quarta-feira, 21 de outubro de 2015

CINCO MUSICAIS CLÁSSICOS DE HOLLYWOOD

Arte cinematográfica




Publicado por Vitor Dirami,
“a beleza está além do olhar”.




Canções de amor, de tristeza, de saudade. Histórias felizes, tristes. Dramas ou comédias. Grandes vozes. Em se tratando de musicais, quase tudo é possível. Desde as maiores excentricidades, até as produções mais suteis. Escolha o seu preferido, e embarque nesta viagem sentimental.



Os Homens Preferem as Loiras (1953)
Musicais são parte integrante da memória afetiva de qualquer pessoa. Talvez, os musicais sejam o gênero de filme que mais nos transmitam emoções, sejam elas de alegria ou saudade. Canções tristes ou de amor, ficam gravadas na cabeça, e as imagens nos acompanham até a hora de dormir. Crianças, adultos e jovens, todos se deixam tocar pela mágica mistura da música e do cinema. Quem não tem seu musical preferido? Desde o inesquecível clássico Cantando na Chuva, até os mais recentes Chicago e Moulin Rouge, passando pelo desenho animado da Disney A Bela e a Fera. Todo mundo tem seu musical preferido. Nesta lista, escolhi - alguns - dos meus prediletos, que também pode ser o do leitor, ou não, mas, ficam aqui cinco maravilhosas sugestões. Assim como diz aquele ditado, que "gosto musical, cada um tem o seu", em se falando de musicais não é diferente. Musical, cada um tem o seu!


1º - Nasce uma Estrela (A Star is Born, 1954)
Provavelmente, Judy Garland tenha sido a maior atriz/cantora de musicais da era de ouro de Hollywood. Sua brilhante participação em O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939); entre outros filmes, tornaram-na uma lenda. Mas, em Nasce uma Estrela, Garland supera toda e qualquer expectativa. Era o seu retorno às telas, após quatro anos de ausência do cinema, no primeiro musical e também o primeiro filme colorido do "diretor das estrelas" - George Cukor. Nesta superprodução, Judy dá vida à Esther Blodgett, uma sonhadora cantora que deseja o estrelato. Ela conhece e ajuda Norman Maine (James Mason), um astro do cinema decadente e alcoólatra, os dois se apaixonam e ele a ajuda a se tornar uma grande estrela. Os dois se casam, e agora ela é uma grande artista, que atende pelo nome de Vicky Lester. Mas, o que parecia perfeito começa a degringolar. Norman não consegue assistir à sua decadência e o triunfo de Esther. Ele se afunda cada vez mais, enquanto abala a carreira dela, o que acabará arruinando a vida do casal.
Mais segura de si e disposta a retomar sua carreira no cinema, Judy Garland reluz no papel de uma atriz em ascensão, indo com maestria da diversão ao drama. Segunda versão da clássica história - a primeira foi levada ao cinema em 1937 com Janet Gaynor interpretando a protagonista, o filme faz uma crítica sútil ao star-system hollywoodiano e as engrenagens de uma indústria que criava astros da noite para o dia, assim como os destruía na mesma velocidade.
Outro destaque vai para a trilha sonora composta de canções da dupla Harold Arlen e Ira Gershwin, na voz de Judy Garland. O filme lançou verdadeiros clássicos como "Gotta Have Me Go With You", "Lose That Long Face", "Someone at Last" e "It's a New World", entre outros, incluindo a inesquecível "The Man That Got Away", uma das mais populares canções de jazz de todos os tempos. A direção de arte do filme também é soberba, - fotografia, figurino, maquiagem - tudo é muito caprichado. Por ser um ator decadente, o papel de Norman Maine foi recusado por Humphrey Bogart, Gary Cooper, Marlon Brando, Montgomery Clift e Cary Grant, até finalmente ser aceito pelo inglês James Mason, em uma de suas melhores aparições no cinema.
Nasceu uma Estrela diverte, entretém e comove. Foi indicado à seis estatuetas do Oscar, incluindo Melhor Ator e Atriz. Judy Garland e James Mason venceram o Globo de Ouro em Melhor Atriz e Ator - Comédia/Musical.


