terça-feira, 13 de outubro de 2015

ARGEL – CAPITAL DA ARGÉLIA, ÁFRICA

Cidade do continente africano



  
“Argel, a Branca”

Argel em árabe: الجزائر, translit.: al-Jazā’ir ou al-Jazā’er; em árabe argelino: دزاير, translit.: Dzayer; em berber Lezzayer Tamanaɣt; em francêsAlger,  o: [alʒe]; literalmente: "as ilhas") é a capitalcidade mais populosa e principalcentro financeirocorporativomercantil e cultural da Argélia. Localiza-se na parte norte do país, ao longo do mar Mediterrâneo, sendo também capital da província de mesmo nome.




Sua população, de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Estatística da Argélia em 2008, era de 2 364 230 habitantes. Sua área territorial é de 363 km². Seu apelido em francês é Alger, la Blanche ("Argel, a Branca") pela admirável aparência do branco resplandecente dos edifícios que sobem a encosta, vistos do mar.


Cidade e porto de Argel, cerca de 1921.

Foi fundada pelos fenícios no século IV a.C. e, sob domínio romano, a pequena cidade de Icosium situava-se onde hoje se encontra o bairro marítimo de Argel. O estatuto de cidade Latina foi-lhe concedido pelo imperador Vespasiano. A rue de la Marine segue o alinhamento de uma antiga rua romana. Existiam cemitérios romanos perto de Bab-el-Oued e Bab Azoun. Os bispos de Icosium são mencionados até o século V.
A cidade atual foi fundada em 944 por Buluggin ibn Ziri, o fundador da dinastia Zirid-Senhaja, que destronada por Rogério II da Sicília em 1148. Antes dessa data, já haviam perdido Argel, que em 1159 foi ocupada pelos Almóadas, tendo sido dominada pelos sultões Zianidas do Reino de Tlemcen a partir do século XIII.
Nominalmente parte do sultanato de Tlemcen, Argel gozava de considerável autonomia, sob os seus próprios emires, sendo Orã o principal porto dos zianidas. A ilhota em frente do porto de Argel, posteriormente conhecido como Penon, foi ocupada pelos Espanhóis em 1302. A partir daí, cresceram as trocas comerciais entre Argel e a Espanha.


Argel continuou a ser uma cidade relativamente pouco importante até a expulsão dos mouros da Espanha, quando muitos deles procuraram asilo na cidade. Em1510, depois de ocuparem Orã e outras cidades da costa africana, os espanhóis fortificaram o Penon. Em 1516, o emir de Argel, Selim b. Teumi convocou os irmãos Arouj e Khair-ad-Din (Barbarossa) para expulsar os espanhóis. Em Argel, Arouj tramou a morte de Selim e apoderou-se da cidade. Khair-ad-Din, sucedeu Arouj, expulsou os espanhóis do Penon (1550) e fundou o pashalik, depois deylik, de Argel.


Bombardeio de Argel, 27 de agosto de 1816

A cidade foi conquistada pelos turcos e tornou-se parte do Império Otomano. O governador da cidade era virtualmente independente de Constantinopla, e Argel se tornou o principal centro dos piratas da Barbária. Em Outubro de 1541, o imperador Carlos V tentou conquistar a cidade, mas uma tempestade destruiu grande número dos seus navios. Seu exército de 30.000 homens, na sua maioria constituída de espanhóis, foi derrotado pelos argelinos sob o comando do paxá, Hassan. A partir do século XVII, Argel livrou-se do controle otomano e se manteve na periferia das economias otomana e a europeia, com a sua existência dependente do Mediterrâneo, cada vez mais controlado por navios europeus, apoiados pelas marinhas europeias. Argel voltou-se para a pirataria e várias nações europeias fizeram repetidas tentativas para subjugar os piratas que perturbavam a hegemonia europeia no Mediterrâneo ocidental. Em 1816 a cidade foi bombardeada por um esquadrão britânico comandado por Lord Exmouth, auxiliado por vasos de guerra holandeses. A frota dos corsários foi incendiada.


