Mitologia grega
Trabalho fadado ao fracasso
Sísifo, de Tiziano, 1549
Na mitologia grega, Sísifo, filho do rei Éolo,
da Tessália, e Enarete, era considerado o mais astuto de todos
os mortais.
Foi o fundador e primeiro rei de Éfira, depois chamada Corinto, onde governou por
diversos anos. Casou-se com Mérope, filha de Atlas, sendo pai
de Glauco e avô de Belerofonte.
Éolo
foi um dos filhos de Heleno, filho de Deucalião, e reinou sobre
a Tessália. Enarate era filha de Deimachus.
Éolo
e Enarete tiveram vários filhos: Creteu, Sísifo, Deioneu, Salmoneu, Atamante, Perieres, Cercafas e Magnes,
e filhas, Calice, Peisidice, Perimele, Alcione e Cânace.
Mestre da malícia e da felicidade, ele entrou
para a tradição como um dos maiores ofensores dos deuses.
Segundo Higino,
ele odiava seu irmão Salmoneu; perguntando a Apolo como ele
poderia matar seu inimigo, o deus respondeu que ele deveria ter filhos
com Tiro, filha de Salmoneu, que o vingariam. Dois filhos nasceram, mas
Tiro, descobrindo a profecia, os matou. Sísifo se vingou... e, por causa disso, ele recebeu como
castigo na terra dos mortos empurrar uma pedra até o lugar mais alto
da montanha, de onde ela rola de volta.
Segundo Pausânias,
ele tornou-se rei de Corinto após a partida de Jasão e Medeia;
nesta versão, Medeia não matou os próprios filhos por vingança, mas escondeu-os
no templo de Hera esperando que, com isso, eles se tornassem imortais.
Sísifo
casou-se com Mérope, uma das sete Plêiades, tendo com ela um
filho, Glauco.2 Ele também teve outros filhos, Ornitião, Tersandro e Almus.
Certa
vez, uma grande águia sobrevoou sua cidade, levando nas garras uma bela jovem.
Sísifo reconheceu a jovem Égina, filha de Asopo, um deus-rio. Mais
tarde, o velho Asopo veio perguntar-lhe se sabia do rapto de sua filha e qual
seria seu destino. Sísifo logo fez um acordo: em troca de uma fonte de água
para sua cidade, ele contaria o paradeiro da filha. O acordo foi feito e a
fonte presenteada recebeu o nome de Pirene.
Assim,
ele despertou a raiva do grande Zeus, que enviou o deus da Morte, Tânato,
para levá-lo ao mundo subterrâneo. Porém o esperto Sísifo conseguiu enganar o
enviado de Zeus. Elogiou sua beleza e pediu-lhe para deixá-lo enfeitar seu
pescoço com um colar. O colar, na verdade, não passava de uma coleira, com a
qual Sísifo manteve a Morte aprisionada e conseguiu driblar seu destino.
Durante
um tempo não morreu mais ninguém. Sísifo soube enganar a Morte, mas arrumou
novas encrencas. Desta vez com Hades, o deus dos mortos, e com Ares, o deus da
guerra, que precisava dos préstimos da Morte para consumar as batalhas.
Tão
logo teve conhecimento, Hades libertou Tânato e ordenou-lhe que trouxesse
Sísifo imediatamente para as mansões da morte. Quando Sísifo se despediu de sua
mulher, teve o cuidado de pedir secretamente que ela não enterrasse seu corpo.
Já
no inferno, Sísifo reclamou com Hades da falta de respeito de sua esposa em não
o enterrar. Então suplicou por mais um dia de prazo, para se vingar da mulher
ingrata e cumprir os rituais fúnebres. Hades lhe concedeu o pedido. Sísifo
então retomou seu corpo e fugiu com a esposa. Havia enganado a Morte pela
segunda vez.
Outra
história a respeito de Sísifo trata do ocorrido quando Autólico, o mais
esperto e bem-sucedido ladrão da Grécia (que era filho de Hermes e vizinho de
Sísifo), tentou roubar-lhe o gado. Autólico mudava a cor dos animais. As reses
desapareciam sistematicamente sem que se encontrasse o menor sinal do ladrão,
porém Sísifo começou a desconfiar de algo, pois o rebanho de Autólico aumentava
à medida que o seu diminuía. Sísifo, um homem letrado (teria sido um dos
primeiros gregos a dominar a escrita), teve a ideia de marcar os cascos de seus
animais com sinais de modo que, à medida que a res se afastava do curral,
aparecia no chão a frase "Autólico me roubou". Posteriormente, Sísifo
e Autólico fizeram as pazes e se tornaram amigos. Sísifo também seduziu Anticleia,
filha de Autólico, que mais tarde se casou com o rei de Ítaca, Laerte;
por este motivo, Odisseu é considerado, por alguns autores, como
filho de Sísifo.
Sísifo
morreu de velhice e Zeus enviou Hermes para conduzir sua
alma a Hades. No tártaro, Sísifo foi considerado um grande rebelde e teve um
castigo, juntamente com Prometeu, Tício,Tântalo e Íxion.
Sísifo recebeu esta punição: foi condenado a,
por toda a eternidade, rolar uma grande pedra de mármore com suas
mãos até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que ele estava quase
alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de
partida por meio de uma força irresistível, invalidando completamente o duro
esforço despendido.
Por
esse motivo, a expressão "trabalho
de Sísifo", em contextos modernos, é empregada para denotar qualquer tarefa que envolva esforços longos,
repetitivos e inevitavelmente fadados ao fracasso - algo como um infinito
ciclo de esforços que, além de nunca levarem a nada útil ou proveitoso, também
são totalmente desprovidos de quaisquer opções de desistência ou recusa em
fazê-lo.
Sísifo tornou-se conhecido por executar um
trabalho rotineiro e cansativo.
Tratava-se de um castigo para mostrar-lhe que os mortais não têm a liberdade
dos deuses. Os mortais têm a liberdade de escolha, devendo, pois, concentrar-se
nos afazeres da vida cotidiana, vivendo-a em sua plenitude, tornando-se
criativos na repetição e na monotonia.
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