Economia brasileira
Dilma pedalando, exímia ciclista, mas...
Cifra vai subir caso TCU
determine que manobras fiscais devem ser quitadas de uma vez
ANA CAROLINA CORTEZ / HELOÍSA MENDONÇA, São Paulo,
Para o EL PAÍS – O JORNAL GLOBAL -
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Ministro da Fazenda,
Joaquim Levy / NELSON
ALMEIDA (AFP)
O documento foi enviado nesta terça-feira ao relator do projeto de lei
que altera a meta fiscal deste ano, o deputado Hugo Leal, e depende de votação
no Congresso. Segundo o ofício, as projeções do Governo não incluem as
pedaladas de 2014, referentes a dívidas da União com o Banco do Brasil, o BNDES, o FGTS e a Caixa Econômica Federal. No caso da
Caixa, o pagamento devido refere-se à remunerações bancárias, um passivo que
não está sendo cobrado pelo Tribunal de Contas em 2014, mas que é alvo de
investigações em nova denúncia de supostas pedaladas, desta vez em
2015.
Após a oficialização do
documento, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu que o Congresso vote
rapidamente a alteração na meta fiscal. "Temos que, da nossa parte, demonstrar
ao Brasil que queremos construir uma saída, que estamos dispostos a
materializá-la e o que couber ao Legislativo fazer, é fundamental que o faça
logo", disse. Questionado se as pedaladas deveriam ter sido incluídas na nova
meta, o
peemedebista disse apenas que "quanto mais real, melhor".
Antes do anúncio da nova
projeção, Levy já tinha afirmado, em evento em São Paulo, que a meta seria o que o relator decidisse, mas que estaria próxima a
um déficit de 1% do PIB. Segundo o ministro, as revisões "sucessivas"
do crescimento do país neste ano e a queda das arrecadações contribuíram para
deixar as contas no vermelho.
Levy destacou ainda que o corte
de 10% nos salários dos ministros é "uma pequena contribuição" para o
esforço fiscal do Governo, mas que o grosso das despesas públicas vem, na
verdade, de transferências e subsídios. "O primeiro passo do crescimento é
dar um rumo ao fiscal. Mas depois, precisamos trabalhar aspectos estruturais.
Se não, batemos de novo no muro", afirmou.
O ministro disse ainda que
a economia brasileira tem demonstrado uma enorme resiliência e que será
possível "surpreender positivamente aqueles que se assustam no curto
prazo".
Déficit pode ser maior
O governo reconhece, entretanto,
que a previsão do déficit poderá ser ainda maior do que o estimado. "A
meta de resultado primário [sem incluir pagamento com juros de dívida do
Governo] poderá ser reduzida na hipótese de frustração de receitas e de
pagamento de passivos" devidos pela União ao FGTS, ao BNDES, ao BB e à CEF
- ou seja, as pedaladas fiscais. O documento não detalha os valores que
posteriormente poderiam ser quitados com essas instituições, mas indica que não
devem pagar toda a dívida que já foi apontada pelo TCU na análise das contas do
ano passado.
A nova meta não considera alguns
débitos, como as dívidas do Governo para cobrir os subsídios com o BNDES
contraídas após o primeiro trimestre de 2014, nem as do BB a partir do
segundo semestre de 2014. No documento, o Governo não justifica o porquê. Dessa
forma, o valor máximo a ser abatido será de 21,89 bilhões de reais, diferente
dos 40 bilhões já detectados pelo TCU.
Em tom que endossa o discurso de
Levy do último dia 23, de que "não há pedalada em 2015", o texto
entregue ao relator nesta tarde afirma que o "Governo vem efetuando
pagamento de subsídios em montante superior aos valores realizados nos anos
anteriores". De acordo com os cálculos apresentados no documento, em 2014
a União desembolsou 9,8 bilhões de reais com subsídios. Já no acumulado de
janeiro a agosto de 2015, o pagamento cresceu 196%, chegando a 20 bilhões.
A nova estimativa do déficit pode ser frustrada não
apenas pelas pedaladas, mas também pela arrecadação menor de receitas no
segundo semestre.
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