Artigo da autoria de Danilo Corci, Revista Speculum.
O historiador inglês Donald
Sasson no livro “Mona Lisa” faz um levantamento histórico das razões que
levaram o quadro de Da Vinci a se tornar a maior referência em obras de artes
que o mundo já viu.
Pense rapidamente, qual é a pintura mais
famosa do mundo? Segundo uma pesquisa realizada na Itália, a Mona Lisa de
Leonardo Da Vinci ganha disparada de qualquer outro, com mais de 73% de
lembrança espontânea. Se isso é até que relativamente fácil de entender, o nó
da questão reside justamente no por quê?
Este último ponto é a grande questão levantada pelo historiador inglês Donald Sasson no livro “Mona Lisa” (editora Record). Em suas 285 páginas de texto efetivo, ele faz um levantamento histórico das razões que levaram o quadro de Da Vinci a se tornar a maior referência em obras de artes que o mundo já viu.
Sasson começa da imigração de Leonardo para a
França, onde ficou sob tutela da corte real e ali desenvolveu seus trabalhos.
Com investigações feitas a partir de textos
O autor também aproveita para levantar a
questão da identidade da modelo de Da Vinci - são inúmeras teorias - e o seu
enigmático sorriso, que se tornou tão importante quanto à própria pintura.
Diante do vulto de Mona Lisa, Sasson vê a diluição do pintor renascentista, que
vira menos “famoso” do que sua arte, coisa muito difícil de acontecer,
principalmente no mundo atual de grifes. Também compara a histeria coletiva a
favor de Leonardo Da Vinci diante de outros gênios, como Rafael e Michelangelo.
Dentro deste universo recheado de idas e
vindas, a criação de um mito popular vai sendo revelada. De seu uso na
publicidade, de sua participação na arte moderna, como as inúmeras intervenções
de artistas como Marcel Duchamp e Fernando Botero, Mona Lisa guarda inúmeras
peculiaridades, como a prisão de André Breton após o roubo da pintura e o poeta
resolveu entregar outros objetos furtados do Louvre, na França, que estavam em
seu poder.
O que Donald Sasson narra, na verdade, é o
efeito estético que a obra de arte pode causar e sua apropriação por outros
suportes que transformam uma pintura em imaginário coletivo. Analisa também a
negação pela chamada “alta cultura” de um objeto tornado popular. Uma discussão
muito interessante em épocas de mundo globalizado.
Origem:
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