Arte cinematográfica
Publicado por Isabel
Nobre
10° posição: Uma mulher
é uma mulher (Une femme est une femme) 1961
Esse é um clássico
exemplo de Nouvelle Vague, em plena aurora, desfrutada de uma maneira
espetacular por Godard. O que uma Anna Karina não faz com um cineasta?
Inspirado em uma musa(e esposa, na época) Gordard não poderia ter se saído mal,
o resultado se dá numa brilhante obra-prima que é ofertada para nós. A
liberdade anárquica da câmera nos faz sentir mais intensamente a liberdade de o
filme expressa. Um triângulo amoroso entre uma stripper, seu amante e seu
amigo. Angela (Anna Karina) é uma dançarina que quer ter um filho. Para tanto,
decide convencer o namorado, o ciclista Émile (Jean-Claude Brialy), que não dá
bola para seus apelos. Diante da negativa, a bela decide recorrer a outro
homem: Alfred (Jean-Paul Belmondo), seu vizinho e grande amigo. O que Angela
não sabe é que o novo candidato a pai sempre foi apaixonado por ela e, com esse
convite, uma série de confusões será desencadeada. Acontece que esse triangulo
amoroso é um tanto diferente do que estamos acostumados. É leve, as brigas
travadas entre os personagens são brigas infantis e engraçadas que logo são
resolvidas e a amizade dos dois rapazes não é em momento algum afetada, se
falar na independência de Angela e o respeito que os dois tem por ela. É um
filme muito amável.
País de Origem: Itália / França Gênero:
Comédia Tempo de Duração: 85 minutos
9° posição: Acossados (À bout de souffle)
1960
O início definitivo da nouvelle vague. Ótimo
filme, o romance no qual envolve os dois principais atores do filme é bem
descontraído. Uma paixão de "adolescentes" é o que me lembrou.
Fugindo assim do convencional, pois na maior parte dos filmes vemos namoros
burocráticos e sem sal. Chama atenção à maneira em que as filmagens das cenas
foram feitas. Tem horas que parece que os próprios atores estão andando com a
câmera na mão e outras em que você sente o tremor da câmera, sentimos os passos
dele (nouvelle vague). Parece que Godard queria trazer o cinema ao
"âmbito" do amadorismo, sem deixar é claro, de ter qualidade
artística e liberdade de expressão acima do cinema clássico. Um filme inovador
para a época, quebrando com os dogmas tradicionais dos cineastas até então.
Dirigido por: Jean-Luc Godard Com: Jean-Paul
Belmondo, Jean Seberg, Jean-Luc Godard Gênero: Policial, Drama, Romance
8° posição: Canções de Amor (Les chansons
d'amour) 2007
Ismaël (Louis Garrel
Gênero: drama, musical, romance, Diretor:
Christophe Honoré Roterista: Christophe Honoré Trilha: Alex Beaupain
7° posição: Os Bem-amados (Les Bien-Aimés)
2011
Também é filme de Christophe Honoré e também
conta com Louis Garrel no elenco, e muitas músicas bonitas. Não preciso nem
comentar que a história é muito linda, interessante e toca a alma. O
significado do filme é lindo, os amores são meio frustrantes, ela o ama que ama
aquela que ama aquele, bem vida real mesmo. Porém, com um significado a mais,
um toque de mágica é dado em todo esse desespero que é a vida. Duas gerações de
mulheres, Madeleine e Vera, mãe e filha. As suas vidas e os seus amores, as
suas ilusões e desenganos. Esta é a história delas e dos homens que amaram,
seja no passado de Madeleine, na década de 60, com a emancipação feminina e o
amor livre, ou na fuga ao compromisso que marca a geração de Vera, durante os
anos 90 e passagem do século.
Com: Chiara Mastroianni, Catherine Deneuve,
Ludivine Sagnier, Louis Garrel, Paul Schneider, Milos Forman Género: Drama,
Musical GB/FRA/República Checa, Cores, 136 min.
6° posição: A rebelião (L'ordre et la morale)
2011
A França, país da igualdade, fraternidade e
liberdade, abriga um núcleo duro de colonialistas. O filme narra uma história
real que descreve em detalhes as facetas do ataque à Gruta de Ouvéa, na Nova
Caledônia. Envolvido em um suspense contínuo e crescente, o caso do ataque ao
posto policial de Fayaoué, onde morrem 4 guardas e 30 outros são sequestrados,
será ou não, resolvido à força pelo exército francês? Tudo acontece em 12 dias,
entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais, disputadas por
Mitterrand e Chirac, a esquerda e a direita, um presidente, outro 1o. ministro.
Por se tratar de um filme baseado em fatos verídicos eles conseguiram contar
uma história de modo que não aborrece quem assiste... o ritmo das negociações
entre exército e politicos e rebeldes faz o ator principal dançar o samba do
crioulo doido... não é um filme de ação ou guerra é apenas um policial bem
intencionado tentado evitar uma carnificina... eu gostei muito. No fim, o filme
mostra que político é uma merda em qualquer país.
