Fenômeno
natural
Marcia
CarmoDe Buenos Aires para a BBC Brasil
O terremoto
ocorrido no Chile em meados deste mês, seguido por um tsunami, teve outros
efeitos além da destruição, dos alagamentos e da morte de pelo menos 15
pessoas: fez desaparecer uma praia.
Segundo Gabriel González, geólogo do Centro Nacional de Pesquisas de
Desastres Naturais chileno e professor da Universidade Católica do Norte, de
Antofagasta, isso ocorreu porque o terremoto e o tsunami retiraram areia do
mar, expondo rochas.
"A terra afundou cerca de 20 a 25 centímetros, levando a água a
avançar para onde antes havia praia", disse González à BBC Brasil.
Por causa do afundamento, explicou, a água avançou, mas não retrocedeu
no local. O mar cobriu toda a área de areia e chegou até a base do calçadão que
ficava à beira da praia, unindo-se a um rio local. Ou seja: adeus sombrinhas e
guarda-sóis.
"A praia de Socos, que tinha cerca de dois quilômetros não existe
mais. Outra praia deve ser formada por ali, mas só em alguns anos", disse.
Os moradores e a imprensa chilena se referem agora ao local como
"ex-praia Socos". A cidade está localizada a cerca de 50 km ao sul da
famosa La Serena, uma das praias mais frequentadas por chilenos e argentinos no
verão.
O terremoto registrou magnitude 8,4, provocando ondas de mais de quatro
metros de altura.
González afirmou que, desde o terremoto de 1960, na vizinha Valdívia,
quando um tsunami destruiu um bosque cujas árvores jamais voltariam a crescer,
não se via um efeito como o ocorrido na praia de Socos.
O país tem um histórico de devastação causada por terremotos e tsunamis
arrasadores, como o de Valdívia, em maio de 1960, e o ocorrido nas proximidades
de Concepción, em fevereiro de 2010, matando mais de 500 pessoas.
O país vem fortalecendo sua infraestrutura com construções
antissísmicas, apropriadas para amenizar os efeitos dos tremores – o que
ajudaria a explicar o menor número de mortos no terremoto mais recente.
No entanto, arquitetos chilenos criticam o fato de a orla do país
continuar sendo ocupada por casas de veraneio, mesmo com os perigos de tsunami
após tremores como o do dia 16.
Nenhum comentário:
Postar um comentário