História
Publicado por Graça C.
Moniz,
nasceu em
Viseu (Portugal), mas estudou Direito no Porto. Gosta muito de viajar: já
trabalhou num restaurante em Londres, estudou Francês em Paris e fez
voluntariado em Moçambique. Também é fã de séries e interessada em Arte,
Cinema, Livros...
© Retrato de Marie Antoinette aos 16 anos,
(Wikicommons, de Joseph Kreutzinger).
Maria Antonieta Josefa Joana de
Habsburgo-Lorena (em francês: Marie Antoinette Josèphe Jeanne de
Habsbourg-Lorraine), arquiduquesa da Áustria, foi a rainha consorte de França
de 1774 até à Revolução Francesa, em 1789. Era a filha mais nova de Maria Teresa
de Habsburgo e de Francisco Estêvão de Lorena, imperatriz e imperador do Sacro
Império Romano-Germânico. Casou-se em 1770, aos catorze anos de idade, com o
delfim francês Luís Augusto de Bourbon, que, em 1774, se tornou o rei de
França, com o nome de Luís XVI.
Na corte hostil de Versalhes, Marie decide,
portanto, criar o seu universo recorrendo à moda. A rainha mudava
constantemente a sua aparência, variando entre penteados extravagantes a
vestimentas bucólicas de campo que desfilava num círculo mais privado, no seu
Petit Trianon, passando ainda pelas andróginas silhuetas masculinas de montar.
Reinventando-se constantemente, Antoinette conseguia manter o público e o povo
curiosos sobre a sua próxima faceta. Tal como Madonna, a rainha acendeu os
debates nacionais sobre a sexualidade feminina, utilizando-se da moda quando
queria dar um recado à corte. Terá sido um acirro aos ânimos já de si
revolucionários?
Diante de uma corte rígida, cheia de costumes
e tradições, Marie chocou e fez sucessoras com o seu estilo sui generis e fora
dos padrões da época. Diariamente, a rainha recebia a visita da modista Rose
Bertin, conhecida como a "ministra da Moda". Desses encontros saíram
roupas e acessórios que fariam os carnavalescos do Brasil roerem-se de inveja,
e que inspiram os estilistas até os dias de hoje. Por exemplo, John Galliano
criou, em 2000, uma coleção inteira de alta-costura para a Christian Dior
inspirada em Maria Antonieta e, mais recentemente, a coleção Cruise 2012/2013
de Karl Lagerfeld reabilita a opulência e frivolidade do século XVIII misturada
com uma boa dose de glam rock. Segundo algumas comentadoras de moda, a coleção
traz-nos uma "Marie Antoinette pronta para uma noitada". Outra
importante personagem na vida desta monarca foi o seu cabeleireiro Leonard que,
junto com Maria Antonieta, criaram o famoso penteado pouf ( um penteado
altíssimo, segurado por arames e enfeitado), muito copiado pelas mulheres da
aristocracia.
Astutamente, por meio de roupas novas,
sapatos e penteados, a rainha impôs-se e colocou-se acima de qualquer mulher
francesa, o que garantiu também que o seu marido não tivesse necessidade de ter
mais nenhuma mulher, como era costume na época. Na verdade, o normal era as
soberanas francesas projetarem uma imagem dócil e discreta, longe de todos os
holofotes, cabendo antes às amantes dos monarcas demonstrarem o seu poder
através de uma moda exibicionista e espampanante.
Cleópatra e Isabel I de Inglaterra também
foram governantes que criaram uma moda própria, espelho do esplendor dos seus
reinados, aproveitando-se do poder que a aparência tem para sugerir e
influenciar opiniões, assim como para projetar a imagem pretendida. Cleópatra
usava o poder da sua beleza para influenciar os negócios do estado, Isabel
criou um vestuário fantástico e poderoso, tradutor do período em que reinou.
Marie não foi exceção: "ela usava a moda como um instrumento político,
como forma de aumentar ou sustentar a sua autoridade em momentos em que parecia
estar sob risco, como nos sete anos que se passaram antes que ela tivesse um
filho", diz Caroline Weber, especialista em cultura francesa do século
XVIII e autora de "Queen of Fashion".
E foi exatamente esta utilização da moda,
como uma espécie de afirmação, que fez com que a rainha tivesse várias
"fases". Numa delas, por volta de 1780, incorporou o conceito de Jean
Jacques Rousseau de "retorno à natureza". A fim de escapar dos
rigores da vida na corte, a jovem rainha começou a vestir-se com um simples
vestido de algodão e um grande chapéu de palha, chocando tudo e todos com a
ideia de uma monarca pastora. Na verdade, o gosto simples de Antoinette atraiu
ainda mais crítica que a sua antiga opulência. Com o cabelo desempoado e
vestidos de linho, foi acusada não só de tentar colocar o vendedor francês de
seda para fora do mercado em benefício dos seus irmãos tecelões belgas e
alsacianos, como também foi acusada de reduzir o prestígio da monarquia por ser
demasiado casual. Independentemente do que fizesse, havia (e há!) sempre
aqueles que iriam criticar. No caso de Marie, o facto de ser austríaca fez dela
um objeto de suspeição a partir do momento em que pisou território francês,
mesmo entre a família Real. Para aqueles que procuravam o poder político pela
supressão do regime real, a rainha de Luís XVI, com sua beleza e jovem
imprudência, foi o alvo perfeito.
Em 1783 a economia cambaleava e Maria
Antonieta ganhou o apelido de "Madame Déficit". Os seus hábitos
extravagantes tornaram-se alvo da revolta popular contra tudo o que estava
errado no Antigo Regimes. Atribui-se a Maria Antonieta uma famosa frase:
"Se não têm pão, que comam brioches", que teria sido proferida a uma
das suas camareiras certa vez que um grupo de pobres foi ao palácio pedir pão
para comer. No entanto, é consenso entre os historiadores que a rainha nunca
disse a frase, que esta foi sendo usada contra ela durante a Revolução
Francesa. Os registos históricos mostram, claramente, que, na época da sua
coroação, Maria Antonieta angustiava-se com a situação dos pobres. Na
correspondência com a mãe, Marie chega a comentar o alto preço do pão. Escreveu
mesmo que: "Tendo visto as pessoas nos tratarem tão bem, apesar de suas
desgraças, estamos ainda mais obrigados a trabalhar pela felicidade
deles".
© obvious: http://obviousmag.org/archives/2012/07/marie_antoinette_a_madonna_do_seculo_xviii.html#ixzz3rBNO2VDi
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