quarta-feira, 30 de setembro de 2015

NASRUDIN, UM SÁBIO

Literatura



Um filósofo populista que levou a vida a contar histórias



Nasrudin (em turco: Nasreddin Hoca, em turco otomano: نصر الدين خواجه, em persaخواجه نصرالدین, em árabe: نصرالدین جحا / ALA-LCNaṣraddīn Juḥā, em urdu: ملا نصرالدین , em uzbequeNosiriddin Xo'jaNasreddīn Hodjabósnio: Nasrudin Hodža) foi um seljúcida satírico sufi, acredita-se que viveu e morreu durante o século XIII em Akshehir, perto de Konya, capital do Sultanato de Rum Seljuk, na atual Turquia.


Ele é considerado um filósofo e sábio populista, lembrado por suas histórias engraçadas e anedotas. Ele aparece em milhares de histórias, às vezes espirituoso, às vezes sábio, mas muitas vezes, também, um tolo ou o alvo de uma piada. Uma história Nasreddin geralmente tem um humor sutil e uma natureza pedagógica. A festa internacional de Nasreddin Hodja é celebrada entre 05-10 julho em sua cidade natal a cada ano.
As histórias de Nasreddin são conhecidas em todo o Oriente Médio e tocaram as culturas ao redor do mundo. Superficialmente, a maioria das histórias de Nasreddin podem ser ditas como piadas ou anedotas de humor.
Elas são contadas e recontadas eternamente em casas de chá e caravançarás da Ásia e podem ser ouvidos nas casas e nos rádios. Mas é inerente a uma história de Nasreddin que pode ser entendida a vários níveis. Não é a piada, seguido por uma moral e, geralmente, o pequeno extra que traz a consciência do potencial místico um pouco mais sobre a forma de realização.


Eis algumas histórias de Nasrudin:


Passeio de Barco

 Nasrudim às vezes levava as pessoas para viajar em seu barco. Um dia, um pedagogo exigente contratou-o para transportá-lo ao outro lado de um rio muito largo. Assim que se lançaram à água, o sábio perguntou-lhe se faria mau tempo. 

- Não me pergunte nada sobre isto - disse Nasrudim. 
- Você nunca estudou gramática ? 
- Não 
- Neste caso, metade de sua vida foi desperdiçada." 
O Mulla não disse nada. Logo desabou uma terrível tempestade. O pequeno e desorientado barco de Mulla começou a encher de água. Ele se inclinou para o companheiro. 
- Alguma vez você aprendeu a nadar ? 
- Não – respondeu o pedante. 
- Neste caso, caro mestre, toda sua vida foi desperdiçada, pois estamos afundando. 





Desejos
   
A festa reuniu todos os discípulos de Nasrudin. Comeram e beberam durante muitas horas, sempre a conversar sobre a origem das estrelas e dos propósitos da vida. Quando já era quase de madrugada, preparavam-se todos para voltar para as suas casas. Restava um belo prato de doces sobre a mesa. Nasrudin obrigou os seus discípulos a comê-lo. Um deles, porém, recusou:
- O mestre está-nos a testar. Quer ver se conseguimos controlar os nossos desejos. 
- Estás enganado. A melhor maneira de dominar um desejo é vê-lo satisfeito. Prefiro que vocês fiquem com o doce no estômago do que no pensamento, que deve ser usado para coisas mais nobres.


 

Nasrudin e o Ovo
   
Certa manhã, Nasrudin colocou um ovo embrulhado num lenço, foi para o meio da praça da sua cidade, e chamou aqueles que estavam ali. 
- Hoje vamos ter um importante concurso! A quem descobrir o que está embrulhado neste lenço eu dou de presente o ovo que está dentro! 
As pessoas se olharam, intrigadas, e responderam: 
- Como podemos saber? Ninguém aqui é capaz de fazer esse tipo de previsões!
Nasrudin insistiu:
- O que está neste lenço tem um centro que é amarelo como uma gema, cercado de um líquido da cor da clara, que por sua vez está contido dentro de uma casca que se parte facilmente. É um símbolo de fertilidade, e lembra-nos dos pássaros que voam para seus ninhos. Então, quem é que me pode dizer o que está aqui escondido? 
Todos os habitantes pensavam que Nasrudin tinha nas suas mãos um ovo, mas a resposta era tão óbvia, que ninguém resolveu passar vergonha diante dos outros. E se não fosse um ovo, mas algo muito importante, produto da fértil imaginação mística dos sufis? Um centro amarelo podia significar algo do sol, o líquido em seu redor talvez fosse um preparado alquímico. Não, aquele louco estava a querer fazer alguém passar por ridículo. Nasrudin perguntou mais duas vezes, e ninguém respondeu.


 

Casamento  
  


Nasrudin estava proseando com um conhecido, que lhe indagou:
- Mullah, responda-me, você nunca pensou em se casar?
- Sim, claro que já. Quando eu era jovem, determinei-me a achar o meu par perfeito. Cruzei o deserto,
cheguei a Damasco, e conheci uma mulher belíssima  e espiritualmente muito evoluída; mas as coisas triviais, do dia a dia, a atrapalhavam.
Mudei de rumo e lá estava eu, em Isfahan; ali pude conhecer uma mulher com dom para as coisas materiais, da vida caseira, e, além disso, se mostrou muito espiritualizada. Porém, carecia de beleza física. Pensei: o que fazer?
E resolvi ir ao Cairo. Lá cheguei e logo fui apresentado a uma linda jovem, que também era religiosa, boa cozinheira e conhecedora dos afazeres do lar. Ali estava a minha mulher ideal.
- Entretanto você não se casou com ela. Por quê?
- Ah, meu prezado amigo, ela também estava buscando o homem ideal.

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