Personalidade
Publicado por Lynn
Colling,
é publicitária, cinéfila e editora do blog
'Película Criativa'.
O roteiro de “Grace – A
Princesa de Mônaco” foi escrito por Arash Amel e ficou no
congelador durante muitos anos, até cair nas mãos de Harvey Weinstein.
O longa tinha estreia prevista para o último semestre de 2013, mas sofreu
atrasos por divergências entre Olivier Dahan e o estúdio. O
motivo da briga entre o diretor e Weinstein foi a versão final do filme.
Grace Kelly
“Grace – A Princesa de Mônaco” mostra um
pequeno período da vida de Grace Kelly. No filme, Grace (Nicole Kidman) luta
para encontrar o seu lugar no pequeno principado de Mônaco. À medida que ela
considera aceitar o convite de Alfred Hitchcock (Roger Ashton-Griffiths) para
voltar ao cinema, Rainier (Tim Roth) se envolve em uma tensa disputa com o
presidente francês Charles De Gaulle.
À primeira vista, o filme parece carregar
todos os ingredientes necessários para agradar o espectador: intrigas na corte,
crise de identidade, e um romance turbulento. Também parecia ser a oportunidade
perfeita para Olivier Dahan entrar com o pé direito em Hollywood. Mas toda a
sensibilidade demonstrada pelo cineasta em “Piaf - Um Hino ao Amor” (La Vie En
Rose) não foi encontrada neste projeto. À medida que a trama se desenvolve, o
espectador sente dificuldade em levar a sério os fatos apresentados.
Grece Kelly e o marido o príncipe de Mônaco, Rainier.
Mas o sofrimento não termina por aí. Na reta
final do filme, Grace encontra-se em um luxuoso hotel e entrega um dos
discursos mais importantes de sua vida. Para retratar a cena, o diretor cometeu
alguns equívocos e castigou a imagem de Nicole Kidman. Com a câmera
exageradamente próxima, ele deixou apenas uma pequena parte do rosto da atriz
visível.
É evidente que Olivier Dahan não soube
aproveitar os cenários exuberantes de Mônaco, e talvez nunca vou compreender os
verdadeiros objetivos do cineasta. Apesar de tudo, “Grace – A Princesa de
Mônaco” possuiu uma bela fotografia, mas isto é um pré-requisito para qualquer
produção do tema.
Os esforços do elenco são visíveis,
principalmente da parte de Nicole Kidman. Ela foi crucificada por sua atuação,
mas acredito que a atriz foi competente e simplesmente trabalhou de acordo com
a proposta apresentada. Kidman não é o problema de “Grace – A Princesa de
Mônaco”, sua atuação apenas não garantiu o sucesso do filme.
Muitos ainda não aprovam a escolha da atriz
para o papel principal e colocam em debate a idade de Nicole Kidman. Várias
atrizes de Hollywood foram cogitadas para viver Grace Kelly no cinema, entre
elas: Jessica Chastain, Emily Blunt, Charlize Theron, Reese Witherspoon,
Gwyneth Paltrow, Kate Hudson, Rosamund Pike, Amy Adams, January Jones e
Elizabeth Banks.
Não tenho problemas com a escolha de Nicole
Kidman. É uma tarefa difícil representar a imagem de uma das maiores divas da
Era de Ouro do cinema norte-americano. Kidman conseguiu trazer a elegância
clássica de Kelly para sua atuação, e ainda encontrou o equilíbrio entre a
personalidade forte e a atitude destemida da personagem.
Em segundo plano, os excelentes Tim Roth e
Frank Langella também foram vítimas de um roteiro falho. Entre eles, Roth foi o
maior prejudicado com seu retrato de Rainier, um personagem sem destaque,
antipático e com diálogos restritos. Milo Ventimiglia, Paz Vega e Parker Posey
completam o elenco.
É fato que Hollywood não obteve sucesso com
suas biografias de princesas. É impossível esquecer de “Diana”, filme estrelado
por Naomi Watts - conterrânea e grande amiga de Kidman. Ambos os filmes foram
dirigidos por nomes promissores, contaram com a presença de atrizes renomadas
no papel principal, mas não conseguiram compreender a essência da pessoa em
questão.
O roteiro de “Grace – A Princesa de Mônaco” é
completamente bipolar. Em alguns momentos, o longa trata de assuntos sérios,
como as inseguranças de Grace Kelly como artista. Com a ajuda da trilha sonora,
o filme também possui alguns momentos cômicos, e deixa o espectador em um
estado de transe com a trama.
A tentativa absurda de incriminar a irmã de
Rainier por conspiração ainda é difícil de engolir. Em geral, o filme
proporciona uma experiência frustrante - principalmente para quem conhece a
história de vida de Grace Kelly e suas habilidades como atriz - ela foi a
estrela de alguns dos maiores clássicos do cinema, como "Janela
Indiscreta" "Disque M Para Matar" e "Alta Sociedade".
“Grace – A Princesa de Mônaco” comentou
falhas gravíssimas no desenvolvimento de seus personagens, principalmente ao
abordar a fase mais polêmica da vida de Grace Kelly. Suas realizações como
pessoa, atriz, mãe e princesa não correspondem com as expectativas do
espectador e com a imagem que a própria Kelly construiu ao longo dos anos.
Fica a pergunta: será que a versão de Harvey
Weinstein era melhor?
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