Arquitetura
Publicado por Diana Caldeira Guerra.
É uma
leitora ávida, gosta de escrever e tem colaborado com a Obvious desde 2009.
Gosta de viajar e conhecer novos recantos.
Uma boa parte da experiência de Chicago deve-se à arquitetura da cidade. A natureza, materializada no lago, no rio e nos parques, está em harmonia com o cosmopolita, ou seja, os arranha-céus, o metropolitano e os magotes de pessoas. E, acreditem, numa cidade com quase 3 milhões de habitantes, este equilíbrio é difícil de conseguir! Este sentimento de harmonia não seria possível sem um planeamento cuidado da cidade, e é por isso que venho falar da Arquitetura de Chicago hoje, numa espécie de tour virtual pela cidade.
A Escola de Chicago
Depois do grande fogo de Chicago que destruiu o centro da cidade (o chamado Financial District) no final do século XIX, houve uma grande urgência para voltar a pôr a cidade de pé e fazer renascê-la das cinzas.
Os arquitetos que reconstruíram esta parte da cidade no virar para o século XX, ficaram conhecidos como pertencentes à Escola de Chicago, ou Estilo Comercial. Fugiram a 7 pés dos materiais em madeira (altamente inflamáveis, não é?) e esforçaram-se por utilizar novas tecnologias da engenharia civil, como painéis de vidro, estruturas de metal e revestimentos em tijolo. E criaram os primeiros arranha-céus que o mundo conheceu.
Aliás, o Home Insurance Building (em cima), de 1884, é considerado o primeiro arranha-céus do mundo, com uma modesta altura de 42 metros e com uma estrutura interior em metal. Mas estávamos numa altura de rápida evolução da engenharia civil e o edifício só viria a deter este título por 5 anos, vindo a ser demolido em 1931.
O edifício foi desenhado por William Lebaron Jenney, um dos fundadores dos arranha-céus. Este arquiteto construiu também o Ludington Building (em baixo), o edifício mais antigo com estrutura de metal que sobreviveu até aos dias de hoje. Construído em 1892, fica na 1104 South Wabash Avenue. O edifício pertence hoje à Columbia College Chicago, alojando o Center for Book and Paper Arts, recebendo exposições temporárias que podem ser visitadas por todos.
É também da autoria deste arquiteto o Manhattan Building (em baixo), o arranha-céus mais antigo do mundo que utiliza apenas uma estrutura de metal para o suportar. Com as janelas em arco e utilizando granito nos andares inferiores, é um edifício fácil de identificar. Construído em 1888, fica na 431 S Dearborn Street e trata-se de um condomínio residencial.
Mas existem muitos outros arquitetos e edifícios ligados à Escola de Chicago.
Por exemplo, é impossível falar da arquitetura de Chicago sem falar de Louis Sullivan, um dos arquitetos norte-americanos mais conhecidos e reconhecido pela frase ‘a forma segue a função‘. Tendo construído muitos edifícios nos Estados Unidos, em Chicago as suas principais obras ainda estão de pé.
O Auditorium Building (em baixo), construído com o seu parceiro do escritório Adler & Sullivan, Dankmar Adler, é uma das suas obras mais conhecidas e ainda hoje está em funcionamento e recebe bailados.
O Sullivan Center, outro edifício de Louis Sullivan, é hoje um centro comercial, com lojas como a Carhartt, e tem uma das entradas mais reconhecidas na cidade.
Como podem já ter reparado, a Escola de Chicago tem edifícios inspirados noutros estilos. Existem muitos com influência neoclássica (em forma de coluna) que, por isso, se assemelham a colunas com o topo mais largo, à semelhança de um capitel. Estes são os edifícios mais tradicionais, como é o caso do Chicago Building.