Vista da cidade.
Em 4 de Julho de 1830, sob o pretexto de uma afronta ao seu cônsul (a quem o dey tinha batido com um enxota-moscas quando afirmara que o governo francês não estava preparado para pagar as suas substanciais dívidas a dois mercadores judeus argelinos), um exército francês comandado pelo General de Bourmont atacou a cidade, que capitulou no dia seguinte. De 1830 a 1962, a história de Argel confunde-se com a história da Argélia, e as suas lutas com as da França.


Em 1962, após uma sangrenta luta pela independência, em que morreram centenas de milhares de argelinos (um milhão, segundo a história oficial da Argélia) nas mãos do exército francês e da Frente de Libertação Nacional (Front de Libération Nationale ou F.L.N.), a Argélia ganhou finalmente a sua independência, com Argel como a sua capital. Apesar de ter perdido a totalidade da sua população de origem europeia (Pied-Noir), a cidade sofreu uma grande expansão. Atualmente, tem cerca de três milhões de habitantes (c. 10% da população da Argélia). Os seus subúrbios cobrem a maior parte da planície de Metidja.


Argel se tornou uma cidade moderna. A exploração e comercialização de gás natural em suas proximidades movimentou a economia da cidade, apesar de o progresso ter sido interrompido em 1992 quando o governo, apoiado pelos militares, anulou uma eleição que havia acabado de perder para um partido islâmico. A violência resultante, durante o qual cadáveres eram regularmente jogados e expostos nas ruas, prejudicou a imagem da cidade e atraiu uma forte desconfiança que só agora, e muito lentamente, começa a se dissipar.
Fica localizada no extremo norte do país, na margem oeste da baía de mesmo nome, na costa do Mar Mediterrâneo, nas coordenadas 36°47' Norte, 3°4' Este (36.78333, 3.0667), nas encostas da cordilheira do Sahel, paralela à costa. É um dos maiores portos de África e o principal centro industrial e comercial da Argélia. Sua população é de 2 364 230 habitantes.


A cidade é constituída por duas partes: a parte moderna, construída em terreno plano junto à costa, e a antiga cidade dos deys, que sobe a encosta inclinada por trás da cidade moderna, e que é coroada pela kasbah (cidadela), 120 metros acima do nível do mar. Entre os muitos pontos de interesse de Argel, incluem-se o bairro da kasbah, a Praça dos Mártires (ساحة الشهداء Sahat ech-Chouhada), os edifícios do Governo (anteriormente o consulado Britânico), as mesquitas Grande, Nova, e Ketchaoua, a catedral católica de Notre Dame d’Afrique, o Museu Bardo (uma antiga mansão turca), a velha Biblioteca Nacional de Argel (Bibliotheque Nationale d'Alger, um palácio turco construído em 1799-1800), e a nova Biblioteca Nacional, construída num estilo que faz lembrar a British Library.


Argel é um importante centro econômico, comercial e financeiro, em particular uma bolsa de valores com uma capitalização de 60 milhões de euros em 2010. A cidade tem o mais alto custo de vida de qualquer cidade no Norte da África. Tem o setor de serviços mais desenvolvido, além de indústrias alimentares e automobilísticas.


Argel, assim como Tunes e outras capitais da região, possui um clima mediterrânico, um tipo de clima temperado com estação seca no verão e invernos suaves e chuvosos. Devido à sua proximidade com o Mar Mediterrâneo, este influencia na moderação das temperaturas da cidade. Argel diferencia-se de muitas cidade do sul da Argélia, pois não costuma apresentar temperaturas extremas vistas em localidades dos desertos interiores adjacentes. Argel, em média, recebe pouco mais de 750 milímetros de chuva por ano, sendo que a época mais chuvosa registrada na cidade dá-se entre outubro e março. Registros de neve são raros, sendo que, em 2012, as ruas da cidade receberam 10 centímetros de neve, após um período de oito anos sem registros do fenômeno.



