quarta-feira, 25 de novembro de 2015

PECUARISTA BUMLAI É DETIDO POR TRÁFICO DE INFLUÊNCIA USANDO O NOME DE LULA

Operação Lava-Jato


Empresário foi preso em operação batizada de Passe Livre, por seu livre acesso ao Planalto
(CAI O MAIS PRÓXIMO AMIGO DE LULA)


AFONSO BENITES Brasília 
Para EL PAÍS – O JORNAL GLOBAL




O empresário José Carlos Bumlai, em foto de 2010. / GABRIELA BILÓ (ESTADÃO CONTEÚDO)


A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira o pecuarista José Carlos Bumlai em decorrência da 21ª fase da operação Lava Jato, que investiga os desvios bilionários da Petrobras. Apontado como amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bumlai é acusado de fazer tráfico de influência usando o nome do ex-presidente Lula e até de seus parentes. Batizada de Passe Livre, essa nova fase da Lava Jato levou esse nome porque Bumlai tinha livre acesso ao Palácio do Planalto.
O pecuarista estava hospedado em um hotel de luxo em Brasília, cidade onde estava para prestar depoimento para a Comissão Parlamentar de Inquérito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a CPI do BNDES. Segundo a PF, ele foi preso momentos antes de tomar seu café da manhã.
A prisão de Bumlai aproxima as investigações do nome do ex-presidente. Em depoimento à Polícia Federal, o lobista e delator da Lava Jato Fernando Soares, o Baiano, disse que uma das empresas que ele representava, a OSX, tinha interesse em participar de uma concorrência da Petrobras. Para isso, tentou se aproximar do ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que teria feito essa aproximação foi Bumlai. Em troca, o empresário pediu o pagamento de dois milhões de reais que, de acordo com Baiano, seriam destinados para uma nora do ex-presidente pagar parte de um imóvel adquirido por ela.
O doleiro não especificou qual nora seria. Em entrevista ao O Estado de São Paulo dias depois do depoimento de Baiano vir a público, Bumlai disse que não havia usado o nome de ninguém e que havia pedido dinheiro para ele mesmo, pois suas empresas estavam em dificuldade. O pecuarista disse que pegou 1,5 milhão de reais emprestados de Baiano, mas que os recursos foram usados para pagar salários de funcionários de uma de suas empresas e teria como provar isso. “Não paguei conta de nora de Lula, apartamento, nada a ver. Não tenho nada a ver com isso”, afirmou na ocasião.
Em nota, a polícia disse que “complexas medidas de engenharia financeira foram utilizadas pelos investigados com o objetivo de ocultar a real destinação dos valores indevidos pagos a agentes públicos e diretores” da Petrobras. O pagamento a Bumlai teria sido feito por meio da simulação de um contrato falso de locação de equipamentos. Baiano relatou aos investigadores que o negócio com o navio-sonda não prosperou, mas que o pecuarista não devolveu o dinheiro que teria recebido. Tanto Lula, por meio de seu instituto, quanto Bumlai negam as irregularidades.
A PF informou que além da prisão do pecuarista, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão e seis de condução coercitiva nas cidades de São Paulo, Lins, Sorocaba, Dourados, Campo Grande, Rio de Janeiro e Brasília.
Natural de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, Bumlai se aproximou de Lula na campanha eleitoral de 2002, quando o petista venceu o pleito. Naquele ano, o fazendeiro cedeu sua propriedade para o petista gravar parte de seu programa eleitoral. Desde então, ele é visto como um dos principais aliados do ex-presidente e o empresariado brasileiro, e já foi até chamado de o conselheiro rural de Lula.
Agora, Bumlai será transferido para a sede da superintendência da PF de Curitiba, onde se juntará a parte dos outros megaempresários detidos pelo esquema de corrupção na Petrobras.


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