Direção: Mathieu Kassovitz (sim, o ator de le
fabuleux destin d'amelie poulain! ele atua como o personagem principal desse
filme também). Gênero: Ação/Drama Áudio: Francês
5° posição: A culpa é do fidel! (La faute à
Fidel!) 2006
Esse filme é muito bom. No começo eu fiquei
com uma raiva da garotinha mas depois entendi o seu ponto de vista. Sendo filha
de quem é, a diretora Julie Gavras deveria mesmo mostrar alguma inclinação pelo
cinema político. Afinal, seu pai, o franco-grego Constantin Costa Gavras,
assina alguns clássicos do gênero, como Z e Missing – Desaparecido. E, para não
decepcionar ninguém, Julie entra mesmo por essa vertente, mas o faz com um
toque muito pessoal e feminino, que inclui características nem sempre presentes
no cinema do pai – o humor e a ternura. O que significava, na época, ser uma
criança em idade escolar e ter pais militantes políticos? É a situação que
precisa ser enfrentada por Anna (Nina Kervel-Bey) que tem 9 anos e deve se
conformar a um universo familiar regido por pais de esquerda, e
fundamentalistas (Stefano Acorsi e Julie Depardieu). Um pequeno trecho daquela
época de sonhos, muitos dos quais transformados em pesadelos, passa pelos olhos
da garota – dos reflexos da revolução cubana ao maio de 1968, da eleição à
queda de Allende, passando pela Guerra do Vietnã. Enfim, além de ser muito bom
e envolvente, e muito instrutivo. Vale muito a pena.
Dirigido por: Julie Gavras Com: Julie
Depardieu, Stefano Accorsi Gênero: Drama
4° posição: Trilogia das cores de Krzysztof
Kieslowski 1993,1994
Na verdade Krzysztof Kieslowski é polonês,
mas como seus filmes são na grande maioria em francês não vi problema em
incluir está bela trilogia completamente francesa neste ranking. O projeto “A
trilogia das cores” nasce por dois motivos: o bicentenário da revolução
francesa, sendo que é deste fato histórico/ político donde nasceu o lema:
liberdade, igualdade e fraternidade, e o segundo fato é o momento político
europeu, a comemoração da unificação da Europa, a já conhecida União Europeia.
Feito o contexto da obra, vamos a ela. Com os três lemas da bandeira francesa,
transportá-los a década de 90 e com a seguinte questão, como estão estes
valores no mundo de hoje? Como anda a liberdade, a igualdade e a fraternidade
na Europa e no mundo hoje?
A liberdade é azul ou apenas Azul, como no
título original, Kieslowski toma como ponto de partida a tragédia e os dez
minutos iniciais já denotam a desgraça. Num acidente de carro, Julie (Juliette
Binoche) perde o marido e a filha, após a tragédia a personagem decide-se
livrar de tudo que lhe prende ao passado, porém, impossível se livrar de tudo,
eis o ponto filosófico do roteiro, aquela liberdade utópica é possível?
Em “A igualdade é branca” a personagem
central é Carol (Zbiniew Zamachowski) ele é polonês e não fala francês, é
apaixonado pela sua mulher, Dominique (Julie Delpy), que o surpreende com um
pedido de divórcio, Carol é julgado na França sem falar uma palavra sequer em
francês, mesmo em tom de comédia o filme já dá o tom logo de cara, como um
estrangeiro é julgado, obrigado a assinar uma separação sem sequer falar a
língua nativa, sem um interprete, onde reside a igualdade na sociedade? Carol
resolve retornar a sua cidade natal, volta a trabalhar com o irmão na profissão
de cabeleireiro e planeja uma inusitada vingança.
No Vermelho ou “A fraternidade é vermelha”, Valentine
(Irene Jacob) leva uma vida normal, faz curso universitário, no filme não é
citado qual curso, ganha o seu dinheiro como modelo, tem um namorado
onipresente no filme, toda a sua tranquilidade e normalidade serão quebradas
quando atropela uma cadela pastor-alemão, na coleira da cadela há o endereço de
sua casa, Valentine vai então até lá, quando adentra a casa do dono, o Juiz,
senhor aposentado que tem um estranho hobby, com um aparelho de escuta,
consegue escutar as conversas telefônicas de seus vizinhos, paralelamente há a
história de um jovem que estuda pra ser juiz e tenta a sorte no amor, porém
nada fácil e linear na visão de Kieslowski.
Amo essa trilogia! E amo também ao Grande
Mestre Kieslowski. Seria a liberdade algo trágico? A igualdade uma comédia? A
fraternidade inexistente?
