Ciência
Furacões
especialmente destruidores podem ter seus nomes retirados e substituídos nas
listas, como o Katrina
O furacão Patricia atingiu
o Estado de Jalisco, no México, na noite desta sexta-feira com ventos 265 km/h
e já entrou para a história como o furacão mais forte registrado nas Américas.
Ele estará na companhia de outras tempestades famosas pelos efeitos desastrosos
como Andrew, de 1992 e Katrina, de 2005.
Usar
nomes humanos – em vez de números ou termos técnicos – nas tempestades tem o
objetivo de evitar confusão e fazer com que seja mais fácil lembrar deles ao
divulgar alertas.
Mas
ao contrário do que dizem alguns boatos populares, a escolha dos nomes não tem
nada a ver com políticos e não se trata de homenagens a pessoas que morreram no
desastre do navio Titanic.
A
lista de nomes para os ciclones tropicais do Atlântico foi criada em 1953 pelo
Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) e seu
padrão foi usado para as listas de outras regiões do mundo.
Atualmente,
as listas são mantidas e atualizadas pela Organização Meteorológica Mundial,
agência da ONU baseada em Genebra, na Suíça.
As
listas dos furacões de cada ano são organizadas em ordem alfabética, alternando
nomes masculinos e femininos. E os nomes de tempestades são diferentes para
cada região.
A
atual temporada de furacões no Pacífico é a mais ativa já registrada, com 15
registrados até o momento. Assim, já passamos por Andres, Blanca, Carlos,
Dolores, Enrique, Felicia, Guillermo, Hilda, Ignacio, Jimena, Kevin, Linda,
Marty, Nora e Olaf, até que chegasse o furacão Patricia.
As
listas são recicladas a cada seis anos, o que significa que, em 2021, Patricia
pode aparecer novamente.
Os
comitês regionais da OMM se reúnem anualmente para falar sobre que tempestades
do ano anterior foram especialmente devastadoras e, por isso, devem ter seus
nomes "aposentados".
Depois
que o furacão Katrina deixou mais de dois mil mortos em Nova Orleans, nos
Estados Unidos, em 2005, o nome da tempestade foi substituído. Em 2011, quem
apareceu em seu lugar, com menos alarde, foi a tempestade Katia.
Mulheres e homens
Koji
Kuroiwa, chefe do programa de ciclones tropicais na OMM, diz que o Exército
americano foi o primeiro a usar nomes de pessoas em tempestades durante a
Segunda Guerra Mundial.
"Eles
preferiam escolher nomes de suas namoradas, esposas ou mães. Naquela época, a
maioria dos nomes era de mulheres."
O
hábito tornou-se regra em 1953, mas nomes masculinos foram adicionados à lista
nos anos 1970, para evitar desequilíbrio de gênero.
Mas
em 2014, um estudo de pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados
Unidos, afirmou que furacões com nomes de mulheres matam mais pessoas que
aqueles com nomes masculinos, porque costumam ser levados menos "a
sério" e, consequentemente, há menos preparação para enfrentá-los.
Os
cientistas analisaram dados de furacões que atingiram o país entre 1950 e 2012,
com exceção do Katrina em 2005 – porque o grande número de mortos poderia
distorcer os resultados.
O estudo, que foi divulgado na publicação
científica Proceedings of the National Academy of
Sciences (PNAS), afirmou que cada furacão com nome masculino causa,
em média, 15 mortes. Já os que têm nomes femininos provocam cerca de 42.
Kuroiwa
diz que o uso de nomes próprios pretende fazer com que as pessoas entendam
previsões e alertas mais facilmente, mas o público frequentemente tem vontade
de participar.
"Temos
muitos pedidos todos os anos: 'por favor, use meu nome ou o nome da minha
esposa ou da minha filha'."
Nomes regionais
Durante
a era vitoriana na Grã-Bretanha, as tempestades eram nomeadas aleatoriamente.
Uma tormenta no oceano Atlântico que destruiu o mastro de um barco chamado
Antje, em 1842, foi chamada de Furacão de Antje.
Outros
furacões foram identificados por suas localizações, mas coordenadas de latitude
e longitude não eram tão fáceis de identificar e comunicar a outras pessoas.
Um
meteorologista australiano do século 19, Clement Wragge, se divertia usando
nomes de políticos dos quais não gostava. Na região do Caribe, os furacões já
foram nomeados em homenagem aos santos católicos dos dias em que eles atingiam
cidades.
Atualmente,
os nomes mudam de acordo com a região dos ciclones.
"No
Atlântico e no leste do Pacífico, usam-se nomes reais de pessoas, mas há
convenções diferentes em outras partes do mundo.", diz Julian Heming,
cientista de previsões tropicais no Met Office, escritório de meteorologia
britânico.
Heming
diz que no oeste do Pacífico, por exemplo, também se utilizam nomes de flores,
animais, personagens históricos e mitológicos e alimentos, como Kulap (rosa em
tailandês) e Kujira (baleia, em japonês).
"O
importante é ser um nome do qual as pessoas possam se lembrar e identificar.
Antes, esta região usava nomes em inglês e, há 10 anos, decidiu-se que eles
deveriam ser mais apropriados para a região."
Hoje
em dia, Sandy poderia chegar aos Estados Unidos, mas Anika se aproximaria da
Austrália, Bakung chegaria à Indonésia e Bulbul poderia atingir a Índia.
As
letras Q,U,X, Y e Z não são usadas na lista das tempestades no Oceano Atlântico
por causa da escassez de nomes próprios com elas. Neste caso, há, no máximo 21
tempestades nomeadas em um ano até acabar a lista.
Mas
o que acontece depois que a lista acaba? "Se o resto da temporada tiver
muita atividade, temos que usar letras do alfabeto grego", diz Heming.
Furacões, tufões e ciclones descrevem o mesmo
fenômeno climático, mas recebem nomes diferentes a depender do lugar do mundo
onde se formam.
Os furacões, como Patricia, se formam à leste da
Linha Internacional de Data. Tufões e ciclones e formam ao oeste da mesma.
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