sábado, 11 de julho de 2015

O ROMANCE D. QUIXOTE DE LA MANCHA – DE MIGUEL DE CERVANTES

Literatura

Miguel de Cervantes

Enredo e análise da obra que fez gerar o gênero romanesco


Quixote de La Mancha (Don Quijote de la Mancha em castelhano) é um livro escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes y Saavedra(1547-1616).
O título e ortografia originais eram El ingenioso hidalgo Don Quixote de La Mancha, O engenhoso fidalgo D. Quixote de La Mancha, com sua primeira edição publicada em Madrid no ano de 1605. É composto por 126 capítulos, divididos em duas partes: a primeira surgida em 1605 e a outra em 1615. A coroa espanhola patrocinou uma edição revisada em quatro volumes a cargo de Joaquín Ibarra. Iniciada em 1777 concluiu-se em 1780 com tiragem inicial de 1600 exemplares.


O livro surgiu em um período de grande inovação e diversidade por parte dos escritores ficcionistas espanhóis. Parodiou os escritos sobre cavalaria que gozaram de imensa popularidade no período e, na altura, já se encontravam em declínio. Nesta obra, a paródia se apresenta uma forma invulgar. O protagonista, já de certa idade, entrega-se à leitura desses escritos, perde o juízo, acredita que tenham sido historicamente verdadeiros e decide tornar-se um cavaleiro andante. Por isso, parte pelo mundo e vive o seu próprio romance de cavalaria. Enquanto narra os feitos do Cavaleiro da Triste Figura, Cervantes satiriza os preceitos que regiam as histórias fantasiosas daqueles heróis. A história é apresentada sob a forma de novela realista.




É considerada a grande criação de Cervantes. O livro é um dos primeiros das línguas europeias modernas e é considerado por muitos o expoente máximo da literatura espanhola. Em princípios de maio de 2002, o livro foi escolhido como a melhor obra de ficção de todos os tempos. A votação foi organizada pelo Clubes do Livro Noruegueses e participaram escritores de reconhecimento internacional.

Rota percorrida por D. Quixote

O protagonista da obra é Dom Quixote, um pequeno fidalgo castelhano que perdeu a razão por muita leitura de escritos de cavalaria e pretende imitar seus heróis preferidos. O romance narra as suas aventuras em companhia de Sancho Pança, seu fiel amigo e companheiro, que tem uma visão mais realista. A ação gira em torno das três incursões da dupla por terras de La Mancha, de Aragão e de Catalunha. Nessas

D. Quixote, Dulcineia e Sancho Pança, fiel escudeiro

incursões, ele se envolve em uma série de aventuras, mas suas fantasias são sempre desmentidas pela dura realidade. O efeito é altamente humorístico. O encanto da obra nasce do descompasso entre o idealismo do protagonista e a realidade na qual ele atua. Cem anos antes, Quixote teria sido um herói a mais nas crônicas ou romances de cavalaria, mas ele havia se enganado de século. Sua loucura residia no anacronismo. Isso permitiu ao autor fazer uma sátira de sua época, usando a figura de um cavaleiro medieval em plena Idade Moderna para retratar uma Espanha que, após um século de glórias, começava a duvidar de si mesma.

D. Quixote e Sancho Pança (ilustração de Gustave Doré)

O livro é estruturado em duas partes, a primeira maneirista, enquanto a segunda é mais barroca. Enquanto a primeira parte da obra deixa a impressão de liberdade máxima, a segunda parte produz a sensação constante de nos encontrarmos encerrados em limites estreitos. Essa sensação é sentida mais intensamente quando confrontada com a primeira parte. Se anteriormente, a ironia era, sobretudo, uma expressão amarga da impossibilidade de dar realidade a um ideal, com a segunda parte nasce muito mais da confrontação das formas da imaginação com as da realidade. Cervantes dá a sua própria definição da obra: "orden desordenada (...) de manera que el arte, imitando à la Naturaleza, parece que allí la vence". O processo adotado por Cervantes - a paródia - permite dar relevo aos contrastes, através da deformação grotesca, pela deslocação do patético para o burlesco, fazendo com que o burlesco apague momentaneamente a emoção, estabelecendo um entrelaçado espontâneo de picaresco, de burlesco e de emoção. O conflito surge do confronto entre o passado e o presente, o ideal e o real e o ideal e o social.


Dom Quixote e Sancho Pança representam valores distintos, embora sejam participantes do mesmo mundo. É importante compreender a visão irônica que o romancista tem do mundo moderno, o fundo de alegria que está por detrás da visão melancólica e a busca do absoluto. São mundos completamente diferentes. Sancho Pança o fiel escudeiro de Dom Quixote é definido por Cervantes como "Homem de bem, mas de pouco sal na moleirinha". É o representante do bom senso e é para o mundo real aquilo que Dom Quixote é para o mundo ideal. Por fim, a história também é apresentada sob a forma de novela (romance) realista: ao regressar a seu povoado, Dom Quixote percebe que não é um herói, que não há heróis.

Homenagem filatélica pelo correio soviético em 1966.

As figuras de D. Quixote, de Sancho Pança e do cavalo de Dom Quixote, Rocinante, rapidamente conquistaram a imaginação popular. No entanto, os críticos contemporâneos da obra não a levaram tão a sério como as gerações posteriores. No século XVII, por exemplo, considerou-se que o romance continha em si pouco mais que o tom de bom humor e de diversão, com Dom Quixote e Sancho Pança a encarnarem respectivamente o grotesco e o pícaro. O século XVIII foi pródigo em elogios a D. Quixote, não só na Espanha e em Portugal, como também por parte de grandes românticos do centro da Europa.


Na história do romance moderno, o papel de Dom Quixote é reconhecido como seminal. A evidência disso pode ser vista em Daniel Defoe, em Henry Fielding, em Tobias Smollett e Laurence Sterne e, também, em personagens criadas por alguns romancistas clássicos do século XIX, como é o caso de Walter Scott, de Charles Dickens, de Gustave Flaubert, de Benito Pérez Galdós, de Herman Melville e de Fiódor Dostoiévski. O mesmo acontece no caso de alguns autores pós-realistas do século XX, como James Joyce e Jorge Luis Borges. Dom Quixote provou ser uma notável fonte de inspiração para os criadores em outros campos artísticos. Desde o século XVII que se


têm realizado peças de teatro, óperas, composições musicais e bailados baseados no Dom Quixote. No século XX, o cinema, a televisão e os cartoons inspiraram-se igualmente nesta obra. Dom Quixote inspirou ainda artistas como William Hogarth, Francisco Goya, Honoré Daumier, Vasco Prado e Pablo Picasso.


Fonte: Wikipédia

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