Arte pictórica: aquarela
Publicado por Rejane
Borges,
gosta das cores de folhas secas ao chão. E das cores das folhas velhas
dos livros.
Não há nada
menos interessante do que o cotidiano. Todos nós já sabemos, já nem queremos
mais saber. No entanto, esse cotidiano fica interessante quando visto por
outras perspectivas. Os traços despretensiosos e as cores sóbrias em um velho
moleskine emprestam curiosidade ao que já não poderia mais chamar a atenção.
O ilustrador e designer escocês Wil Freeborn
desenha os dias, as horas, o comum. Ele possui a sensibilidade de admirar-se
com as coisas simples. Talvez seja a mais bela das sensibilidades.
Inspirou-se, a princípio, olhando através das
janelas e corredores dos trens. Em suas viagens diárias, ao invés de acompanhar
os ponteiros do relógio e as paisagens lá de fora, tratou de acompanhar as
expressões lá de dentro. Observava os passageiros - uns de olhos atentos,
outros absortos, enquanto o trem rangia nos trilhos de Glasgow até Gourock, na
costa oeste da Escócia.
E Wil despertou seu talento entre essas
personagens que estariam, mais tarde, esboçadas em seu velho moleskine. Todos
os dias, ao pegar o trem, sacava seu lápis-pincel e desenhava os momentos das
pessoas. Era como um diário - mas não de palavras, e sim de imagens. Escolheu a
técnica watercolor em moleskine por gostar da forma como a imagem se compõe no
material.
Apesar de morar perto da costa, onde pode
deslumbrar-se com belas vistas do mar, das ilhas e das montanhas, Will não se
satisfaz retratando paisagens. Afirma gostar, sobretudo, do movimento, de
ambientes em que algo esteja acontecendo, no qual seja possível observar as
pessoas e seus afazeres, suas ações e reações. Porém, o artista afirma que seu
estilo está em transição. Hoje, ao invés de apenas retratar o que vê, tenta
interpretar o que vê. Sua arte torna-se naturalmente mais subjetiva, como se
além de registrar o fato tentasse entendê-lo ou contar uma estória. Ao ver o
mundo inteiro enquadrado, Will Freeborn acaba por enxergar a beleza nas coisas
mais comuns, e tornou-se um caçador de cotidianos.
Mais dos trabalhos do artista pode ser
encontrado em seu site.
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