Economia e finanças
Fonte: Blog
de Josias de Souza
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Especialista em contas públicas, Everardo Maciel,
ex-secretário da Receita Federal, reagiu com ceticismo ao anúncio das
novas providências fiscais do governo. “Nessa matéria, a
questão central envolve credibilidade”, disse. “Sem credibilidade não tem
salvação. Na semana passada, o governo enviou ao Congresso um Orçamento com
déficit de R$ 30,5 bilhões para 2016. E disse que não tinha outro jeito. Agora,
encontrou um jeito. Quando você diz uma coisa que não é, você está morto.”
Sob
Dilma, diz Everardo, a dificuldade é potencializada pelo fato de Dilma Rousseff
tentar consertar problemas que foram criados por ela mesma, no primeiro
mandato. “É difícil pedir agora que acreditem na solução apresentada por uma
pessoa desprovida de credibilidade e vista como incompetente. A situação da
presidente já esteve mais fácil.”
Everardo
ironizou a “travessia” proposta por Dilma. “Ela vai de um polo ao outro sem
passar pelo Equador. Para fazer uma travessia assim, tão ambiciosa, convém se
aconselhar com Moisés. Ele sofreu muito para fazer a travessia.”
A
situação do governo piorou, acredita Everardo, em função do vaivém. Para ele, o
Planalto tentou chantagear o Congresso ao enviar o Orçamento deficitário.
“Quando disseram que não tinha jeito de cortar mais despesas, eu disse: tem,
sim. Sempre tem jeito de cortar. O Congresso devolveu o abacaxi. E fez muito
bem. Depois que o país perdeu o grau de investimento, o governo acabou fazendo
novos cortes. Não foi uma movimentação que possa ser qualificada como
inteligente.”
Coletor
da antiga CPMF como secretário da Receita no governo FHC, Everardo disse que a
recriação do tributo “é a solução menos pior desde que não haja possibilidade
de fazer mais cortes.” Ele enumerou as vantagens da CPMF: “É menos dolorosa,
universal e produz efeitos imediatos por ser fácil de cobrar.” Recordou que os
brasileiros mais pobres eram isentos.
Acha que as medidas serão aprovadas no Congresso?,
perguntou o blog a Everardo. E ele,
evocando Garrincha: “Isso vai depender dos russos. É preciso verificar como
reagirão os russos, dentro e fora do Congresso. No Congresso, o pessoal só fala
russo. E o contingente de russos no Legislativo é notável.” De resto, Everardo
afirmou que “os russos” não costumam reagir bem a governos sem unidade. “Numa
guerra como essas, não é possível que o ministro ‘A’ diga uma coisa e o
ministro ‘B’ diga o seu oposto.”
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