MPB
Alejandro Sanz, Julieta Venegas e Seu Jorge
prestam homenagem em show em Las Vegas
PABLO XIMÉNEZ DE SANDOVAL, Las Vegas, 19 NOV 2015
Roberto
Carlos, durante sua homenagem em Las Vegas. / JOHN PARRA (WIREIMAGE)
Várias
gerações de artistas de 12 países ibero-americanos subiram a um palco na
quarta-feira à noite para celebrar o legado musical de Roberto Carlos, o rei no Brasil, talvez o intérprete de
música popular mais internacional que o país já deu e uma referência da música
latina. Os salões de um cassino de Las Vegas foram o cenário do concerto em
homenagem à Pessoa do Ano, na entrega dos Grammys 2015. As piadas sobre os milhões de
amigos de Roberto Carlos surgiam naturalmente.
“Roberto
Carlos é a ponte entre o Brasil e a Espanha”, dizia a EL PAÍS o espanhol
Alejandro Sanz minutos antes de subir ao palco para cantar Lady Laura. “Em
um dado momento, fui dos primeiros em tomar a decisão de cantar em espanhol.”
Foi uma das atuações mais poderosas da noite, bem como uma enorme versão de El
Progresso (“Yo quisiera ser civilizado como los animales" /
"Eu queria ser civilizado como os animais”) interpretada pelo colombiano
Carlos Vives e a mexicana Julieta Venegas. Boa parte das músicas foi cantada na
versão em espanhol.
Sem poder evitar que centenas de vozes cantarolassem com ele baixinho, o atual ídolo da
bachata (ritmo popular dominicano) Romeo Santos tinha inaugurado a noite com El
gato que está triste y azul (O Gato que Está Triste e Azul, do
original em italiano Un Gatto nel Blu (“Cuando era un
chiquillo, qué alegría…” / “Quando era um menininho, que alegria…”). Os
brasileiros Ana Carolina e Seu Jorge cantaram em português A Distância(“Quantas
vezes eu pensei voltar/e dizer que o meu amor nada mudou…”). Honestly
(Falando Sério) foi apresentada em inglês, interpretada por Dionne
Warwick. O catálogo de Roberto Carlos foi esmiuçado nos três idiomas nos quais
hoje se expressa a música latina. “Obrigado por cantar em espanhol”, disse
Carlos Vives a Roberto Carlos, no palco.
O
homenageado declarou no tapete vermelho sentir-se “muito emocionado e feliz”
diante de “um momento muito especial que será inesquecível”. O show Pessoa do
Ano dos Grammys Latinos é um evento que antecede a cerimônia de
premiação, marcada para esta quinta-feira. No ano passado, foi a vez do
espanhol Joan Manuel Serrat. Os músicos convidados interpretam as canções do
homenageado em um jantar com ele.
“Como aqui
ninguém me conhece, estou tranquilo”, dizia o espanhol Melendi no tapete
vermelho. É a primeira vez que ele comparece aos Grammys Latinos e a Las Vegas.
Subiu ao palco com a também espanhola Malú para cantar Yo te amo, te
amo, te amo e a canção Ilegal, inmoral o engorda (Ilegal,
Imoral ou Engorda). “Acho que caiu como uma luva, é uma honra cantá-la. Eu me
identifico muito. Sou de 79, cresci com suas canções. Roberto Carlos é uma
referência da música latina que está à altura dos Stones.”
O espanhol Miguel Bosé,
homenageado em 2013 no mesmo formato, ia apenas desfrutar do show pela primeira vem em
muitos anos, sem ter de cantar. Muito comprometido com a Academia Latina da
Gravação, o cantor deixava no tapete vermelho uma reflexão sobre o alcance
internacional desses prêmios, que contrasta com a distância com que são vistos
na Espanha. “Nós, artistas, somos a marca da Espanha. É preciso que nos apoiem
mais. O que a Academia conseguiu (com os Grammys) é fantástico. É preciso estar
presente na academia de todos”, disse, em referência aos músicos espanhóis.
Um show de estribilhos que são
hinos e a trilha sonora de qualquer criança dos setenta ou dos oitenta terminou
com Roberto Carlos presenteando os espectadores com duas canções. O final,
claro, foi para dizer que queria ter um milhão de amigos e bem mais forte poder
cantar, uma frase que na sua voz e ao vivo continua sendo inevitável
acompanhar.
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