato,
talvez uma guerra posterior seria tarde demais. Sendo assim, ao contrário do
que nos contam na escola as cruzadas teve sim motivos justos para ocorrerem. Na
verdade deveríamos de certa forma agradecer a estes homens que morreram em nome
de cristo nas cruzadas, pois se os exércitos de Maomé tivessem tido êxito
provavelmente não teríamos cristianismo, pouco saberíamos de um homem chamado
Cristo, e nunca nem sequer ouviríamos falar da bíblia, pois, apagar a fé dos
"infiéis" eram uma das suas principais motivações.
4- Os
cruzados queriam riquezas?
O mais
decorrente argumento dado para atacar as cruzadas e os cristãos, seria que os
reis, príncipes e plebeus iam a terra santa atrás de fortunas e riquezas, ora,
nunca se ouviu tamanha baboseira, primeiramente que riquezas? As principais
riquezas que haviam na terra santa eram o Santo Sepulcro, o Calvário e o monte
das oliveiras, talvez o mar vermelho, como eles o trariam para Inglaterra,
França ou Espanha? Nos lombos de seus cavalos? Venderiam a quem um pedaço do
Santo Sepulcro? Baboseiras, de fato poderiam haver muitos tesouros naquela
terra, por conta das peregrinações e presentes dos reinados ao santo local,
porém aqueles soldados com armaduras de quase dez quilos de metal, mais a
espada e escudo, iriam fretar qual empresa para trazer tais riquezas para seus
castelos? Ou talvez coubessem alguns cálices em seus bolsos não é?
Faz sentido
a você, se fosse Rei, largar a pompa e conforto de seu castelo, com seus
súditos, riquezas, mulher e filhos e ir para uma guerra buscar riquezas da qual
não poderia trazer? Para os romancistas e historiadores modernos faz. Talvez
antes de repetirmos tais argumentos infundados deveríamos refletir a burrice
que se esconde por trás desta pseudo-intelectualidade.
Talvez com
nossa mentalidade atual, dificilmente compreenderíamos que para aqueles homens
e mulheres, era uma dor indescritível saber que o lugar onde seu Mestre nasceu,
morreu e ressuscitou estava sendo covardemente atacado e destruído, que seus
irmãos de fé estavam sendo massacrados, sem nenhum direito a defesa. Talvez
para nós que aprendemos fingir que temos uma fé, aprendemos a brincar de
professar um credo, realmente… Realmente, talvez para nós seja difícil conceber
que alguém por livre e espontânea vontade preferisse morrer do que ver seu
Cristo e a sua Igreja perecerem. Não por riquezas, não por glórias, não por um
nome na história, mas por Cristo. Motivação que não cabe em nossa mente
reformulada aos moldes da revolução francesa, mas para aqueles homens era mais
do que suficiente, a fé era tão cara que morrer por ela era a maior honra que
um verdadeiro guerreiro poderia almejar.
5-
Consequências se não houvesse ocorrido esta guerra.
Dificilmente
haveria cristianismo em alguma parte do globo, provavelmente não saberíamos
quem foi Cristo de Nazaré, nunca teria existido para nós nenhum compêndio de
livros sagrados denominado bíblia sagrada. Talvez achem que eu sou apocalíptico
demais, e se assim pensas, pode ter certeza que esta enganado, os muçulmanos
naquela época tinham como motivação principal tornar todos homens e mulheres
muçulmanos como eles, matar todos os infiéis que negavam Maomé como profeta, e
todos que negavam Alah como Deus único. Isto se constata em nossos dias atuais
ainda, onde os extremistas islâmicos continuam matando os “infiéis” e continuam
buscando tomada espaço pela força. Você que me acha apocalíptico, convido a
visitar a Nigéria, ou quem sabe a Palestina e passear com a bíblia na mão ou
com um crucifixo no pescoço, durante apenas 10 minutos, em qualquer rua do
país.
Thomas E.
Woods JR. historiador que nos deu a honra de ter uma obra magnifica chamado:
“Como a Igreja católica construiu a civilização ocidental”. Nesta obra ele nos
mostra que a evolução tecnológica em todos os ramos, desde agricultura à
astronomia, tal evolução que só foi possível por conta da abertura aos estudos
humanísticos e tecnológicos feito pela Igreja Romana, em sua obra citada, ele
nos apresentam nomes de intelectuais de várias áreas formados seio da igreja,
muitos cientistas eram sacerdotes e monges. Dentro desta perspectiva houveram
obras literárias dos monges copistas, descobertas no trabalho de irrigação
feitos monges beneditinos e franciscanos, na astronomia por parte dos clérigos
jesuítas, onde foram eles que fizeram grande parte das descobertas de estrelas
e planetas, nomeando-as. Tal avanço não ocorreu nem de perto nas mesmas
proporcionalidades em países muçulmanos. A Igreja desde a escolástica provinha
de um ganho cultural e intelectual inestimável, ganho do qual hoje nós
ocidentais somos herdeiros, sejamos nós cristãos ou não.
