Literatura: ensaio
Colaboração de Joaci
Góes.
É advogado, jornalista,
empresário, político, escritor,
imortal pela Academia
de Letras da Bahia
“A INVEJA NOS ESPORTES
O meio
esportivo não é Imune à ação da inveja. Ao contrário; pode-se até dizer que
oferece certas condições especiais que favorecem a instalação e a propagação da
inveja. Na medida em que objetiva demonstrar habilidade, destreza, força e
resistência física e mental, inteligência, liderança e muito mais, o esporte
profissional traz dinheiro e glória, atributos altamente invejáveis. O vencedor
no esporte assume, perante a sociedade moderna, papel semelhante ao que os
guerreiros e, sob certos aspectos, os gladiadores desempenhavam numa fase mais
recuada da história humana.
Quem se
dispuser a observar com atenção, verá que o noticiário esportivo, oferece rica
e variada gama de manifestações da inveja. Procuremos ilustrar, em alguns episódios
facilmente identificáveis, a presença da inveja em duas modalidades de esportes
bem conhecidas: um popular, o futebol, e outro mais elitizado, o tênis.
Futebol
Durante a
copa mundial de futebol, em 1998, realizou-se a eleição para o novo presidente
da FIFA, em substituição ao longo reinado de 24 anos de João Havelange. O
eleitorado é composto pelos representantes das federações de todos os países
filiados à FIFA, entidade que supera a ONU em número de membros.
Platini,
considerado o maior jogador francês de todos os tempos, tomou posição favorável
à chapa situacionista, apoiada por João Havelange, enquanto Pelé, rival antigo
do grande ‘cartola’ militava em favor da chapa da oposição.
Ao
jornalista que lhe ponderou sobre o provável impacto, no resultado eleitoral,
da opção de Platini, então em grande evidência, como presidente do comitê
organizados da Copa, Pelé respondeu que não o temia, até porque Platini era um
perdedor. Estava implícita em sua resposta a alusão ao fato de que, nem de
longe, os feitos de Platini poderiam ser comparado aos dele, vencedor de três
Copas e protagonista de tantos outros recordes notáveis. Chamado a opinar sobre
este comentário acre, Platini respondeu, com elegante ironia, que para ele já
se constituía honra suficiente que o rei do futebol, o atleta do século, sabia
seu nome.
O que teria
levado Pelé a um comentário tão indelicado quanto desnecessário e ineficaz para
o resultado do pleito na iminência de ferir-se, e prejudicial à sua própria
imagem como persona internacional? Foi a inveja. Não do atleta Platini porque,
, inegavelmente, Pelé foi o melhor de todos os jogadores, mas do diplomata
Platini, do
‘cartola’
Platini, do cidadão sobre quem os holofotes e as Câmaras de TV se concentravam
com maior interesse, naquele instante. Minimizar sua importância seria o modo
que Pelé encontrou para aplacar sua momentânea dor. Sua sagração como “atleta
do século” não o imuniza contra o humaníssimo sentimento da inveja.
Lembremo-nos de Moisés...”
Continuaremos na próxima postagem com
a inveja no tênis.
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