Dança
27 sete anos de
balé
Foto: Balé Folclórico
da Bahia / Foto divulgação.
Há 20 anos,
um grupo de danças folclóricas saído de Salvador conquistava o público do
Festival de Joinville ao dançar em homenagem aos 100 anos da abolição dos
escravos. O sucesso da então apresentação única dentro da programação do
festival rendeu uma pequena turnê por Santa Catarina, além do batismo do grupo
que oficialmente completou 27 anos neste ano de 2015: Balé Folclórico da
Bahia
As quase três décadas de história do Balé começaram
pelas mãos de Walson Botelho e Ninho Reis, os fundadores. Eles haviam sido colegas no grupo de danças
folclóricas Viva Bahia, um dos mais famosos dentro e fora do país na década de 80. Em 1985,
Walson – o Vavá – saiu da companhia para terminar a faculdade de
Antropologia. Formado, recebeu muitos convites para
voltar ao mundo da dança, mas a ideia do que mais tarde se tornaria o Balé
Folclórico já começava a tomar conta da cabeça de Vavá. “Muitos amigos me
chamaram para trabalhar, mas meu objetivo não era aquele. Eu sonhava com a
profissionalização do trabalho de bailarino”, lembra o coreógrafo. A
oportunidade apareceu em 1988, quando uma grande empresa o contratou para que
realizasse um show com danças folclóricas. “A partir dali não paramos mais, foi
um show atrás do outro. Fomos juntando o que tínhamos de melhor e, em algum
tempo, já podíamos nos manter apenas com os cachês. E foi nesse contexto que
surgiu o convite para ir a Joinville”, conta Vavá, orgulhoso. “Lá foi um teste
para nós, se desse errado eu pararia por ali”. A empreitada deu certo e de lá
pra cá o Balé Folclórico da Bahia recebeu inúmeros prêmios nacionais e
internacionais.
Mas o caminho não foi sempre tão simples. Até 1994, o BFB teve dificuldades
para encontrar espaços para se apresentar no circuito comercial justamente por
basear seu trabalho na dança folclórica baiana. “Foi uma época em que o
folclore estava desgastado em todo o mundo, o público já estava saturado, tudo
o que existia era muito igual. Só conseguíamos participar de festas culturais.
Até que o Guy Darmet (diretor da Bienal de Lyon) veio a Bahia, nos conheceu e nos convidou para participar do
festival”, recorda Vavá. Novamente as portas se abriram para o Balé.
Hoje, o grupo conta com uma equipe de 40 pessoas –
entre bailarinos, músicos e técnicos – e um currículo comparável ao de uma
companhia clássica. “Nosso trabalho
é diferente porque conseguimos aliar o que há de
mais puro da cultura folclórica tradicional a uma linguagem contemporânea”,
explica o coreógrafo e diretor do BFB. Essa mistura entre tradicional e
contemporâneo a que Vavá se refere é visível no palco e resultado de muito
trabalho de pesquisa aliado a aulas para melhorar a técnica. “Dou o maculelê
como exemplo. É uma dança típica dos escravos que trabalhavam na
cana-de-açúcar, com movimentação violenta e movimentos bem característicos. No
Balé, nós fazemos esses movimentos característicos mas com incremento técnico,
aliamos a técnica sem perder a dança tradicional. Não vejo essa evolução em
outros grupos”, afirma ele.
Para alcançar essa técnica, os bailarinos se dividem entre ensaios e aulas oito
horas por dia, de segunda-feira a sábado. Eles têm aulas de balé, dança
contemporânea, dança moderna, dança afro-brasileira, capoeira e o que mais for
necessário para a composição de um novo trabalho. “O bailarino que se forma
aqui está apto a dançar em companhias de qualquer outro estilo”, orgulha-se
Vavá.
Origem: Wikidança.net
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