6-
Hipocrisia reinante
Tudo isso
que falamos até o momento ocorreu do século VII ao século XV. Como dito no primeiro
tópico, tal era histórica, tinham outros parâmetros de moralidade, de
entendimento humano e religioso, para o povo medieval a morte era algo
esperado, não haviam hospitais, e tratamentos medicinais do qual hoje em dia
prolonga a vida de um homem por décadas a fio, a retidão moral era ensinada
desde o berço, a vida condizente com a fé professada era algo de honra
familiar. Aqueles homens e mulheres olhavam para Igreja com amor e temor, um
temor sadio.
Aquele povo
possuía outra maneira de olhar a fé, para eles ter fé, não era ir a missa fim
de semana, nem ter um terço no para-brisa do carro, a fé para aqueles homens
era motivo de esperança em uma vida melhor em uma eternidade. Por que digo tudo
isso? Eu explico.
Nossa
sociedade aprendeu a olhar para estes fatos históricos como sendo superiores
moralmente em comparação a sociedade medieval, tecendo julgamentos atrás de
julgamentos, como se fossemos um espelho de ética. Eu concordo que muito
evoluímos em algumas áreas, principalmente a tecnológica, e regredimos em
alguns conceitos morais, mas em alguns outros evoluímos, acredito ser de
extrema importância o respeito entre religiões, o conceito de liberdade de
expressão, respeito mutuo entre outros valores modernos que são louváveis. Mas,
no século onde essa evolução de respeito ao diferente, liberdade religiosa e de
expressão, nesta mesma época, houveram carnificinas de empilhar montanhas de
corpos, de colherem mares de sangue, tudo isso sabe quando? No século XI, XII?
Ou quem sabe estamos falando da era A.C? Não, eu estou falando do século
passado, século esse que a 16 anos atrás ainda fazíamos parte, Stephane
Courtois nos deu a conta de 100 milhões de mortos somente nesta era da
“racionalidade”.
Agora eu
questiono, com que autoridade professores comunistas tentam tecer julgamentos
morais sobre as cruzadas do século XII, e nem se quer falam dos milhões de
mortos pela a ideologia que eles defendem? Qual o sentimento moralístico se
encontra em um homem que julga acontecimentos do século XII ou XIII, alias séculos
para eles da “irracionalidade", dos "mitos", da
"religiosidade racionalmente infundada” e nem se quer lembram, que nó
século passado, Stalin estava mandando crianças desarmadas em batalhas contra
os alemães, que Che Guevara estava matando a rodo aqui na América Latina, que
Fidel Castro estava fuzilando milhares de pessoas, que Pol Pot estava
colecionando crânios. Eu estou falando do século que jurou ter vencido a
irracionalidade religiosa, ter matado Deus, a era do super-homem de Friedrich
Nietzsche, é nesta era onde se aboliu a terrível e opressora religião, que se
matou mais que idade média inteira, isto mesmo em 100 anos matou-se mais em
nome de uma ideologia (comunismo) que em 1000 anos em nome de uma fé. Vimos que
as cruzadas foi justificável, eu te questiono, qual a justificação que Stalin,
Pol Pot, Fidel Castro, Lênin e Mao Tse tiveram?
Por que
falam de inquisição e cruzadas, e não falam do comunismo assassino?
Conclusão.
Temos muito
mais a agradecer do que nos perdoar pelas cruzadas, obviamente os cruzados não
eram todos anjos, ou santos, houveram sim abusos, e muitos acabaram se
desviando do objetivo legitimo das cruzadas, mas longe de crermos em utopias de
em uma sociedade perfeita, de homens sem defeitos, admitimos que nem todos os
cruzados foram exemplos de cristãos, e por estes o São João Paulo II pediu
perdão. Mas se olharmos por cima, tendo um parâmetro geral, tivemos e temos
como reflexo daqueles heróis medievais muito mais a agradecer, se hoje somos
cristãos e temos a honra de adorar Jesus Cristo, é porque um dia lá trás homens
mulheres e crianças, tiveram a coragem de sangrar até a morte em honra de
Cristo, por isso de hoje em diante ao dobrar seus joelhos diante de Cristo,
lembre-se dos homens que morreram para que você pudesse ter tal honra.
Tal
batalha, perdurou por longo tempo, houveram aproximadamente 9 cruzadas, com
muitas baixas cristãs e maometanas, muitas batalhas perdidas, onde culminou a
ultima grande batalha, chamada de batalha de Lepanto ( 7 de outubro de 1571),
batalha esta travada nas águas, onde as tropas cristãs venceram e empurraram
para trás as tropas maometanas, finalizando assim séculos de batalhas.
OBS.
Aconselho que se busque ambas as opiniões, e que consultem os textos e livros
do doutor Thomas F. Madden.
Referências
bibliográficas utilizadas para construir o texto acima:
LE GOFF,
Jaques, Heróis e maravilhas da idade média, 2ª Edição. Petrópolis RJ, Vozes,
2005.
ROPS,
Daniel, III - A Igreja das catedrais e das cruzadas,2ª Edição, São Paulo SP,
Quadrante, 2012. História da Igreja de Cristo.
WOODS, Thomas
E. Jr, Como a Igreja católica construiu a civilização ocidental, 4ª Edição, São
Paulo SP, Quadrante, 2011.
COURTOIS,
Stéphane, et al. O livro negro do comunismo, Bertrand Brasil, 1999
© obvious: http://obviousmag.org/do_contra/2015/05/o-que-nao-nos-contaram-sobre-as-cruzadas.html#ixzz3ZeIyvtzP
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