Cidade do continente africano
“Argel, a Branca”
Argel em árabe: الجزائر, translit.: al-Jazā’ir ou al-Jazā’er;
em árabe argelino: دزاير, translit.: Dzayer; em berber:
, Lezzayer
Tamanaɣt; em francês: Alger, o: [alʒe];
literalmente: "as ilhas") é
a capital, cidade mais
populosa e principalcentro financeiro, corporativo, mercantil e cultural da Argélia. Localiza-se na parte norte do país, ao
longo do mar Mediterrâneo, sendo também capital da província de mesmo nome.
Sua população, de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Estatística da Argélia em 2008, era de
2 364 230 habitantes. Sua área territorial é de
363 km². Seu apelido em francês é Alger, la Blanche ("Argel,
a Branca") pela admirável aparência do branco resplandecente dos edifícios
que sobem a encosta, vistos do mar.
Cidade e porto de Argel, cerca de 1921.
Foi fundada pelos fenícios no século IV a.C. e,
sob domínio romano, a pequena cidade de Icosium situava-se
onde hoje se encontra o bairro marítimo de Argel. O estatuto de cidade Latina foi-lhe concedido pelo imperador Vespasiano. A rue de la Marine segue o
alinhamento de uma antiga rua romana. Existiam cemitérios romanos perto
de Bab-el-Oued e Bab Azoun. Os bispos de
Icosium são mencionados até o século V.
A cidade atual foi
fundada em 944 por Buluggin ibn Ziri, o fundador da dinastia Zirid-Senhaja, que destronada por Rogério II da Sicília em 1148.
Antes dessa data, já haviam perdido Argel, que em 1159 foi
ocupada pelos Almóadas, tendo sido dominada pelos sultões Zianidas do Reino de Tlemcen a
partir do século XIII.
Nominalmente parte do sultanato de Tlemcen, Argel gozava
de considerável autonomia, sob os seus próprios emires,
sendo Orã o
principal porto dos zianidas. A ilhota em frente do porto de Argel,
posteriormente conhecido como Penon, foi ocupada pelos Espanhóis em 1302. A
partir daí, cresceram as trocas comerciais entre Argel e a Espanha.
Argel continuou a ser
uma cidade relativamente pouco importante até a expulsão dos mouros da Espanha, quando muitos deles procuraram asilo na
cidade. Em1510,
depois de ocuparem Orã e outras cidades da costa africana, os espanhóis
fortificaram o Penon. Em 1516, o
emir de Argel, Selim b. Teumi convocou os irmãos Arouj e Khair-ad-Din (Barbarossa) para expulsar os espanhóis. Em Argel, Arouj
tramou a morte de Selim e apoderou-se da cidade. Khair-ad-Din, sucedeu Arouj,
expulsou os espanhóis do Penon (1550) e
fundou o pashalik, depois deylik, de Argel.
Bombardeio de Argel, 27 de agosto de 1816
A cidade foi conquistada
pelos turcos e tornou-se parte do Império Otomano. O
governador da cidade era virtualmente independente de Constantinopla, e Argel se tornou o principal centro
dos piratas da Barbária. Em Outubro de 1541, o
imperador Carlos V tentou conquistar a cidade, mas uma
tempestade destruiu grande número dos seus navios. Seu exército de 30.000
homens, na sua maioria constituída de espanhóis, foi derrotado pelos argelinos
sob o comando do paxá, Hassan. A partir do século XVII,
Argel livrou-se do controle otomano e se manteve na periferia das economias
otomana e a europeia, com
a sua existência dependente do Mediterrâneo, cada vez mais controlado por
navios europeus, apoiados pelas marinhas europeias. Argel voltou-se para a pirataria e várias nações europeias fizeram
repetidas tentativas para subjugar os piratas que perturbavam a hegemonia
europeia no Mediterrâneo ocidental. Em 1816 a
cidade foi bombardeada por um esquadrão britânico comandado por Lord Exmouth,
auxiliado por vasos de guerra holandeses. A frota dos corsários foi incendiada.
Vista da cidade.
Em 4 de Julho de 1830, sob
o pretexto de uma afronta ao seu cônsul (a quem o dey tinha batido com um
enxota-moscas quando afirmara que o governo francês não estava preparado para
pagar as suas substanciais dívidas a dois mercadores judeus argelinos), um
exército francês comandado pelo General de Bourmont atacou
a cidade, que capitulou no dia seguinte. De 1830 a 1962, a história de Argel confunde-se com a
história da Argélia, e as suas lutas com as da França.
