quarta-feira, 25 de novembro de 2015

TEXTO DO LIVRO DE JOACI GÓES: A INVEJA NOSSA DE CADA DIA

Literatura: ensaio




Colaboração de Joaci Góes.
É advogado, jornalista, empresário, político, escritor, 
imortal pela Academia de Letras da Bahia



“A INVEJA NOS ESPORTES

O meio esportivo não é Imune à ação da inveja. Ao contrário; pode-se até dizer que oferece certas condições especiais que favorecem a instalação e a propagação da inveja. Na medida em que objetiva demonstrar habilidade, destreza, força e resistência física e mental, inteligência, liderança e muito mais, o esporte profissional traz dinheiro e glória, atributos altamente invejáveis. O vencedor no esporte assume, perante a sociedade moderna, papel semelhante ao que os guerreiros e, sob certos aspectos, os gladiadores desempenhavam numa fase mais recuada da história humana.

Quem se dispuser a observar com atenção, verá que o noticiário esportivo, oferece rica e variada gama de manifestações da inveja. Procuremos ilustrar, em alguns episódios facilmente identificáveis, a presença da inveja em duas modalidades de esportes bem conhecidas: um popular, o futebol, e outro mais elitizado, o tênis.



Futebol

Durante a copa mundial de futebol, em 1998, realizou-se a eleição para o novo presidente da FIFA, em substituição ao longo reinado de 24 anos de João Havelange. O eleitorado é composto pelos representantes das federações de todos os países filiados à FIFA, entidade que supera a ONU em número de membros.

Platini, considerado o maior jogador francês de todos os tempos, tomou posição favorável à chapa situacionista, apoiada por João Havelange, enquanto Pelé, rival antigo do grande ‘cartola’ militava em favor da chapa da oposição.

Ao jornalista que lhe ponderou sobre o provável impacto, no resultado eleitoral, da opção de Platini, então em grande evidência, como presidente do comitê organizados da Copa, Pelé respondeu que não o temia, até porque Platini era um perdedor. Estava implícita em sua resposta a alusão ao fato de que, nem de longe, os feitos de Platini poderiam ser comparado aos dele, vencedor de três Copas e protagonista de tantos outros recordes notáveis. Chamado a opinar sobre este comentário acre, Platini respondeu, com elegante ironia, que para ele já se constituía honra suficiente que o rei do futebol, o atleta do século, sabia seu nome.

O que teria levado Pelé a um comentário tão indelicado quanto desnecessário e ineficaz para o resultado do pleito na iminência de ferir-se, e prejudicial à sua própria imagem como persona internacional? Foi a inveja. Não do atleta Platini porque, , inegavelmente, Pelé foi o melhor de todos os jogadores, mas do diplomata Platini, do




‘cartola’ Platini, do cidadão sobre quem os holofotes e as Câmaras de TV se concentravam com maior interesse, naquele instante. Minimizar sua importância seria o modo que Pelé encontrou para aplacar sua momentânea dor. Sua sagração como “atleta do século” não o imuniza contra o humaníssimo sentimento da inveja. Lembremo-nos de Moisés...”

Continuaremos na próxima postagem com a inveja no tênis




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