Husna HaqDa BBC Travel
Todos nós
já ouvimos falar do Coliseu, da Grande Muralha da China e do Taj Mahal. Mas e
as maravilhas arquitetônicas ainda não descobertas pelas multidões?
Para tentar encontrar algumas dessas construções escondidas, recorremos
ao site de perguntas e respostas Quora.com, perguntando: "Quais são alguns
dos monumentos ricos arquitetonicamente menos conhecidos do mundo?". Veja
o que os internautas responderam.
Forte de Derawar, Bahawalpur, Paquistão
Em uma fortaleza de proporções monumentais, os 40 deslumbrantes bastiões
de Derawar se erguem sobre o deserto em uma formação impressionante. Juntos, os
muros do forte formam uma circunferência de quase 1,5 mil metros de diâmetro e
chegam a 30 metros de altura.
"É uma estrutura magnífica no meio do Deserto de Cholistão",
conta o internauta Faisal Khan. "Muitas pessoas não conhecem o Forte de
Derawar. Até mesmo muitos paquistaneses."
Isso ocorre provavelmente porque, para chegar à
fortaleza, os visitantes precisam contratar um guia com um carro 4x4 para
conseguir cumprir a viagem de um dia a partir de Bahawalpur, através do
deserto. Uma vez no forte, a entrada só é permitida com uma autorização
especial do amir, o líder local.
Palácio do Parlamento, Bucareste, Romênia
O maior e mais caro edifício governamental civil do mundo, o Palácio do
Parlamento é verdadeiramente uma maravilha desconhecida. "Construído pelo
odiado líder comunista Nicolae Ceausescu, o prédio é tão grande que é difícil
tirar uma foto que faça jus a sua escala", afirma o usuário do Quora Jann
Hoke, advogado que trabalhou no local em meados dos anos 90.
Erguido em 1984, o edifício em estilo neoclássico tem 12 andares (com
mais oito andares no subsolo), e cerca de 3,1 mil salas, em uma área de 330 mil
metros quadrados.
O projeto custou o valor sem precedentes de 3,3 bilhões de euros, mas
também tirou dos habitantes de Bucareste boa parte de sua cidade. Para ser
construído, um quinto da área central da capital foi demolido, inclusive vários
bairros históricos, mais de 30 igrejas e sinagogas e cerca de 30 mil casas.
"Os carpetes estampados do térreo, que cobrem centenas de metros de
corredores, foram tecidos dentro do edifício durante sua construção, pois seria
impossível trazê-los para o local depois de finalizado", conta Hoke.
Grande Mesquita de Djenné, Mali
Construída em 1907, a Grande Mesquita de Djenné é a maior estrutura de
argila do mundo, erguida quase que inteiramente com tijolos de barro queimados
pelo sol, areia e gesso e argamassa de barro.
É considerada uma das maiores realizações da chamada arquitetura
sudanesa e recebeu o título de Patrimônio Mundial da Unesco em 1988.
Os três minaretes da mesquita são decorados com folhas de palmeiras
amarradas, que também servem como degraus para os reparos anuais – uma tradição
que se tornou um festival local em abril e maio.
"Os verões brutais do Norte da África fazem o barro rachar e
enfraquecer ao longo dos anos", explica Abishek Lamba, usuário do Quora.
"Antes das chuvas, os locais se reúnem e cobrem o prédio inteiro com
argila de um lago seco".
Chand Baori, Abhaneri, Índia
Um dos monumentos mais esquecidos da Índia, o Chand Baori, no Rajastão,
é uma espetacular poço quadrado que desce por 13 andares, com paredes forradas
de escadas que se aprofundam por 30 metros até chegarem ao ponto mais baixo,
onde há uma piscina de águas verdes.
O estonteante labirinto de degraus simétricos "parece formar um
caminho infinito até o fundo da terra", descreve Vipul Yadav, no Quora.
Com seus 3,5 mil degraus, o Chand Baori é um dos "maiores e mais profundos
monumentos desse tipo no mundo".