3° posição: Amores Imaginários (Les Amours
Imaginaires) 2010
Em um belo dia, tudo muda. Alguém chama sua
atenção, seja por questões estéticas, intelectuais, de personalidade ou ainda
um pouco de cada uma delas. De repente a pessoa passa a brilhar, tudo que ela
faz soa perfeito. As qualidades são maximizadas, os defeitos são tão menores
que podem ficar de lado. Sem se dar conta, você está apaixonado(a). Vem então a
derradeira pergunta: o sentimento é recíproco? O alvo tem consciência deste
interesse ou ao menos já deu algum indício que algo possa realmente acontecer?
É a partir destas duas questões que surge Amores Imaginários, um criativo
exercício do diretor e protagonista Xavier Dolan sobre a transformação
avassaladora provocada pela paixão e o quanto ela pode ser ilusória, sem que a
própria pessoa perceba. Francis (Xavier Dolan) e Marie (Monia Chokri) são
amigos inseparáveis. Suas vidas mudam quando conhecem Nicolas (Niels
Schneider), um charmoso rapaz do interior que acaba de se mudar para Montreal.
Um encontro se sucede ao outro e os três logo se tornam um grupo inseparável.
Mas Francis e Marie, ambos apaixonados por Nicolas, desenvolvem fantasias
obsessivas em torno de seu objeto de desejo comum. À medida que atravessam as
típicas fases da paixão, embarcam numa verdadeira disputa pela atenção do
rapaz, comprometendo sua antiga amizade. A trilha sonora desse filme é
incrível! O filme é canadense, mas o idioma é francês, então...
Dirigido por: Xavier Dolan Com: Xavier Dolan
Gênero: Comédia dramática
2° posição: A guerra está declarada (La
Guerre Est Déclaree) 2011
Esse filme é absolutamente lindo, mistura a
diversão de jovem e a responsabilidade de adulto em uma trama envolvente que
mostra a verdadeira guerra: a vida. Quando Roméo e Juliette se conhecem,
brincam com a coincidência dos nomes e, em tom de piada, declaram estar fadados
a um destino trágico. Os dois se apaixonam, casam e têm seu primeiro filho,
Adam. Mas a ilusão do conto de fadas se quebra após uma visita ao pediatra, que
diagnostica um tumor cerebral no menino. A partir daí, a rotina da família se
transforma numa constante jornada por corredores de hospitais. E a doença do
filho vai obrigar o casal a enfrentar problemas reais da vida adulta. Dizem que
A Guerra Está Declarada (La Guerre Est Déclarée) é uma rara história sobre
câncer sem sentimentalismo, mas um olhar mais atento logo vê que isso é
impreciso. O sentimentalismo de Valérie Donzelli (além de protagonizar com seu
marido Elkaïm a atriz dirige o filme) é de outro tipo, não o sensacionalista,
choroso, mas um sentimentalismo de realidade aumentada, por assim dizer, onde
tudo o que é projeção - anseios, frustrações - se materializa em imagens.
Diretor: Valérie Donzelli Elenco: Valérie
Donzelli, Jérémie Elkaïm, César Desseix, Gabriel Elkaïm, Brigitte Sy, Elina
Löwensohn, Michèle Moretti, Philippe Laudenbach, Bastien Bouillon, Béatrice De
Staël Produção: Edouard Weil Roteiro: Valérie Donzelli, Jérémie Elkaïm
Fotografia: Sébastien Buchmann Trilha Sonora: Pascal Mayer Duração: 100 min.
Ano: 2011 País: França Gênero: Drama Cor: Colorido Distribuidora: Imovision
1° posição: Amigos
Improváveis (Intouchables) 2011
Chegamos ao nosso
primeiro lugar, e me arrisco a dizer, que nenhum ser do planeta terrestre tem o
poder de não gostar desse filme. É emocionante e bem humorado, e foge da
mesmise. Não é sobre casais apaixonados ou algum clichê do tipo. rançois
Cluzet, um dos atores franceses mais conhecidos do momento, faz o refinado
cadeirante Philippe (François Cluzet), um millionário que era um dos chefes da
empresa Pommery, fabricante de champanhe, e que fica tetraplégico após um
acidente de parapente e vive num palacete rodeado de empregados, entre eles
Driss (Omar Sy), um ex-presidiário da África do Norte que vem da periferia de
Paris, contratado para cuidar dele. Os personagens penetram um na vida do
outro, unindo realidades tão distintas. A amizade entre eles se torna cada dia
mais forte e verdadeira, e Philippe sente-se plenamente confortável ao lado de
Driss, que não o trata como um inválido. Além disso, assuntos considerados
tabus como o sexo e o desejo após um acidente desta magnitude, por exemplo, são
trazidos à tona. O roteiro foi inspirado em uma história real! r.e.a.l! O filme
mostra a luz da vida, que vale a pena estar aqui apesar de tudo, e que viver é
um dom. Você vai me entender depois que assistir a essa obra prima.
Direção: Olivier Nakache, Eric Toledano Gênero:
Drama Áudio: Francês
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