Publicado por Gisele Bellucci
é paulistana, formada em Publicidade e Propaganda, yogini, escritora e
completamente apaixonada por livros e pelas histórias que eles contam.
Se você já pensou mesmo
em escrever um livro, deve ter se deparado com algumas dificuldades e dúvidas a
respeito. Esse artigo pretende mostrar a você que não é tão difícil quanto
parece e irá transformar esse bicho de sete cabeças em algo com que você possa
lidar facilmente. Não são simplesmente regras, mas sim, dicas que podem lhe
ajudar nesse processo e torná-lo cada vez mais agradável, tanto para você,
escritor, como para os seus leitores.
Você já pensou em
escrever um livro? Este é o título do livro da escritora Sonia Belloto, também
publicado em Portugal, com o título Como escrever um livro e conseguir que um
editor o publique. Sonia e eu nos tornamos grandes amigas, e na época em que o
adquiri parecia fazer alquimia transformando sonhos em realidade. Parece que
está no inconsciente coletivo que para se tornar um escritor de verdade é
preciso ter uma vida desregrada, com muita boemia e álcool. Mas através deste
livro pude perceber que não é bem assim, e que a primeira característica para
se tornar um escritor é a disciplina. Você terá de ser fiel ao seu propósito de
vida e descobrirá brevemente se é isso mesmo que quer para a sua vida. Terá de
permanecer horas sentado na frente do computador, ver tudo à sua volta com
outros olhos, captando novas ideias para a sua próxima história, e ter sempre à
mão um bloco de notas para registrar o que é importante, porque pode ser que
uma grande ideia lhe apareça de supetão em um sonho, em uma conversa alheia, ou
sabe-se lá quando e onde. Assim, não perca nenhuma oportunidade.
Aprendi com minha amiga escritora que são
necessários cinco personagens de você mesmo para o processo da escrita, sendo:
garimpeiro, planejador, escritor, copidesque e divulgador. Estes cinco
personagens devem aparecer separadamente, cada qual no seu momento, sem deixar
que um interfira no outro, como por exemplo, o copidesque não pode vir antes do
escritor. Nunca permita que um tome o lugar do outro, porque você poderá
eliminar algo que seria crucial para uma boa escrita. Claro que o fato do
escritor ser um leitor assíduo também ajuda muito na escrita e no vocabulário,
sem contar nas ideias que poderão surgir ao ler uma história. Por mais que você
goste e se inspire em uma história em particular, quando for escrever a sua ela
será diferente e terá o seu próprio olhar. Não tema se inspirar nas histórias
que lê, pois isto é natural. O que não pode é plagiar na cara dura, apenas
"copiando" aquele texto que você adora. No entanto, as mesmas ideias
podem surgir para pessoas diferentes, e cada uma terá um olhar específico,
porque cada um de nós vive sua própria vida, é criado de tal maneira, acredita
ou não em contos de fadas, e tudo isto acaba influenciando a obra.
Para melhorar a escrita, nada melhor do que o
treino. Escreva sem pudor e sem medo. Simplesmente escreva. Jamais julgue o que
está escrevendo, nem tenha medo do que os outros vão pensar. Escreva. Depois de
ter colocado suas ideias no papel, nada melhor do que adequar o seu texto, e
para isto existem algumas "regras" da escrita criativa, como por
exemplo, escrever frases curtas ou longas, mas sempre claras, deixar o leitor
criar uma imagem particular na própria mente, ter boa gramática ao escrever,
embora o revisor de textos possa auxiliá-lo. Também tem as "ilustrações"
para adultos, que são as analogias, bastante lúdico e cativante.
Depois que você conseguir planejar seus
personagens, criar uma história com começo, meio e fim, através de uma sinopse,
é chegada a hora de relacionar a sua história à jornada do herói, uma influente
estrutura do livro "O herói de mil faces", de Joseph Campbell. A
estrutura básica é bem simples e mostra o herói (protagonista) em sua rotina.
Em seguida ele sai deste mundo comum e se depara com novas experiências, até
que ao final da história ele retorna ao mundo comum, mas transformado, porque
passou por uma experiência e aprendeu uma lição. Este é um modelo usado como
ferramenta de orientação, e não como uma forma rígida na qual as histórias
devem ser encaixadas. Mas seguir as 12 etapas da Jornada do Herói dá certo.
Primeiramente o protagonista vive a sua rotina, depois é chamado para a
aventura, recusa o chamado, passa pelo encontro com o mentor, faz a travessia
do limiar, passa por testes, aliados e inimigos, se aproxima do objetivo, passa
pela provação suprema, conquista a recompensa, se prepara para o caminho de
volta, sofre uma depuração e, finalmente, retorna ao mundo comum (rotina)
transformado, porque viveu a experiência e se fortaleceu no aprendizado. Esta
estrutura, desvendada por Campbell, não lhe dá a pedra filosofal, mas mostra um
caminho, um guia, lhe oferece um norte, de onde partir e para onde ir. A
maioria das histórias se encaixa neste modelo, especialmente os best-sellers, e
se a sua história se adequar a esta estrutura, já terá meio caminho andado.
Por fim, nada melhor do que o entusiasmo para
se escrever uma história, o talento, a vontade de seguir em frente, apesar de
todas as dificuldades que colidem conosco em todas as carreiras. Se realmente
você quiser se tornar um escritor, não poderá focar nos problemas e sim nas
soluções. Enfrentamos dificuldades em todas as áreas, e nesta não seria
diferente. Como diz o ditado popular: "quem quer arruma um jeito, quem não
quer arruma uma desculpa". Mas eu tenho certeza que você vai arrumar um
jeito de escrever uma história cativante, e quero ser a primeira na fila dos
autógrafos!
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