Publicado em sociedade por Dom Hildebrando
Muito além da religião, Francisco nos trouxe uma nova perspectiva de
liderança, mostrando a cada dia com suas palavras e principalmente com atitudes
transformadoras que o exercício da liderança pode ser mais simples do que se
parece quando temos humildade para servir e boa vontade com o outro.
Em março de
2013, após uma eleição histórica, o cardeal argentino Jorge Mario
Bergoglio se torna o 266º Papa da Igreja Católica, em substituição ao
papa emérito Bento XVI. Além de ser o primeiro latino-americano e
também o primeiro jesuíta, Bergoglio adotou um nome nunca antes usado por um
papa: Francisco.
Muito além
de questões religiosas, essa não se trata de uma análise
pautada em dogmas ou na reprodução de uma corrente ideológica. O objetivo é
trazer valorosas lições de liderança que podem ser aplicadas ao nosso
dia-a-dia e incentivadas através da figura de um dos homens mais
influentes do mundo: Francisco, o sacerdote que é Papa nas horas vagas.
1. Seja
Simples
A
simplicidade é uma grande virtude daqueles que lideram. A necessidade de
ostentar "poder" ou bens materiais como forma de afirmar uma falsa
superioridade termina por afastar as pessoas que deveriam somar com o trabalho
do líder. Arrogância e antipatia só contam negativamente para o seu histórico.
No caso de Francisco, a simplicidade foi uma das exigências ao assumir um
pontificado onde o tradicional trono dourado foi substituído por uma cadeira
simples de madeira. A cruz usada pelo papa continua sendo a mesma dos seus
tempos de cardeal (de metal), diferente das cruzes ornamentadas com diamantes e
rubis usadas pelos antecessores. O tapete vermelho também foi substituído como
um símbolo de que os seus pés devem estar sempre próximos do chão. Pode-se
perceber ainda mais claramente a mudança de postura no fato de Francisco não
ter aceitado usar a estola vermelha bordada a ouro também usada pelos papas
anteriores.
2.
Lembre-se de suas Origens
Um bom
líder é aquele que tem plena consciência de suas origens e sabe que a sua
liderança não será eterna, mas sim provisória. Todo cargo de liderança é como
um rito de passagem onde devemos extrair de nós mesmos o melhor, sempre em
favor daqueles que lideramos. Lembre-se: Você nem sempre esteve no topo, e
provavelmente nem sempre estará, então nunca despreze aqueles que estão lá para
auxiliá-lo. Francisco continua usando sob a batina as mesmas calças pretas,
para lembrar-se constantemente de que é apenas um sacerdote. Além do mais, faz
questão de cumprimentar todos aqueles que estão lá para recebê-lo e/ou
servi-lo, o que só reafirma que um cargo não faz e nem deve fazer de ninguém
superior a ninguém.
3. Frequente
as ruas, esteja entre as pessoas
Frequentar
as ruas talvez seja uma das atitudes mais nobres que um líder pode tomar. A
partir do contato direto com as pessoas e consequentemente com a realidade
delas, nos tornamos mais humanos e mais sensíveis aos problemas peculiares a
cada realidade social. Estar entre o povo é uma atitude que demonstra uma maior
afinidade entre o líder e as pessoas, a partir desse simples gesto é possível
construir um canal direto com o povo. Algumas pessoas constroem suas próprias
barreiras e alimentam sua própria impopularidade, evite isso. A sintonia do
Papa com as novas gerações tem sido algo extremamente positivo para reforçar o
dinamismo de quem exerce um papel de influência. Líderes inteligentes expandem
fronteiras.
4.
Reconheça os erros e minimize as diferenças
Somos todos
seres humanos, é inevitável que uma hora cometamos alguns erros. O modo como
nos portamos diante deles, porém, é o que define que tipo de líder nós somos.
Aquele que lidera para si mesmo, não se sente capaz de assumir os próprios
erros sem procurar culpados. O que lidera para os outros, no entanto, não
apenas assume os erros que são seus, assume também aqueles que não são advindos
do exercício de sua liderança. Em vários momentos do seu pontificado, o papa
tem pedido perdão por erros de um passado "negro" da Igreja Católica,
sempre reiterando a necessidade de aprender com esses erros afim de não
repeti-los. O papa é conhecido por querer aproximar e dar uma maior abertura na
Igreja para os homossexuais e os transexuais, em um nítido exemplo de compaixão
e principalmente de respeito ao próximo e às diferenças.
“Deus quer
bem a todos os seus filhos, sejam como forem, e tu és filho de Deus por isso a
Igreja aceita-te como és.” (Papa Francisco)
5. Motive
através da Participação
Muitas
vezes a falta de motivação é a principal responsável pelo fracasso de grandes
empreendimentos, e é um mal contagioso, porém de fácil solução. Um líder que
participa, não se restringindo apenas a estar nos holofotes, e que coloca
também a "mão na massa" é sempre um ponto positivo na motivação
daqueles que o cercam. É de fundamental importância também, que se trabalhe o
lado emocional das pessoas... Muitas vezes não atentamos para o fato de que
cada pessoa tem o seu ritmo de trabalho, nesse caso, cobranças exageradas podem
servir como um fator de frustração ao invés de incentivo. Francisco tem
procurado conversar com o povo afim de saber o que lhes incomoda, sempre
procurando passar a ideia de que todos fazem parte de algo maior do que si
próprios.
6. Lidere
com Humildade e Boa Vontade
Quando nos
propomos a agir com boa vontade, preservamos a nós mesmo do peso que traz
consigo a "obrigação de ter que fazer". Transformamos algo impositivo
em algo prazeroso. É assim que deve agir o líder dos outros, deve ter a
humildade necessária para ajudar aqueles que o seguem e que o procuram em busca
de algum conforto (mas não somente a estes), sem cair no velho erro de
deixar-se levar pela vaidade. É necessário saber captar a verdadeira essência
das pessoas. Pessoas são naturalmente instáveis, afinal de contas, quem nunca
se sentiu no fundo do poço ou pior pessoa do mundo?
Na imagem,
Francisco acaricia o rosto de um homem que sofre de uma doença rara. Ele abraça
o rapaz, e posteriormente beija o seu rosto, oferecendo-lhe uma oração. O homem
buscava por um conforto, e foi isso que o papa lhe proporcionou sem pensar duas
vezes.
7. Quem sou
eu para julgar?
No mundo em
que vivemos, é certo que nem todos têm as mesmas oportunidades de crescer e/ou
de chegar aonde se almeja. Muitos caminhos percorridos, muitas escolhas feitas
e muitas ainda por fazer, assim é a vida. O líder age através do exemplo, ele
sabe que não cabe a ele o papel de julgar quais os erros ou caminhos que
levaram determinada pessoa a estarem em determinada situação. O líder benevolente
é compreensivo, e oferece ajuda sempre que possível. Ele agrega, pois entende
que todos tem a sua importância e o seu papel a desempenhar na construção de um
projeto.
Na imagem,
Francisco convida um grupo de sem-teto, um deles na companhia de seu cachorro,
para tomar café com ele no dia de seu aniversário, como um gesto que simboliza
que todos são e sempre serão bem vindos.
Por fim,
reitero que a figura de Francisco tem sido diretamente responsável pelo resgate
da fé de muitas pessoas na bondade humana, assim como na capacidade de
transcendermos as barreiras da religião na luta pelo RESPEITO e
pelo AMOR AO PRÓXIMO. Não só para os católicos, as lições de HUMANIDADE e
de LIDERANÇA do papa são um verdadeiro PATRIMÔNIO DA
HUMANIDADE.
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