Helô Sampaio
Aleluia! Solzão está brilhando no
céu, mar azul transparente convidando para uma prainha com caranguejo e loura
gelada, e o povo bonito e colorido já com o espírito de Verão ainda que
estejamos apenas começando a florida Primavera.
O bom de Salvador é que temos
apenas duas estações: uma com chuva, outra sem chuva. A ‘com chuva’, pra ganhar
‘moral’, baixa um pouco a temperatura. Para nós já é um frio do cão. Eu corro
logo para o cobertor e meias de lã. Quando criança, em Ibicaraí, no inverno – e
o inverno lá é ‘brabo’, frio mesmo – eu vivia parecendo um esquimó de tanta
roupa de frio. Juntava o frio com o dengo, aí já viu, né lindinho, terminava no
colinho da mamãe com muitos afagos e beijinhos.
Mariah, minha sobrinha que saiu
de ‘Sumpaulo’ para vir morar em Vitória da Conquista (oh! terrinha fria, véio)
fica espantada com a baianada: enquanto ela sai pela cidade lépida e
fresca, com o ventinho na cara, a titia pula nas meias e casacos, queixo
tiritando, buscando lugar mais quentinho na casa. Ah! Sou mulher de Verão,
benzinho, já disse.
E ainda lhe dou um conselho, meu
bonito: com calor ou chuva, é melhor você ficar aqui pela Bahia mesmo, que
o ‘bicho tá pegando’ lá pras outras bandas. Aqui, se pode ir curtir o lindo
por do sol na ponta do Humaitá para ficar deslumbrado; ou
banhar-se nas águas tépidas da praia do Porto da Barra; quiçá beber
uma doce água de coco em Amaralina; ou ainda virar a cerveja ‘supergelada’
com o acarajé da Cira em Itapuã.
É muito mais saudável do que ir
buscar aventura no restante do mapa brasileiro. Por lá, tá tudo vermelho,
‘véio’. A situação não tá pra brincadeira não. Só se ouve falar em roubalheira,
petrolão, mensalão, lava jato, milhão, bilhão, suíça... T’esconjuro. Apesar de
que, meu sonho dourado era ter umas continhas na Suíça com um
bocado de zeros. Tem coisa mais linda que ficar preocupada se os nossos
milhares de euros (ou dólar, vá lá) estarão a salvo nos bancos dos gringos? Ou
ficar com a grande dúvida se vai passar uns dias na em Istambul,
Tóquio ou Madagascar? Diga se não é problemão maravilhoso?
Mas, ‘quá’! Tenho que cair na
real! Malmente tenho um reloginho que o camelô garantiu que era suíço
verdadeiro; mas toda vez que ele para, eu olho pra ele com cara feia, balanço,
sacudo com força e... Nada. Deve ser suíço daquí, do Paraguai. E contas, já
tenho muitas aqui para pagar. Muitas.
O povo das contas na Suíça tem
algumas agruras, mas tem muitas compensações. Vai me dizer que não é bom pegar
um helicóptero para ir ao trabalho evitando o trânsito? Ou fretar um aviãozinho
para o fim de semana no estado de origem com uns amiguinhos? Talvez comparecer
a seminário sobre qualquer assunto na Riviera Francesa? A burguesia tem seus
encantos.
Helô Sampaio (à direita), tietando Targino Gondim
(de branco)
Mas nós, da plebe rude, ignara e
laboriosa, também temos as nossas compensações. Dia destes, recebi um
telefonema do meu irmão juazeirense, Paulinho Maciel. Ele estava na cidade
promovendo o show do seu irmão, Targino Gondim, que se apresentava no Teatro
Rubi, no Sheraton Hotel, com o Quinteto Sanfônico. E ele fazia questão da minha
presença.
Tem coisa melhor que irmão não,
véio. Estão vendo o grande sacrifício que Paulinho queria que eu fizesse? Enlevar
o espírito com a belíssima música de Targino, acompanhado por mais quatro
sanfoneiros. Ainda bem que eu tenho vários irmãos, conquistados neste mundo de
meu Deus. Irmãos amados, do coração.
Liguei de imediato
para Joaci Tito e para a amiga e advogada Marseili Barreto, e pegamos
‘carona’ com seu marido, o Iura Mattos, secretário de Turismo de Campo Formoso.