Construído pelo rei Chanda, da Dinastia Nikumbha, entre os anos 800 e
900 a.C., o Chand Baori foi projetado para ser prático e, ao mesmo tempo,
bonito. Por causa da estrutura do poço, o fundo permanece mais fresco que a
superfície, algo fundamental na paisagem quente e árida do Rajastão.
Ponte Velha, Mostar, Bósnia e Herzegóvina
Se todo grande marco arquitetônico tem uma história, a Ponte Velha
(Stari Most, em bósnio) tem uma história de reviravoltas.
"A ponte foi construída com 456 blocos de uma pedra local em 1566
pelo arquiteto turco otomano Mimar Hajrudin", conta o internauta Haris
Custo. "Ela foi o coração da nossa cidade por 427 anos."
A Ponte Velha cruza o rio Neretva no centro histórico de Mostar. Com 4
metros de largura, 30 metros de comprimento e a uma altura de 24 metros, é um
dos monumentos mais famosos do país e um dos mais belos exemplos da arquitetura
islâmica nos Bálcãs.
Mas nos anos 90, a ponte foi destruída por forças bósnio-croatas durante
a Guerra da Bósnia. Depois do fim do confronto, a cidade começou sua
reconstrução. "Levou quase dez anos para tornar a ideia realidade, e em
julho de 2004, a nova 'Ponte Velha' foi inaugurada", lembra Custo.
Enquanto a ponte mudou desde sua reconstrução, uma longa tradição
perdura: os habitantes locais continuam saltando dali para cair nas águas
geladas do Neretva, exibindo sua coragem e suas habilidades.
Grande Muralha da Índia
"Todos nós já ouvimos falar da Grande Muralha da China, mas poucos
sabem que a Índia também tem a sua", diz Ayush Manu, no Quora.
A Grande Muralha da Índia, também conhecida pelo nome de Kumbhalgarh, é
a segunda maior muralha do mundo, atrás apenas da famosa construção chinesa.
Localizada no Rajastão, a edificação chega a ter 4,5 metros de espessura em
algumas áreas. Estende-se por 36 quilômetros e tem sete portões fortificados.
Rana Kumbha, um monarca local, encomendou a muralha em 1443 para
proteger sua fortaleza, situada em uma montanha próxima.
"Diz a lenda que, apesar de várias tentativas, a muralha não pode
ser concluída", conta Manu. "Finalmente, o rei consultou um de seus
conselheiros espirituais e ouviu que seria necessário um sacrifício. Um homem
ofereceu sua vida para que os demais pudessem se proteger. Hoje, o portão
principal fica onde seu corpo caiu e onde há um templo que abriga sua
cabeça."
A muralha foi estendida no século 19 e hoje protege
mais de 360 templos localizados em seu interior, mas continua sendo um tesouro
desconhecido na maior parte do mundo.
Mesquita do Xeque Lotfollah, Ispaã, Irã
A internauta Mona Khatam descreve a Mesquita do Xeque Lotfollah – uma
obra-prima da arquitetura safávida iraniana – como "um estudo da atenuação
harmoniosa".
Localizada na Praça de Naqsh-e Jahan, na cidade de Ispaã, a deslumbrante
e elegante mesquita foi construída entre 1603 e 1619 durante o reinado do Xá
Abas 1o. O templo é batizado em homenagem ao sogro do monarca, o xeque
Lotfollah, libanês e reverenciado estudioso do Islamismo.
A mesquita é singular por não ter minaretes ou um pátio central.
"Isso provavelmente se deve ao fato de a mesquita nunca ter sido
construída para uso público, mas sim para servir como local de rezas para as
mulheres do harém do xá", explica Khatam.
Por isso, para se chegar ao salão de rezas é necessário percorrer um
longo corredor subterrâneo e cheio de curvas. E a decoração da mesquita é
extraordinariamente requintada.
"O domo usa azulejos delicados que mudam de cor ao longo do dia, de
creme para rosa", descreve Khatam. "Dentro do santuário, você pode se
maravilhar com a complexidade dos mosaicos que enfeitam as paredes e o belo
teto, com seus motivos amarelos. Os raios de sol que atravessam as poucas
janelas de treliça produzem uma brincadeira constante entre as luzes e a
sombra."
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