Assim como em todo o país, a 
língua mais usada em Argel é o árabe. O francês também desempenha um papel importante no comércio e turismo. A televisão estatal em Argel, assim como outros meios de comunicação, publicam e enviam notícias e documentários tanto em árabe quanto em francês. A linguagem escrita usada, em sua maior parte, é composta pelo francês, mas o árabe moderno padrão também é usado. A maioria dos habitantes de Argel fala árabe como sua língua nativa.De acordo com estimativas de 2012, a população de Argel é de 2 364 230 habitantes. Aproximadamente 3% dos habitantes da cidade são estrangeiros, oriundos principalmente da China, Vietnam e Mali. A cidade teve um grandíssimo aumento populacional entre 1960 e 2008, passando de 900 mil habitantes para 2,3 milhões de habitantes.
Argel possui uma universidade com faculdades de Direito, Medicina, Ciências e Letras. O Museu Bardo exibe algumas das esculturas e mosaicos descobertos na Argélia.
A Kasbah de Argel, um tipo único de Medina, ou cidade islâmica, que contém as ruínas da cidadela, antigas mesquitas e palácios de estilo otomano, importantes vestígios de uma antiga estrutura urbana, foi inscrita pela UNESCO, em 1992, na lista dos locais considerados Património da Humanidade.
O edifício principal da kasbah teve a sua construção iniciada em 1516, no local de um edifício anterior, tendo servido como palácio dos deys até à conquista francesa. Uma estrada foi aberta atravessando o centro do edifício, a mesquita transformada em quartel, e a sala de audiências abandonada, encontrando-se em ruínas. Restam ainda um minarete e alguns arcos e colunas de mármore. Existem ainda vestígios dos cofres onde estavam guardados os tesouros do dey.


Edifícios de Argel.

A Mesquita Grande (الجامع الكبير Jamaa-el-Kebir) é considerada tradicionalmente a mais antiga de Argel. O púlpito (منبر minbar) ostenta uma inscrição que atesta que o edifício já existia em 1018. O minarete foi construído por Abu Tachfin, sultão de Tlemcen, em 1324. O interior da mesquita é quadrado, encontrando-se dividido em naves por colunas unidas por arcos mouriscos.
A Mesquita Nova (الجامع الجديد Jamaa-el-Jedid), construída no século XVII, tem a forma de uma cruz Grega, encimada por uma grande cúpula branca, com quatro pequenas cúpulas nos cantos. O minarete tem 30 metros de altura. O interior é semelhante ao da Mesquita Grande.


A Mesquita Ketchaoua (جامع كتشاوة Djamaa Ketchaoua), no sopé da kasbah, era a Catedral de St Philippe antes da independência (ela própria resultante da transformação em1845 de uma mesquita construída em 1612). A entrada principal, a que se acede subindo 23 degraus, encontra-se ornamentada com um pórtico suportado por quatro colunas de mármore com veios negros. O teto da nave é trabalhado em estuque mourisco, encontrando-se assente numa série de arcadas suportadas por colunas de mármore branco. Algumas destas colunas pertenciam à mesquita original. Numa das capelas encontra-se um túmulo contendo os ossos de São Jerónimo. O edifício é uma curiosa mistura de estilos mourisco e bizantino.


Basílica Notre-Dame d'Afrique, em Argel.

A Catedral de Notre-Dame d'Afrique, construída em (1858-1872) numa mistura dos estilos românico e bizantino, está situada nas colinas Bouzareah, com vista para o mar, a 3 km ao Norte da cidade. Por cima do altar encontra-se uma estátua da Virgem Maria, representada como uma mulher negra. Contém igualmente uma estátua de prata maciça do Arcanjo Miguel, que pertence à confraria de pescadores napolitanos.


O porto de Argel encontra-se protegido dos ventos. Existem dois ancoradouros, ambos artificiais: o velho (ou do Norte), que cobre uma área de 950 000 m², e o de Agha (ou do Sul), construído na Baía de Agha. A construção do ancoradouro velho foi iniciada em 1518 por Khair-ad-Din Barbarossa, que ligou a ilha onde se encontrava o Fort Penon ao continente, para acomodar os seus navios piratas. O local do Fort Penon encontra-se hoje ocupado por um farol construído em 1544.


Casbá de Argel

Argel foi uma cidade murada desde o tempo dos deys até ao final do século 19. Após ocuparem a cidade em 1830, os Franceses construíram uma muralha e fosso, com dois fortes: باب عزون Bab Azoun a Sul e باب الواد Bab-el-Oued a Norte. Os fortes e parte da muralha foram demolidos no início do século 20, sendo as suas funções defensivas transferidas para uma linha de fortes nas colinas بوزريعة Bouzareah (400 metros acima do nível do mar).

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