História
Heróis
anônimos que o Brasil precisa reverenciar
"Arrieiro" vem
de "arre", interjeição usada
para incitar os animais a andarem. "Bruaqueiro" vem de
"bruaca", saco de couro usado para transportar cargas no lombo de
animais.
Eles marchavam em comitiva, cada uma delas era
dividida em lotes de sete animais, cada um aos cuidados de um homem que os
controlava através de gritos e assobios. Cada animal carregava cerca de 120
quilogramas e chegava a percorrer até 3 000 quilômetros.
Num sentido mais amplo, também designa o
comerciante que comprava tropas de animais para revendê-las, e mesmo o
"tropeiro de bestas", que usava os animais para, além de vendê-los,
transportar outros gêneros para o comércio nas várias vilas e cidades pelas quais passava. No sentido mais estrito,
"tropeiro" é o peão cuja
função, na pecuária extensiva brasileira (inclusive nas comitivas), consiste em
reunir pela manhã, cuidar durante o dia e alojar à noite a tropa de cavalos de
serviço que os peões campeiros trocam durante a jornada de trabalho. Além de
seu importante papel na economia, o tropeiro
teve importância cultural relevante como veiculador de ideias e notícias entre
as aldeias,
construtor de caminhos e trilhas entre comunidades distantes entre si,
numa época em que não existiam estradas no
Brasil.
Um dos marcos iniciais do tropeirismo foi quando a
Coroa Portuguesa instalou, em 1695, na Vila de Taubaté, a Casa de Fundição de Taubaté, também chamada de
Oficina Real dos Quintos. A partir de então, todo o ouro extraído das Minas Gerais deveria ser levado a esta Vila e, de lá,
seguia para o porto de Parati, de
onde era encaminhado para o reino via cidade do Rio de Janeiro.
Ao longo das rotas pelas
quais se deslocavam, ajudaram a fazer brotar várias das atuais cidades do Brasil.
As cidades de Taubaté, Sorocaba, Viamão, Santana de Parnaíba, Castro, Cruz Alta e São Vicente são algumas das
pioneiras que se destacaram pela atividade de seus tropeiros.
Ainda hoje, tropeiros
atuam em algumas regiões do Brasil, como os que transportam queijos e doces da região
de Itamonte, em Minas Gerais, para Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro.
Na região sul do Brasil, "tropeiro" era o condutor de
tropas de muares da cidade de Viamão até Sorocaba. Essas tropas abasteciam o ciclo do ouro em Minas Gerais no século XVIII. Essa atividade foi responsável pela fundação de
inúmeras cidades nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Antes das estradas de ferro, e muito antes dos caminhões, o comércio de mercadorias era feito por tropeiros
nas regiões onde não havia alternativas de navegação marítima ou fluvial para sua distribuição. As regiões
interioranas, distantes do litoral, dependeram durante muito tempo desse meio
de transporte por mulas. Desde fins do século XVII, as lavras mineiras, por exemplo, exigiram a formação de grupos de
mercadores no comércio interiorano. Inicialmente chamados de homens do caminho,
tratantes ou viandantes, os tropeiros passaram a ser fundamentais no comércio
de escravos, alimentos e ferramentas dos mineiros.
Longe de serem comerciantes especializados, os
tropeiros compravam e vendiam de tudo um pouco: escravos, ferramentas,
vestimentas etc. A existência do tropeirismo estava intimamente relacionada ao
ir e vir pelos caminhos e estradas, com destaque para a Estrada real - via pela qual o ouro mineiro chegou ao
porto do Rio de Janeiro e seguiu para Portugal.
O constante movimento, o ir e vir das tropas, não
só viabilizou o comércio como também se tornou elemento chave na reprodução
econômica do tropeirismo.
Os tropeiros transportavam uma grande
variedade de mercadorias como açúcar mascavo, aguardente, vinagre, vinho, azeite, bacalhau, peixe seco, queijo, manteiga, biscoito, passas, noz, farinha, gengibre, sabão, fruta seca, chouriço, salame, tecido,
alfaias, marmelada, coco, carne seca, algodão, sal, vidro para
janelas.
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