Literatura
Um filósofo populista
que levou a vida a contar histórias
Ele é considerado um filósofo e sábio populista, lembrado por suas histórias engraçadas e anedotas. Ele
aparece em milhares de histórias, às vezes espirituoso, às vezes sábio, mas
muitas vezes, também, um tolo ou o alvo de uma piada. Uma história Nasreddin
geralmente tem um humor sutil e uma natureza pedagógica. A festa
internacional de Nasreddin Hodja é celebrada entre 05-10 julho em sua cidade
natal a cada ano.
As histórias de Nasreddin são conhecidas em todo o
Oriente Médio e tocaram as culturas ao redor do mundo. Superficialmente, a
maioria das histórias de Nasreddin podem ser ditas como piadas ou anedotas de
humor.
Elas são contadas e recontadas eternamente em casas
de chá e caravançarás da Ásia e podem ser ouvidos nas casas e nos rádios. Mas é
inerente a uma história de Nasreddin que pode ser entendida a vários níveis.
Não é a piada, seguido por uma moral e, geralmente, o pequeno extra que traz a
consciência do potencial místico um pouco mais sobre a forma de realização.
Eis algumas histórias de Nasrudin:
Passeio de Barco
Nasrudim às vezes levava as pessoas para
viajar em seu barco. Um dia, um pedagogo exigente contratou-o para
transportá-lo ao outro lado de um rio muito largo. Assim que se lançaram à
água, o sábio perguntou-lhe se faria mau tempo.
- Não me pergunte nada sobre isto - disse Nasrudim.
- Você nunca estudou gramática ?
- Não
- Neste caso, metade de sua vida foi desperdiçada."
O Mulla não disse nada. Logo desabou uma terrível tempestade. O pequeno e
desorientado barco de Mulla começou a encher de água. Ele se inclinou para o
companheiro.
- Alguma vez você aprendeu a nadar ?
- Não – respondeu o pedante.
- Neste caso, caro mestre, toda sua vida foi desperdiçada, pois estamos
afundando.
Desejos
A festa reuniu todos os discípulos de Nasrudin. Comeram e beberam durante
muitas horas, sempre a conversar sobre a origem das estrelas e dos propósitos
da vida. Quando já era quase de madrugada, preparavam-se todos para voltar para
as suas casas. Restava um belo prato de doces sobre a mesa. Nasrudin obrigou os
seus discípulos a comê-lo. Um deles, porém, recusou:
- O mestre está-nos a testar. Quer ver se conseguimos controlar os nossos
desejos.
- Estás enganado. A melhor maneira de dominar um desejo é vê-lo satisfeito.
Prefiro que vocês fiquem com o
doce no estômago do que no pensamento, que deve ser usado para coisas mais
nobres.
Nasrudin e o Ovo
Certa manhã, Nasrudin colocou um ovo embrulhado num lenço, foi para o meio da
praça da sua cidade, e chamou aqueles que estavam ali.
- Hoje vamos ter um importante concurso! A quem descobrir o que está embrulhado
neste lenço eu dou de presente o ovo que está dentro!
As pessoas se olharam, intrigadas, e responderam:
- Como podemos saber? Ninguém aqui é capaz de fazer esse tipo de previsões!
Nasrudin insistiu:
- O que está neste lenço tem um centro que é amarelo como uma gema, cercado de
um líquido da cor da clara, que por sua vez está contido dentro de uma casca
que se parte facilmente. É um símbolo de fertilidade, e lembra-nos dos pássaros
que voam para seus ninhos. Então, quem é que me pode dizer o que está aqui
escondido?
Todos os habitantes pensavam que Nasrudin tinha nas suas mãos um ovo, mas a
resposta era tão óbvia, que ninguém resolveu passar vergonha diante dos outros.
E se não fosse um ovo, mas algo muito importante, produto da fértil imaginação
mística dos sufis? Um centro amarelo podia significar algo do sol, o líquido em
seu redor talvez fosse um preparado alquímico. Não, aquele louco estava a
querer fazer alguém passar por ridículo. Nasrudin perguntou mais duas vezes, e
ninguém respondeu.
Casamento
Nasrudin estava proseando com um conhecido,
que lhe indagou:
- Mullah, responda-me, você nunca pensou em se casar?
- Sim, claro que já. Quando eu era jovem, determinei-me a achar o meu par perfeito.
Cruzei o deserto,
cheguei a Damasco, e conheci uma mulher belíssima e espiritualmente muito evoluída; mas
as coisas triviais, do dia a dia, a atrapalhavam.
Mudei de rumo e lá estava eu, em Isfahan; ali pude conhecer uma mulher com dom
para as coisas materiais, da vida caseira, e, além disso, se mostrou muito
espiritualizada. Porém, carecia de beleza física. Pensei: o que fazer?
E resolvi ir ao Cairo. Lá cheguei e logo fui apresentado a uma linda jovem, que
também era religiosa, boa cozinheira e conhecedora dos afazeres do lar. Ali
estava a minha mulher ideal.
- Entretanto você não se casou com ela. Por quê?
- Ah, meu prezado amigo, ela também estava buscando o homem ideal.
Excelente!
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