Zoe
GoughDa BBC Earth
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As iguanas e seus parentes
próximos, da família dos iguanídeos, representam um dos mais diversificados
grupos de lagartos do mundo, com mais de 1,7 mil espécies.
Já
as espécies com dentes que nascem do lado interno do maxilar (pleurodontes)
dominam o Novo Mundo (as Américas do Sul e do Norte), assim como a ilha de
Madagascar e algumas localidades do Pacífico, e incluem as iguanas.
Mas
as origens desses dois grupos e sua distribuição distinta continuam a ser
motivos de debate entre cientistas. O fato de haver poucos fósseis desse
período evolucionário da ordem dos escamados (Squamata, da qual fazem parte os
lagartos e as serpentes) apenas dificulta a solução das dúvidas.
Agora, uma espécie extinta inédita
descoberta no Brasil sugere que ambos os grupos de lagartos eram encontrados em
todo o mundo.
Paleontológos da Universidade de Alberta, no
Canadá, em colaboração com profissionais da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), encontraram o fóssil da iguana, batizada de Gueragama sulamericana, perto da cidade de Cruzeiro do Oeste
(PR), uma região de rochedos que no período Cretáceo abrigou um deserto, há
mais de 80 milhões de anos.
Explicando Pangeia
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Adriano KuryImage captionLagartos são divididos em
subgrupos segundo posição de seus dentes
Este
é o primeiro lagarto acrodonte encontrado na América do Sul, o que mostra que
esse grupo de répteis estava mais espalhado pelo subcontinente Pangeia, formado
há 270 milhões de anos e desmantelado há cerca de 200 milhões de anos, do que
se pensava.
"Este fóssil é um espécime de 80 milhões de
anos de um acrodonte no Novo Mundo", afirma Michael Caldwell, um dos
autores do estudo, publicado na revista científica Nature Communications.
"Trata-se
de um elo perdido em termos de paleobiogeografia, e possivelmente para as
origens do grupo. Portanto temos nas mãos um ótimo indício para sugerir que no
período Cretáceo Inferior, a parte sul de Pangeia ainda era um bloco
continental único."
A
distribuição de plantas e animais da segunda metade do período reflete a
ancestralidade de Pangeia quando o subcontinente ainda estava inteiro.
"Esse
fóssil indica que o grupo é antigo e provavelmente tem origem no sul de
Pangeia. É possível que, após a ruptura do subcontinente, os acrodontes
dominaram o Velho Mundo e os iguanídeos surgiram fora dessa linhagem de
acrodontes que foi deixada isolada na América do Sul", afirma Caldwell.
"A
América do Sul se manteve isolada até cinco milhões de anos atrás, quando se
uniu à América do Norte. E vemos essa troca de organismos entre as duas
extremidades do continente: um lagarto do Velho Mundo no Novo Mundo em uma
época que não esperávamos encontrar nada parecido. Ele responde a várias dúvidas
sobre a origem dos iguanídeos", afirma o cientista.
Para
o principal autor do estudo, Tiago Simões, a descoberta também leva a novos
questionamentos. "Surgem novas perguntas sobre a biogeografia e a fauna
que são de grande interesse para paleontólogos e herpetologistas e que
esperamos responder em breve", diz.
Agora
que os estudiosos estabeleceram que esse grupo de répteis evoluiu bem mais cedo
do que se pensava, é preciso agora procurar por fósseis em formações rochosas
ainda mais antigas.
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