O Rookery Building, dos arquitetos John Wellborn Root e Daniel Burham, é considerado a obra-prima destes arquitetos. Com 55 metros de altura, foi construído em 1886 e a entrada principal remodelada por Frank Lloyd Wright em 1905. O edifício é privado e é normalmente alugado para eventos. Se quiserem vê-lo por dentro, aparece nos filmes Sozinho em Casa 2 (é a loja Duncan’s Toy Chest) e n’Os Intocáveis (Esquadra de Polícia).
Ainda no período da Escola de Chicago, existe o Fisher Building (estrutura original e Charles Atwood), de 1896. Num estilo de neo-gótico, é possível ver na fachada várias criaturas, como águias e dragões. É um edifício residencial, mas existem algumas lojas e escritórios nos primeiros dois andares, que podem ser visitados.
Prairie School
Em oposição aos arranha-céus que se erguiam no centro de Chicago, existiu na mesma época um estilo que valorizava o oposto: as formas mais horizontais, em harmonia com a natureza e o meio envolvente. Este movimento, contrário às linhas verticais dos edifícios do Financial District, surgiu em Chicago, e rapidamente influenciou arquitetos e engenheiros nos Estados Unidos e noutros países ocidentais.
O arquiteto mais conhecido que fez parte deste movimento foi, claro, o seu fundador, Frank Lloyd Wright. Inicialmente muito próximo da Escola de Chicago e pertencendo ao escritório de Adler & Sullivan, Lloyd Wright acabou por se afastar, criando o seu próprio estilo. E, nos entretantos, tornando-se, talvez, o arquiteto mais famoso de que há memória.
Muitas das suas construções podem ser vistas na área de Chicago, fora do centro, num estilo que defendia uma construção orgânica, com formas sólidas e poucos ornamentos.
Dentro do perímetro da cidade, a Villa District é o bairro com mais edifícios neste estilo, sendo que as casas foram construídas por arquitectos influenciados pela Prairie School.Por toda a cidade e, especialmente na periferia, existem muitas construções de Frank Lloyd Wright.
A Robie House é talvez o edifício mais conhecido da Prairie School dentro da cidade de Chicago e fica na Universidade de Chicago.
Construída em 1909 para um jovem casal, tornou-se um símbolo deste estilo arquitectónico, fazendo parte do Frank Lloyd Wright Trust e podendo ser visitada.
A segunda Escola de Chicago
A partir dos anos 40 do século XX, surgiu uma Segunda Escola de Chicago, impulsionada pelo trabalho do arquiteto Ludwig Mies van der Rohe. A primeira expressão desde estilo foi os Lake Shore Drive Apartments, um condomínio construído em metal e painéis de vidro, num estilo brilhante e moderno.
Esta segunda vaga da Escola de Chicago ganhou maior expressão nos anos 60, com os projetos de Fazlur Khan. Este engenheiro do Bangladesh descobriu uma forma de os arranha-céus fazerem roçar as nuvens… Através de estruturas cruzadas em metal e ocas por dentro, foi possível construir edifícios mais leves e equilibrados, sem a necessidade de colunas interiores.
O primeiro edifício que teve esta estrutura “em tubo” foi o Plaza on DeWitt, em Chicago, com 120 metros e 407 apartamentos residenciais.
Hoje em dia, a maioria dos arranha-céus no mundo são construídos com este técnica. A Willis Tower, construída com a colaboração de Fazlur Khan, é o exemplo mais claro. Construído desta forma, tem 442 metros de altura e foi o edifício mais alto do mundo durante décadas (entre 1974 e 1998). Ainda hoje é o arranha-céus mais alto de Chicago.
Vale a pensa uma visita, nem que seja para pisar a plataforma em vidro e sentirmos o vazio por baixo dos nossos pés.
Do mesmo engenheiro é o edifício John Hancock Center, com 344 metros de altura. Sendo o quarto edifício mais alto de Chicago, tem um restaurante no interior, com vista para toda a cidade e para o Lago Michigan. O Observatório 360º deste edifício é o único ao ar livre na cidade e as filas para entrar são bem menores que na Willis Tower.
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