Série: os mais famosos e
geniais detetives da história literatura
George
Simenon, o eterno...
Georges Simenon (Liège, 13 de fevereiro de 1903 — Lausanne, 4 de setembro de 1989) foi um escritor belga de língua
francesa.
Foi
um romancista de uma fecundidade
extraordinária: escreveu 192 romances, 158 novelas, alem de obras
autobiográficas e numerosos artigos e reportagens sob seu nome e mais 176
romances, dezenas de novelas, contos e artigos sob 27 pseudônimos diferentes.
(Um fenômeno).
As
tiragens acumuladas de seus livros atingem mais de 500 milhões de exemplares. É
o autor belga, e o quarto autor de língua francesa mais traduzido em todo o
mundo.
Seu
personagem mais famoso é o Comissário Maigret,
personagem de 75 novelas e 28 contos.
(O Comissário Jules Maigret ou simplesmente Comissário Maigret (Commissaire Maigret) é um
personagem de ficção de novelas policiais, o mais popular dentre os personagens criados pelo escritor belga Georges Simenon. O comissário Jules Maigret apareceu em 75 novelas e 28 contos publicados entre 1931 e 1972, além de vários filmes para a TV, dirigidos
por Pierre
Granier-Deferre).)
Simenon nasceu na Rua Leopold,
em Liège, primeiro filho de Desire Simenon, empregado em um escritório de
seguros e Henriette. Em 1905 a família mudou para a Rua Pasteur, hoje chamada
Rua Georges Simenon. A família é originaria do ‘’Limburgo belga’’, uma região
de terras baixas próximo a Meuse, um corredor de
passagem entre a Flandres,
a Valônia e
os Países
Baixos.
Jean Gabin interpretando o
Comissário Maigret
Georges começou a aprendeu a
ler aos três anos na escola Sainte-Julienne. A partir de 1908, começa o
primário no Instituto Santo André, onde foi pelos seis anos seguintes um dos
três melhores alunos. Nesta época sua mãe começa a alugar quartos para
estudantes ou estagiários de várias origens, o que foi para o menino uma
extraordinária abertura para o mundo. A partir de 1914, vai estudar com
os jesuítas no
Colégio São Luís. No ano seguinte, com doze anos, teve sua primeira experiência
sexual, com uma menina de quinze, que seria o contraponto à castidade pregada
pelos padres, como revelou em uma autobiografia. Passa então ao colégio
Saint-Servais, onde completa o colegial e se desilude com as classes sociais
por causa do convívio com colegas mais abastados. Em 1918, a pretexto dos
problemas cardíacos do pai, decide parar com os estudos, sem fazer nem os
exames finais, arrumando pequenos empregos sem qualificação como aprendiz de
confeiteiro. Em janeiro de 1919, em conflito aberto com sua mãe, começa como
repórter no jornal "La Gazette de Liége", período extraordinário
para o jovem de dezesseis anos, que escreve mais de 150 artigos com o
pseudônimo de "G. Sim.". Se interessa particularmente pelos
inquéritos policiais, e assiste conferencias sobre policia cientifica feitos
pelo criminalista francêsEdmund Locard. Nesse ano redige ainda
seu primeiro romance, "Au pont dês Arches", publicado em 1921 com seu
nome de jornalista. A partir de 1919, publica também o primeiro de cerca de 800
esquetes (sketches) humorísticos, sob o nome de Monsieur Le Coq . Nessa
época aprofunda seu conhecimento do meio boêmio, das prostitutas, dos bêbados,
anarquistas, artistas e mesmo futuros assassinos. Freqüenta também um grupo de
artistas chamados "La Caque", onde encontrara uma
estudante de Belas-Artes, Regine Renchon, com quem se casa em 1923.
Com a morte de seu pai, parte
para se instalar em Paris com Regine,
descobrindo a grande capital que aprende a amar com suas desordens, seus
delírios. Parte para a descoberta de seus bistrôs (pequenos
bares e restaurantes), brasseries e restaurantes, encontrando
suas personagens na população parisiense, artesãos, serviçais, pobres das ruas.
Começa a escrever com diversos pseudônimos e sua criatividade lhe assegura um
rápido sucesso financeiro. Em 1928 faz uma longa viagem de barco, para suas
reportagens, descobrindo a água e a navegação, que aparecem sempre em sua obra.
Decide em 1929 fazer uma viagem pela França, explorando os canais
em um barco que mandou construir, o ‘’Ostrogoth’’, no qual viverá ate 1931.