2º - Os Homens Preferem as Loiras (Gentlemen Prefer Blondes, 1953)
Se há um fato sobre a carreira de Marilyn Monroe, é o de que a loura tinha uma aptidão admirável para a comédia, e também para o canto, este último, infelizmente, poderia ter sido mais explorado, já que ela tinha uma voz doce e um timbre muito agradável, como podemos observar nas canções que registrou. No filme de Howard Hawks, Os Homens Preferem as Louras, um dos mais emblemáticos dos anos 50, Monroe divide a cena com outra beldade - Jane Russell. A trama narra as peripécias da dupla de dançarinas Lorelei Lee (Marilyn Monroe) e Dorothy Shaw (Jane Russell). À convite do noivo de Lorelei, que é um milionário, elas embarcam num cruzeiro rumo a Paris. O pai do noivo, crente que Lorelei não passa de uma caça-dotes, contrata um detetive para segui-las e conseguir provas da infidelidade da futura nora. Consequentemente, a dupla vai viver altas confusões em alto-mar.
Além dos ótimos momentos da dupla Monroe-Russell, Os Homens Preferem as Loiras se tornou célebre por trazer o luxuoso número musical "Diamond's Are a Girl's Best Friend", interpretado por Marilyn Monroe. Exaustivamente copiado e citado em diversas produções até os dias de hoje. Na parte musical, o destaque também vai para os duetos da impagável dupla em "When Love Goes Wrong" e "Two Little Girls From Little Rock". À despeito do título, Marilyn Monroe teve de rebolar para negociar o seu salário. Ela era uma estrela bem mais "barata" que Jane Russell, cujo salário girava em torno de 100.000 dólares, enquanto a pobre Marilyn só ganhou cerca de 18.000 dólares para atuar naquele filme.
A 20th Century Fox investiu caro na produção, bastante requintada, que teve de reproduzir em estúdio um transatlântico e lugares de Paris. Os cenários bastante caprichados e o belíssimo figurino assinado por William Travilla, ajudaram o filme a ser um retumbante sucesso. Os Homens Preferem as Louras atingiu a posição de sexta maior bilheteria de 1953, e consolidou definitivamente Marilyn Monroe entre os grandes astros de Hollywood, como a estrela mais rentável da 20th Century Fox.


3º - Entre a Loura e a Morena (The Gang's All Here, 1953)
Um dos mais grandiosos musicais hollywoodianos do período da II Guerra Mundial, Entre a Loura e a Morena, dirigido e coreografado pelo prestigiado Busby Berkeley, é considerado um camp classic - termo usado para designar filmes cuja característica principal é o estilo kitsch, exagerado. Para começar, o filme já abre com "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso, na voz do cantor e compositor Nestor Amaral. Nada neste filme pode ser chamado de convencional - a não ser a trama - do tipo "garoto conhece uma garota", de uma simplicidade quase franciscana.
O filme narra as desventuras do romance entre o soldado Andy Mason (James Ellison) e a showgirl Edie Allen (Alice Faye). Eles se conhecem no Club New Yorker e se apaixonam a primeira vista, mas o que ela não sabe é que ele tem um compromisso de longa data com a jovem Vivian Potter (Sheila Ryan) e que ele tem de partir para uma missão no pacífico, durante a II Guerra Mundial. Quando ele volta condecorado do combate, seu pai Andrew Mason (Eugene Pallette) decide fazer uma grande comemoração, e chama o grupo do Club New Yorker para protagonizar um espetáculo na casa de seu amigos, o senhor e a senhora Peyton Potter (Edward Everett Horton e Charlotte Greenwood), pais de Vivian. Assim, Edie e sua exótica amiga Dorita (Carmen Miranda) descobrem que Andy tem um compromisso com a filha de Potter. Ao chegar, Andy se vê obrigado a desfazer o mal entendido, o que dá origem a hilárias confusões.
Um dos mais famosos e memoráveis trabalhos de Busby Berkeley, Entre a Loura e a Morena também é apontado por muitos como a melhor aparição de Carmen Miranda no cinema, que brilha e rouba a cena dos companheiros com muitas doses de humor. Aqui, os fabulosos números musicais se sobrepõem totalmente à história, principalmente o famoso "The Lady in The Tutti-Frutti Hat", interpretado por Carmen Miranda vestindo um figurino assinado por Yvonne Wood, com bananas e morangos na cabeça. O número quase foi vetado pela rígida censura norte-americana, e por causa da insinuação sexual - dezenas de garotas seminuas, para a época, segurando enormes bananas, o filme acabou tendo sua exibição proibida em Portugal, terra natal de Carmen, na época de sua estreia.
Entre outros destaques, estão a loira Alice Faye, que nos brinda com sua beleza, charme e elegância, cantando "A Journey to a Star", "No Love, No Nothing" e o número final - o surreal "The Polka-Dot Polka", com as coristas vestindo figurinos futurísticos e segurando grandes aros fosforescentes, formando vários caleidoscópios psicodélicos. Outro ponto alto da produção, é a participação especial de Benny Goodman e sua orquestra, que acompanham Carmen Miranda na música "Paducah". A excelente fotografia, música, os cenários e o figurino, renderam ao filme uma indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Direção de Arte.


