Por
Joaci Góes
Nas
circunstâncias mais adversas, é preciso ter frieza e sensibilidade para
identificar o que de positivo vem embutido nelas. Essa saudável prática conduz
a resultados surpreendentemente positivos, como sabem os pesquisadores, que
arrolam esses inesperados achados na poderosa categoria das denominadas
serendipitias.
Estamos
convencidos de que do bojo do tenebroso escândalo do Lava Jato o Brasil sairá
enriquecido com o muito que ganhará com algumas lições fundamentais.
A primeira
é a de que a condução, pelo Estado, de atividades que podem ser operadas pelo
setor privado conduz, mais cedo ou mais tarde, à ineficiência e à
improbidade.
A segunda é
que o discurso populista de prometer o céu na terra, leva ao desastre que tem
vitimado povos infelizes, como o cubano, o venezuelano, o equatoriano e os
demais do gênero. A Grécia, berço da Civilização Ocidental, é a vítima mais
conspícua desse voluntarismo aloprado e despreparado.
A terceira,
e mais importante, é a demonstração de vigor, sem precedentes na história
brasileira, de nossas instituições democráticas, apesar da juventude da
Constituição Cidadã, com apenas 27 anos incompletos de sua promulgação. Ao
impeachment de Collor, em 1992, seguiram-se episódios intermediários, até o
julgamento do Mensalão que mandou, pela primeira vez, à prisão, muita gente
graúda. Até, então, cadeia era coisa para pobres. Por isso se diz, com razão,
que o judiciário brasileiro se divide em duas fases distintas: antes e depois
do Mensalão. Inegavelmente, sem o altivo desempenho do Judiciário, naquele
momentoso episódio, dificilmente teríamos um juiz de primeiro grau, como Sérgio
Moro, atuando com a autonomia que é própria dos países do Primeiro Mundo,
realizando um trabalho ciclópico que tende a guindá-lo ao Panteão dos grandes
da Pátria, façanha que não seria possível sem uma Polícia Federal altiva e
operosa e um Ministério Público vigilante.
Neste instante, o País é sacudido pela troca de pesadas acusações
recíprocas entre algumas das personalidades do maior relevo à frente de poderes
chave, levando as pessoas, entre aflitas e temerosas, a perguntarem a cada
passo: - O que vai acontecer?
Penso que tudo transcorrerá dentro do arcabouço da Lei, com a punição dos faltosos, segundo o preceito de que ninguém está acima da lei, que será aplicada erga omnes, princípio elevado a dogma na Magna Carta inglesa, de 1215.
Penso que tudo transcorrerá dentro do arcabouço da Lei, com a punição dos faltosos, segundo o preceito de que ninguém está acima da lei, que será aplicada erga omnes, princípio elevado a dogma na Magna Carta inglesa, de 1215.
Quanto à
troca de acusações entre os poderosos, o povo brasileiro pode recorrer à lição
dos policiais de Nova Iorque, de Chicago e de outras áreas norte-americanas,
atormentadas pela ação da máfia: relaxar, ouvir música, tomar um chope,
enquanto assiste de camarote, à guerra entre gangues.
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