Em 1962, após
uma sangrenta luta pela independência, em que morreram centenas de milhares de
argelinos (um milhão, segundo a
história oficial da Argélia) nas mãos do exército francês e da Frente de Libertação Nacional (Front de Libération Nationale ou
F.L.N.), a Argélia ganhou finalmente a
sua independência, com Argel como a sua capital. Apesar de ter perdido a totalidade da sua população de origem europeia
(Pied-Noir), a cidade sofreu uma grande expansão. Atualmente, tem
cerca de três milhões de habitantes (c. 10% da população da Argélia). Os seus
subúrbios cobrem a maior parte da planície de Metidja.
Argel se tornou uma
cidade moderna. A
exploração e comercialização de gás natural em suas proximidades movimentou a economia da
cidade, apesar de o progresso ter sido interrompido em 1992 quando
o governo, apoiado pelos militares, anulou uma eleição que havia acabado de
perder para um partido islâmico. A violência resultante, durante o qual
cadáveres eram regularmente jogados e expostos nas ruas, prejudicou a imagem da
cidade e atraiu uma forte desconfiança que só agora, e muito lentamente, começa
a se dissipar.
Fica localizada no
extremo norte do país, na
margem oeste da baía de mesmo nome, na costa do Mar Mediterrâneo, nas coordenadas 36°47' Norte, 3°4' Este
(36.78333, 3.0667), nas encostas da cordilheira do Sahel,
paralela à costa. É um dos maiores portos de África e
o principal centro industrial e comercial da Argélia. Sua população é de
2 364 230 habitantes.
A cidade é constituída por duas partes: a parte
moderna, construída em terreno plano junto à costa, e a antiga cidade dos deys, que sobe a encosta inclinada por trás da
cidade moderna, e que é coroada pela kasbah (cidadela), 120 metros acima do nível do mar.
Entre os muitos pontos de interesse de Argel, incluem-se o bairro da kasbah, a
Praça dos Mártires (ساحة الشهداء Sahat
ech-Chouhada), os
edifícios do Governo (anteriormente o consulado Britânico), as mesquitas Grande, Nova, e Ketchaoua, a catedral católica de Notre Dame d’Afrique, o
Museu Bardo (uma antiga mansão turca), a
velha Biblioteca Nacional de Argel (Bibliotheque Nationale d'Alger, um
palácio turco construído em 1799-1800), e a
nova Biblioteca Nacional, construída num estilo que faz lembrar a British Library.
Argel é um importante
centro econômico, comercial e financeiro, em particular uma bolsa de valores
com uma capitalização de 60 milhões de euros em 2010. A
cidade tem o mais alto custo de vida de qualquer cidade no Norte da África.
Tem o setor de serviços mais desenvolvido, além de indústrias alimentares e
automobilísticas.
Argel, assim como Tunes e
outras capitais da região, possui um clima mediterrânico, um tipo de clima temperado com estação seca no verão e invernos suaves e
chuvosos. Devido à sua proximidade com o Mar Mediterrâneo, este influencia na moderação das
temperaturas da cidade. Argel diferencia-se de muitas cidade do sul da Argélia, pois não costuma apresentar temperaturas extremas
vistas em localidades dos desertos interiores adjacentes. Argel, em média,
recebe pouco mais de 750 milímetros de chuva por
ano, sendo que a época mais chuvosa registrada na cidade dá-se entre outubro e
março. Registros de neve são raros, sendo que, em 2012, as ruas da
cidade receberam 10 centímetros de neve, após um período de oito anos sem
registros do fenômeno.
Assim como em todo o país, a língua mais usada em Argel é o árabe. O francês também desempenha um papel importante no comércio e turismo. A televisão estatal em Argel, assim como outros meios de comunicação, publicam e enviam notícias e documentários tanto em árabe quanto em francês. A linguagem escrita usada, em sua maior parte, é composta pelo francês, mas o árabe moderno padrão também é usado. A maioria dos habitantes de Argel fala árabe como sua língua nativa.De acordo com estimativas de 2012, a população de Argel é de 2 364 230 habitantes. Aproximadamente 3% dos habitantes da cidade são estrangeiros, oriundos principalmente da China, Vietnam e Mali. A cidade teve um grandíssimo aumento populacional entre 1960 e 2008, passando de 900 mil habitantes para 2,3 milhões de habitantes.