Em 1930, numa série de novelas
escritas para ‘’Detective’’, coleção encomendada por Joseph Kessel, aparece
pela primeira vez o personagem ‘’Comissário
Maigret’’. Em 1932 parte para uma série de viagens e reportagens na África, na Europa, Rússia e Turquia. Depois de um longo
cruzeiro pelo Mediterrâneo,
embarca para uma volta ao mundo entre 1934 e 1935. Nas suas escalas, produz
reportagens, encontra numerosos personagens e faz muitas fotos. Não se furta
também de descobrir o prazer com mulheres de todas as latitudes.
Na obra de Simenon, trinta e
quatro romances ou novelas se passam em La Rochelle,
que descobriu em 1927 passando suas férias na ilha de Aix, seguindo sua paixão
por Josephine
Baker. Naquele ano descobriu também uma paixão por navegação e por La
Rochelle, onde no ‘’Café de la Paix’’, que aparece em obras suas e se tornaria
seu quartel general, pediu uma garrafa de Champagne ao ouvir a declaração de
guerra alemã em 1939; ante ao espanto dos presentes, disse: "ao menos não
será bebida pelos alemães". Passa a morar lá, onde nasce seu filho Marc,
em 1939.
Durante toda a guerra entre
1940 a 1945, continua vivendo em sua vila de Vendée, mas este período é mal
conhecido e sujeito a múltiplas versões. Algumas pessoas acham que durante esse
período crucial em sua vida e sua obra, o escritor se tornou um colaborador dos
alemães, enquanto outros acham que foi somente oportunista ao aceitar escrever
em jornais controlados pelos invasores. Mas com certeza Simenon nunca denunciou
ninguém nem nunca se engajou. Algumas denuncias de conterrâneos foram
atribuídas ao seu estilo opulento de vida, quando as pessoas sofriam com
racionamentos e cupons de alimentação, de outro lado a Gestapo o investigou por
achar seu nome parecido com antropônimos israelitas. Desse período com
certeza sobraram seus escritos, vinte romances, onde o que se sobressai é a
região de Vendée, descrita como uma região luminosa,
impressionista, onde o mar reencontra a terra. A visão ambígua que Simenon
tinha da região e da burguesia local ofuscava seus habitantes. Agradecidos mas
relutantes, homenagearam o autor em 1989 dando seu nome ao cais da cidade.
Também trocou uma longa correspondência com André Gide nessa
época.
Foto
tirada em 1963, por Erling Mandelmann
Em 1945, após o termino da
guerra, vai viver no estado de Connecticut,
nos Estados Unidos da América, percorrendo nos dez
anos seguintes todo esse continente, para saciar sua curiosidade e seu apetite
de viver. Durante esses anos americanos, visita sempre Nova Iorque, Flórida, Arizona e a Califórnia e
toda a costa Leste, milha a milha, os motéis, as estradas e as paisagens
grandiosas. Vai descobrir ainda outra faceta do trabalho policial e da Justiça.
Vai conhecer ainda sua segunda esposa, a canadense Denise Quimet, 17 anos mais
jovem, com a qual vai viver uma paixão intensa de sexo, ciúmes, disputas e
álcool.
Em 1952 é nomeado para a
academia belga. Volta definitivamente para a Europa em 1955, onde após um
movimentado período na Côte d'Azur freqüentando
o ‘’jet-set’’, se instala em Epalinges, ao norte de Lausanne, Suíça, mandando construir uma
grande mansão. Em 1960 preside o festival de cinema de Cannes, que aquele ano premiou
com a palma de ouro La dolce vita de Fellini.
Em 1972 Simenon renuncia
ao romance,
mas não havia acabado de explorar os meandros do homem, a começar por ele mesmo,
em uma longa autobiografia com 21 volumes ditada em um pequeno gravador.
Diferente de muitos autores de
hoje, que tentam construir uma intriga o mais complexa possível, como um jogo
de ecos, Simenon propunha uma intriga simples mas com personagens fortes,
um herói humano, obrigado a
ir ao fundo de sua lógica. A mensagem de Simenon
é complexa e ambígua: nem culpados nem inocentes, mas culpas que se engendram e
se destroem em uma cadeia sem fim. Os romances colocam o leitor em um mundo
rico de formas, cores, sentimentos, sensações, onde se entra desde a primeira
frase. Seus melhores romances são baseados nas intrigas nas pequenas vilas de
província, evoluindo a sombra de personagens de aparência respeitável, mas que
urdem empresas tenebrosas, numa atmosfera própria, do qual as do Comissário
Maigret são certamente ss melhores.
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