4º - Funny Girl - Uma Garota Genial (Funny Girl, 1968)
Considerada por muitos como sucessora de Judy Garland, Barbra Streisand tornou-se uma das artistas mais emblemáticas dos anos 60 ao estrelar este drama musical do diretor ganhador do Oscar, William Wyler. Em Funny Girl, ela repete nas telas o papel que já havia encenado na Broadway com muito louvor. O filme conta a história cheia de altos e baixos da comediante Fanny Brice (Barbra Streisand), desde o início no Lower East Side em Nova Iorque, até atingir o estrelato no espetáculo de Florenz Ziegfeld (Walter Pidgeon), Ziegfeld Follies. Passando pelo fracassado casamento da atriz com um jogador inveterado - Nicki Arnstein (Omar Sharif).
O filme apresenta várias inconsistências ao fantasiar demais os fatos da vida de Fanny Brice, a maioria, romantizados em demasia. Mas, compensa em dobro pela arrebatadora interpretação de Barbra Streisand, que encarna de corpo e alma a incrível carreira da comediante, em uma performance lendária. A química com Omar Sharif é um dos pontos altos do filme, o que contribuiu para dar realismo à vida conjugal do casal, que se amavam demais, mas que estavam sempre à beira da destruição, e do fracasso de si próprios.
Barbra domina os 151 minutos de projeção, e os fazem parecer apenas 15 minutos. O grande destaque vai para trilha-sonora assinada por Jule Styne e Bob Merrill, que lançou grandes sucessos como "I'm The Greatest Star", "His Love Makes Me Beautiful", "The Swan", "Don't Rain On My Parade", cujas interpretações de Barbra tornaram-se clássicos, e por fim, a devastadora "My Man", considerada uma das mais emocionantes performances musicais da história do cinema. Não há muito o que falar, basta assistir a interpretação fenomenal de Streisand e constatar a grande estrela que ela é, que soube como nenhuma outra, mostrar os dois lados de ser uma grande atriz. A edição caprichosa, a trilha sonora, o figurino, cabelo, maquiagem e cenários, absolutamente tudo é impecável, e ajuda a compor uma história de amor e música.
A fabulosa atuação de Streisand, rendeu-lhe o Oscar de Melhor Atriz da Academia, dividido naquele ano com outra diva insuperável, Katharine Hepburn, ganhadora por Adivinhe Quem Veio Para o Jantar (Guess Who's Coming to Dinner, 1968). O filme foi indicado à outras seis categorias. Streisand ainda levaria um Globo de Ouro em Melhor Atriz - Comédia/Musical, e um David di Donatello de Melhor Atriz Estrangeira, junto com Mia Farrow, que ganhou por O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby, 1968).


5º - Ama-me ou Esquece-me (Love Me or Leave Me, 1955)
Dirigido pelo conceituado Charles Vidor, autor de outros clássicos do porte de Gilda (1946), o drama musical Ama-me ou Esquece-me narra a história ficcional da trajetória real da cantora e atriz Ruth Etting (Doris Day), que alcançou o estrelato nos anos 20 e 30. Desde o seu começo, como dançarina de boate na velha Chicago, até atingir a fama no cinema. Passando pelo seu tempestuoso casamento com o gângster Martin Snyder (James Cagney), que impulsionara sua carreira e a ajudara a se tornar uma grande estrela, e o seu envolvimento com o pianista Johnny Alderman (Cameron Mitchell).
A adorável Doris Day, uma das poucas divas da Era de Ouro de Hollywood ainda vivas, está no auge de sua beleza e poder vocal em Ama-me ou Esquece-me. Possivelmente, também, em sua melhor atuação no cinema. James Cagney, também está em ótima forma, na pele de um gângster sombrio, mas amoroso, que faz de tudo para ver sua amada brilhar. Charles Vidor também acertou em retratar com ironia e realismo o ambiente soturno e criminal do mafioso interpretado por Cagney, contrastando com a persona amável e luminosa de Doris Day.
os executivos da MGM queriam Ava Gardner para o papel de Ruth Etting, que também foi oferecido à Jane Russell. Mas, James Cagney persuadiu 
os produtores do filme a contratar Doris Day. A trilha sonora do filme, foi composta majoritariamente por sucessos dos anos 30, gravados originalmente por Ruth Etting. O filme traz excelentes performances. Entre as músicas, encontram-se clássicos do Jazz como "Mean To Me", "Love Me or Leave Me", "You Made Me Love You" e "Everybody Loves My Baby" (But My Baby Don't Love Nobody But Me), interpretadas magistralmente por Doris Day. Apenas outras duas canções foram compostas especialmente para o musical - "Never Look Back" e "I'll Never Stop Loving You".
A produção reconstituiu com capricho o ambiente festivo e borbulhante do show business da Chicago dos anos 30, e o figurino assinado por Helen Rose é deslumbrante. Love Me or Leave Me foi ganhador do Oscar na categoria de Melhor História Original, e indicado à outras cinco estatuetas, incluindo Melhor Ator (James Cagney), Melhor Canção Original ("I'll Never Stop Loving You") e Melhor Trilha Sonora.



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