J. Domingues
Designer
Gráfico por profissão. Ilustrador por vocação. Escritor por paixão pura!.
Publicado por José Domingues
Se você gosta de ler livros, nada
o impede de escrever um. Que tal começar agora?
Há alguns anos, sempre que podia, eu me
pegava datilografando numa pequena Olivetti Lettera 32, herdada de
meu pai. Apesar viver na época dos computadores, dos tablets e laptops, eu
datilografava apenas por capricho.
A incapacidade de voltar atrás, nos erros,
era a principal diferença, pois, não existiam as teclas Ctrl+Z. Nos
computadores, tal opção acomoda e nos dá a falsa segurança de que, podemos
sempre corrigir nossos erros. Conceito inválido. Se fosse verdade não haveriam
tantas falhas ortográficas na maioria dos textos, hoje em dia. A consciência de
que não podíamos vacilar, na datilografia, consequentemente, afinava a nossa
capacidade de atenção naquilo que escrevíamos, reduzindo, dessa forma, a
incidência de palavras incorretas.
Foi vivenciando os prazeres dessa máquina do
tempo que adquiri o hábito de escrever longos textos e, mais tarde, o interesse
em narrar contos literários. Mas, tal inclinação não seria possível se, nas
tardes chuvosas, não mergulhasse nas histórias de Marcos Rey e outros autores
da Coleção Vaga-Lume. Se não viajasse no mundo de Monteiro Lobato e não
aprendesse o sentido da palavra: “Pirlimpimpim” e, se não
tivesse lido as inúmeras aventuras do belga Hercules Poirot, dos romances
policiais da escritora inglesa, Agatha Christie.
Livros à parte, foi o hábito prazeroso da
leitura que despertou minha paixão pelos romances e contos. Gostar de ler é um
fator imprescindível que forma os escritores em geral. Não existem conceitos ou
normas na atividade de ler. A voz que sai dos livros é silenciosa e, o grau de
intensidade é ajustado de acordo com a emoção vivenciada no trama.
Com essa filosofia em mente, acabei
escrevendo um romance despretensioso, porém, construído em cima de bases
sólidas. A partir de uma matéria verídica, postada numa revista científica, que
narrava um acontecimento curioso, ocorrido no Segundo Reinado, acabei
elaborando uma teoria de conspiração que nos remete aos contos de Dan Brown,
isso por aliar fatos reais à ficção.
No início achei bastante improvável romancear
aquele acontecimento, porém, com o passar dos anos, a ideia floresceu,
amadurecendo de forma bastante curiosa. Uma antiga máquina de escrever, aliada
ao gosto pela leitura de bons livros, foram os principais ingredientes que me
deram motivação para escrever algo. Modéstia à parte, ainda tenho muita
caminhada pelo mundo das palavras e, não tenho pressa!
Sou brasileiro, nascido num país que não
valoriza a leitura, onde apenas 24% da população possui o hábito de ler livros
e, 85%, prefere a ociosidade diante da televisão!
A estatística acima é triste e, desanima
qualquer aspirante a escritor, se for levado em consideração o retorno
financeiro. Ser escritor, no Brasil é, pois, antes de tudo, uma atividade
despretensiosa. É participar de uma corrente voluntária que contribui com
letras e palavras, com a nobre intensão de entreter e alimentar o espírito das
pessoas nesse mundo tão conturbado.
Ser escritor é gritar silenciosamente por
meio de seus livros, buscando resgatar nas pessoas, o prazer de ler e, com a
leitura, torná-las mais livres e, conscientes de sua humanidade. É tentar tirar
nossos jovens das telas frias de seus computadores que, com seus turbilhões de
informações fúteis, apenas aprisionam e escravizam a mente. Ler um livro é,
sentir-se livre. Escrever é, portanto, viver essa liberdade!
“Sou de opinião que, quando um leitor
mergulha no livro que um escritor escreveu, ele está enveredando por um
território sem fronteiras; nunca sabe direito até onde está indo atrás da
própria imaginação, ou em que ponto começou a seguir a imaginação do escritor.”
(Lygia Bojunga)
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