Argel possui uma universidade com faculdades de Direito, Medicina, Ciências e Letras. O Museu Bardo
exibe algumas das esculturas e mosaicos descobertos na Argélia.
A Kasbah de Argel, um tipo único de Medina, ou cidade islâmica, que contém as
ruínas da cidadela, antigas mesquitas e palácios de
estilo otomano, importantes vestígios de uma antiga estrutura urbana, foi inscrita
pela UNESCO, em 1992, na lista dos locais considerados Património da
Humanidade.
O edifício principal da kasbah teve a sua construção iniciada em 1516, no local de um edifício anterior,
tendo servido como palácio dos deys até à conquista francesa. Uma estrada foi
aberta atravessando o centro do edifício, a mesquita transformada em quartel, e a sala de
audiências abandonada, encontrando-se em ruínas. Restam ainda um minarete e alguns arcos e colunas de mármore. Existem ainda vestígios dos cofres
onde estavam guardados os tesouros do dey.
Edifícios de Argel.
A Mesquita Grande
(الجامع الكبير Jamaa-el-Kebir) é considerada
tradicionalmente a mais antiga de Argel. O púlpito (منبر minbar) ostenta uma inscrição que atesta que o edifício já existia em 1018. O minarete foi construído por Abu Tachfin, sultão de Tlemcen, em 1324. O interior da mesquita é quadrado,
encontrando-se dividido em naves por colunas unidas por arcos mouriscos.
A Mesquita Nova (الجامع الجديد Jamaa-el-Jedid), construída no século XVII, tem a forma de
uma cruz Grega, encimada por uma grande cúpula branca, com quatro pequenas cúpulas nos
cantos. O minarete tem 30 metros de altura. O interior é semelhante ao da
Mesquita Grande.
A Mesquita Ketchaoua (جامع كتشاوة Djamaa Ketchaoua), no sopé da kasbah, era a Catedral de St Philippe antes da
independência (ela própria resultante da transformação em1845 de uma mesquita construída em 1612). A entrada principal, a que se acede
subindo 23 degraus, encontra-se ornamentada com um pórtico suportado por quatro
colunas de mármore com veios negros. O teto da nave é trabalhado em estuque mourisco,
encontrando-se assente numa série de arcadas suportadas por colunas de mármore
branco. Algumas destas colunas pertenciam à mesquita original. Numa das capelas
encontra-se um túmulo contendo os ossos de São Jerónimo. O edifício é uma curiosa mistura de estilos mourisco e bizantino.
Basílica Notre-Dame
d'Afrique, em Argel.
A Catedral de Notre-Dame
d'Afrique, construída em (1858-1872) numa mistura dos estilos românico e bizantino, está situada nas
colinas Bouzareah, com vista para o mar, a 3 km ao Norte da cidade. Por cima do
altar encontra-se uma estátua da Virgem Maria, representada
como uma mulher negra. Contém igualmente uma estátua de prata maciça do Arcanjo Miguel, que pertence à
confraria de pescadores napolitanos.
O porto de Argel encontra-se protegido dos ventos. Existem dois
ancoradouros, ambos artificiais: o velho (ou do Norte), que cobre uma área de
950 000 m², e o de Agha (ou do Sul), construído na Baía de Agha. A construção
do ancoradouro velho foi iniciada em 1518 por Khair-ad-Din Barbarossa, que ligou a ilha
onde se encontrava o Fort Penon ao continente, para acomodar os seus navios piratas. O local do Fort
Penon encontra-se hoje ocupado por um farol construído em 1544.
Casbá de Argel
Argel foi uma cidade murada desde o tempo dos deys até ao final do século 19. Após ocuparem a
cidade em 1830, os Franceses construíram uma muralha e fosso, com dois fortes: باب عزون Bab Azoun a Sul e باب الواد Bab-el-Oued a Norte. Os fortes
e parte da muralha foram demolidos no início do século 20, sendo as suas
funções defensivas transferidas para uma linha de fortes nas colinas بوزريعة Bouzareah (400 metros acima
do nível do mar).
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