Opinião
Por
José
Queiroz
O autor é guia de turismo
A
insatisfação dos empreendedores e profissionais de turismo com o baixo número
de visitantes em Salvador é geral, e as causas são conhecidas, mas não
solucionadas pelas instituições responsáveis: Ministério do Turismo, Ministério
da Cultura, Ministério das Cidades, Governo da Bahia e Prefeitura de Salvador.
E por um motivo muito simples: no Brasil, não há uma instituição voltada
exclusivamente para o ‘desconhecido’ Turismo Receptivo. O turismo interno ainda
não é reconhecido como uma atividade de peso econômico e constante, que fomenta
outras, e é administrado por políticos leigos que apenas ocupam cargos, e
defendem outros interesses de seus financiadores e partidos políticos.
Cabe ao
Ministério do Turismo coordenar políticas públicas que envolvam a atividade,
fiscalizar os investimentos e os resultados. O Ministério da Cultura é o
responsável pelos patrimônios da humanidade, o Pelourinho também recebe
dinheiro do Ministério das Cidades, e o governo da Bahia é o responsável local,
principalmente pela sua manutenção e segurança. À Prefeitura cabe manter a
acessibilidade, limpeza, a organização do comércio ambulante, etc. Em Salvador,
a Secretaria de Turismo é a responsável pelo setor, que é parte da economia do
município. Deveria pôr a Guarda Municipal para trabalhar no Centro Histórico e
nas praias!
Na verdade,
ninguém está trabalhando para recuperar o decadente turismo da cidade! Gestores
públicos não conhecem a realidade do setor, pois são assessorados por
operadores locais ou agentes de viagem do receptivo local que se tornaram
operadores, e que ganham dinheiro vendendo os resorts do Litoral Norte, Morro
de São Paulo e outros destinos. Ou ganham ocupando cargos públicos! Estes não
são afetados pela baixíssima frequência de turistas na capital, algo em torno
de 50% nos feriados, e muito menos durante a semana, o que não sustenta a
cadeia produtiva. Os grandes eventos que haviam sido captados para Salvador –
até 2018! – estão sendo cancelados!
É claro que
precisamos de aeroporto e centro de convenções, mas sem Pelourinho, hotéis e
segurança, ninguém vem! Os organizadores de eventos precisam de um atrativo, e
seguro! A desinformação geral sobre a importância do Centro Histórico para a
cidade é vergonhosa, principalmente porque sua elite econômica, acadêmica,
política e cultural, incluindo jornalistas, frequentam cidades antigas ao redor
do mundo. No entanto, se calam ante a destruição desse lugar e da atividade
turística, outrora intensa e responsável pela geração de milhares de emprego,
renda e crescimento cultural. Aliás, o Pelourinho, como está, reflete bem o
nível político, cultural e técnico da gestão pública no Brasil!
O turismo
da cidade precisa de mais trabalho de seus gestores e menos disputas políticas!
Uma desgraça no país! O governo do PT suspendeu a obra que estava em andamento
porque foi iniciativa do partido anterior, inventou uma nova reforma para
beneficiar seus apadrinhados, mas nem isto fez! Abandonou o lugar que é o
principal atrativo da região e condenou centenas de empreendedores e milhares
de trabalhadores à ruína, com o afastamento de baianos e turistas. A gestão de João Henrique na prefeitura foi
conivente e omissa, e a atual, de ACM Neto, não consegue trabalhar, assumir a
responsabilidade e a manutenção do Patrimônio da Humanidade, prerrogativas do
Governo da Bahia. Que não faz nem deixa fazer!
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