Gente, foi uma noite mágica. O Quinteto ‘Sanfônico’ está simplesmente
maravilhoso, tocando música popular brasileira, forró, tocando tudo que é bom,
para sintetizar. O povo gostou muito e aplaudia de pé. Eu ficava orgulhosa,
pois acompanho Targino desde novinho.
Há mais de 20 anos, quando eu
militava no Sindicato dos Jornalistas, Sinjorba – que presidi por nove anos –
eu viajava muito para o interior, quando criamos a delegacia do Sinjorba em
Juazeiro, Jequié, no Extremo Sul, além de fortalecermos as já existentes:
Feira, Jequié, Itabuna e Conquista.
A minha filosofia sempre foi a de
que jornalista tem que conhecer seu estado. Não pode conhecer apenas a terrinha
em que nasceu, as mais próximas e a capital. Tem que ver a diversidade que
é o grande Estado da Bahia. Aí, eu chamava os delegados sindicais e fazia um
evento na capital, outro no interior, todos os anos. Um trabalho de louco, mas
valia a pena. E nós aproveitávamos muito.
E em Juazeiro, quem é que, ainda
novinho e imberbe, tocava para a galera navegar pelo Velho Chico, em
Sobradinho? Targino Gondim, lógico. E ele também era o convidado especial para
participar dos eventos em outras cidades do interior. A imprensa e os cidadãos
aplaudiam efusivamente o jovem sanfoneiro.
Fizemos
congresso por essa Bahia toda, em Prado, Jacobina, Barreiras, Lençóis, além das
cidades-sede. Lembro o dia que cheguei para Marquinhos Pedreira - dono do
Portal da Cidade e do Portal Lençóis, com uma conversa de ‘cerca lourenço’:
- Marquinhos, que tal levarmos
uns 100 jornalistas para conhecer Lençóis e região?
- Maravilha, Helo. Seria
ótimo. E como você pretende fazer isso?
- Simples, meu amigo querido. Vou
fazer o Congresso dos Jornalistas lá, este ano. E quero a galera toda hospedada
naquele belo Portal Lençóis, com as três refeições, lógico. E você ainda vai
arranjar uns guias para a galera conhecer a redondeza, não é, meu amigo lindo?
Marquinhos nem enfartou nem
nada. Levei a ‘tchurma’ e fizemos um dos congressos melhores e mais animados.
Era uma turma alegre, com o pessoal da Federação Nacional dos Jornalistas,
vindos de vários estados. Nem eu conhecia a região. Fiquei encantada com tudo.
Fui ao Morro do Pai Inácio, à Gruta Encantada, ao cemitério bizantino de
Mucugê; e curti as belas orquídeas de Morro do Chapéu.
Viagem e
visitas eram animadas pela sanfona do Targino. Tempo bom, que dá saudade, né,
Paulinho? Saudade aliviada, pode crer. O que não passa é a saudade do pudim que
Sandra, mulher de Paulinho, preparava pra gente. Pudim de respeito, meu. Ela
‘captou’ a receita no site do Mauro Rabelo, mas acho que hoje ela faz
melhor que naquela época. Estou para ir lá em Juazeiro, provar o bode assado e
o pudim de ‘Sandra Rosa Madalena’ e de Laise. Já que você não pode ir comigo,
meu benzinho, ponha o avental e rumemos para a cozinha. Vem, que eu te ensino.
Pudim de
leite condensado
Ingredientes:
Para
a Calda
-- 2 xíc (chá) açúcar
-- ½ xíc (chá) água fervente
-- Colocar o açúcar numa panela, em fogo baixo, deixar pegar cor; depois,
acrescentar a água fervente e mexer bem até desmanchar o açúcar.
Para o Pudim:
-- 8 ovos
-- 2 latas de leite condensado
-- 400ml de leite
-- 1 colher (sopa) de essência de baunilha
Modo de preparar
-- Bater tudo no liquidificador;
-- Despejar na forma já com a calda. Forrar com papel alumínio.
-- Por num tabuleiro com água quente e levar ao forno pré aquecido (240ºC) por
45 min (no máximo 50 min);
-- Espetar a faca: se sair limpa, retirar do forno. Esperar esfriar e
desenformar. Saborear pensando em quanto é bom apreciar as coisas gostosas da
Vida.
Uma dica: Para desenformar dê uma
sacudida de leve na forma pra ver se o pudim soltou. Se sentir que tá um pouco
grudado, esquentar o fundo da forma rapidamente na boca do fogão pra dar uma
desmanchada na calda e o pudim soltar mais fácil.
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