Livro; ensaio
A inveja nos esportes
Tênis
Dois anos
antes, em dezembro de 1977, chegara a cair para a 141ª posição no ranking
mundial; a partir de quando iniciou um processo de recuperação que devolveu aos
seus admiradores uma confiança esmorecida pela idade do carismático e simpático
jogador, nascido em 1970. Vencendo o pessimismo de muitos, Agassi não parou de
crescer, melhorando o seu desempenho a ponto de ganhar torneios.
Quando
ganhou o Aberto da França, o Roland Garros, em 99, Agassi, que já tinha no seu
currículo uma vitória em cada um dos
três outros torneios do Grand Slam, passou a ser o primeiro jogador a ganhar os
quatro torneios, jogados em todos os diferentes pisos. Quando outro jogadores,
como Roy Emerson e Rod Lever, os quatro torneios do Grand Slam, os pisos não
tinham a variedade que hoje ostentam.
Jimmy Connors
A
espetacular volta por cima de Agassi coincidia uma certa inapetência de Pete
Sampras, aparentemente enfastiado com a exigente rotina de sua longa liderança.
A conquista
pela segunda vez do US OPEN, em 99, deu a Agassi o seu quinto título do Grand
Slam, o segundo do ano e consolidou sua liderança. Era natural, , portanto que
se festejasse, com pompa e circunstância, o grande feito de um jogador que
acabava de assumir a primeira colocação, soerguendo-se do fundo do poço, numa
idade em que a maioria declina ou se aposenta, louvando-lhe os méritos, ainda
que com eventuais surtos de excesso laudatório, próprios da emoção do momento.
Palavras como ‘genial’, , “é o maior jogador de todos os tempos”, e coisas do
gênero, faziam parte do entusiasmo dominante.
No melhor da
festa, Jimmy Connors, uma legenda do esporte, declarou não encontrar apoio nos
fatos para (justificar) toda aquela adjetivação louvaminheira a Agassi, um
jogador que não reunia títulos para ser comparado aos grandes, dentre os quais
ele próprio, obviamente, se incluía. E mencionou falta de liderança de Agassi
em parâmetros tradicionais, como número do títulos de Grand Slam, tempo de
permanência no primeiro lugar, número de torneios e etc...
O que teria
levado o querido e admirado Jimmy Connors, reconhecido como cavalheiro, a um
gesto tão antipático, num momento de festa de um colega dezoito anos mais
jovem, sem a possibilidade de igualá-lo nas quadras, até por falta de horizonte
etário? Inveja é a resposta.
André Agassi
Jimmy
Connors é detentor de algumas marcas notáveis no tênis profissional, como
número de torneios conquistados, inclusive onze do Grand Slam, e cinco anos de
liderança do circuito. Para desagrado de Connors, Pete Sampras, em 1998, chegou
ao fim do ano pela sexta vez consecutiva como o número um, derrubando, assim,
seu recorde. em 99, ao vencer o torneio de Wimbledon, Sampras conquistou seu
décimo segundo título do Grand Slam, igualando a marca de Roy Emerson e
superando os onze títulos de Rod Lever, Borg e Connors.
Connors, um
jogado que continuava a merecer o interesse do público, ao participar, com
grade êxito, de torneios de veteranos, viu-se subtraído em curto espaço de
tempo de galardões que lhe conferiam uma distinta primazia que supunha, com
muita razão até, vitalícia. Todavia, o mérito do desempenho de Sampras era
inquestionável. Para que sua liderança alcançasse luminosidade solar, faltava,
apenas, o título de Roland Garros. Qualquer atitude destinada a minimizar suas
conquistas seria prontamente identificada como oriunda da inveja. Fazer o que?
Dizer o que?
Foi neste
cenário que soaram as trombetas anunciando o novo ídolo, o ‘genial’, o
‘incomparável’,’ o melhor de todos os tempos’, André Agassi.
Era demais.
O grito que sopitou na garganta, contra Sampras, Connors liberou contra Agassi.
Muito humanamente.
Em janeiro
de 2000, Agassi voltou a ganhar o ‘Australian Open’, seu sexto título de Grand
Slam, e o terceiro das quatro finais seguidas que disputara. O que diria
Connors agora? ...”
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