A língua oficial do
país é o português
Cabo Verde, oficialmente República de Cabo Verde,
é um país insular localizado num arquipélago formado por dez ilhas vulcânicas na
região central do Oceano Atlântico. A cerca de 570 quilómetros da costa da África Ocidental, as ilhas cobrem uma área total de pouco
mais de 4.000 quilômetros quadrados.
Os exploradores portugueses descobriram
e colonizaram as ilhas desabitadas no século XV, o primeiro assentamento
europeu nos trópicos.
Idealmente localizado para o comércio de escravos no Atlântico, o
arquipélago prosperou e muitas vezes chegou a atrair corsários e piratas,
entre eles Sir Francis Drake, na década de 1580. As ilhas também foram
visitados pela expedição de Charles Darwin em 1832.
O arquipélago foi
ocupado conforme a colónia cresceu em importância entre as principais rotas de
navegação entre Europa, Índia e Austrália, população aumentou de forma constante. No
momento da sua independência de Portugal, em 1975, os cabo-verdianos emigraram
para todo o mundo, de tal forma que a população no século XX com mais de meio
milhão de pessoas nas ilhas é igualada pela diáspora cabo-verdiana na Europa, na América e na África.
A economia cabo-verdiana
é principalmente fincada no crescente turismo e em investimentos estrangeiros,
que se beneficiam do clima quente o ano todo, da paisagem diversificada e da
riqueza cultural, especialmente na música. Historicamente, o nome "Cabo
Verde" tem sido usado para se referir ao arquipélago e, desde a
independência, em 1975, ao país. Em 2013, o governo local determinou que a
designação em português "Cabo Verde" passaria a ser utilizado para
fins oficiais, como na Organização das Nações Unidas (ONU).
O nome do país provém da vizinha Cap-Vert, na costa senegalesa, que, por sua vez, foi originalmente chamada
"Cabo Verde" quando avistada por exploradores portugueses em 1444,
foram descobertos alguns anos antes das ilhas. Em 24 de outubro de 2013, foi
anunciado nas Nações Unidas que o nome oficial não deve mais ser traduzido para
outras línguas. Em vez de "Cabo Verde", a designação "República
de Cabo Verde" está a ser usado.
Igreja Nossa Senhora do Rosário, construída
em 1495, a
mais antiga igreja colonial do
mundo, na Cidade Velha, na Ilha de Santiago
A história refere que a descoberta de Cabo Verde se
deu no século XV, mais precisamente em 1460. A colonização portuguesa começou
logo após a sua descoberta, sendo as primeiras ilhas a serem povoadas as de
Santiago e Fogo. Para incentivar a colonização, a corte portuguesa estabeleceu
uma carta de privilégio aos moradores de Santiago relativa ao comércio de escravos na Costa da Guiné. Em Ribeira Grande, na ilha de Santiago, estabeleceu-se a primeira feitoria, que serviu ponto de escala para os navios
portugueses e para o tráfego e comércio de escravos, que começava a crescer por essa época. Mais
tarde, com a abolição da escravatura, o país começou a dar sinais de
fragilidade e entrou em decadência, revelando uma economia pobre e de
subsistência.
No século XX, a partir da década de 50, começam a
surgir os movimentos independentistas no continente africano. Cabo Verde
vinculou-se à luta pela libertação da Guiné-Bissau.
A posição estratégica
das ilhas nas
rotas que ligavam Portugal ao Brasil e
ao resto da África contribuíram para o fato de essas serem utilizadas como
entreposto comercial e de aprovisionamento. Abolido o tráfico de escravos em 1876, o
interesse comercial do arquipélago para a metrópole portuguesa decresceu, só
voltando a ter importância a partir da segunda metade do século XX. No entanto, a partir de então, já haviam
sido criadas as condições para o Cabo Verde independente de hoje: europeus e
africanos uniram-se numa simbiose, criando um povo de características próprias.
As origens históricas nacionais da independência de
Cabo Verde podem ser localizadas no final do século XIX e no início do século
XX. Foi um processo gradual. Surgiu como uma tentativa de solução para as
reivindicações da elite crioula de então, que protestava contra o desleixo e
a negligência da metrópole portuguesa em relação ao que se passava em Cabo
Verde.
Com o processo de formação nacional, muito cedo a
máquina administrativa foi sendo assegurada pelos nascidos em Cabo Verde, ou
pelos que já tinham grande identificação com a colónia, com exceção aos cargos
elevados como governadores, chefes militares etc., ainda reservados aos
representantes da soberania de Portugal. Esta "autossuficiência"
administrativa de Cabo Verde estava associada a uma escolarização relativamente
desenvolvida e à existência de uma imprensa mais ou menos dinâmica introduzida
por Portugal, que contribuíram para o surgimento de uma elite intelectual e
burocrática. Esta começou, no século XX, a discutir cada vez mais a questão da
independência, gerando um clima de atrito com os representantes da metrópole.
Os leitores que acompanhavam a imprensa oficial entendiam que se devia lutar
pela independência ou, pelo menos, por uma autonomia honrosa.
Na metrópole portuguesa, os habitantes de Cabo
Verde eram, muitas vezes, considerados como mandriões, desleixados, indolentes,
bêbados etc. Numa reação a isso, Eugénio Tavares escreveu, em 1912: "O indígena de
Cabo Verde é ativo e trabalhador". Esta atitude manteve-se até a
independência de Cabo Verde.
Aristides Pereira,
primeiro presidente.
Em 1956, Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís
Cabral, entre outros jovens patriotas das hoje Guiné-Bissau e Cabo Verde,
fundaram o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde, que surgiu no contexto
do movimento libertador africano, que ganhou força depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Esses patriotas formaram
uma unidade popular para lutar contra o que chamavam de "deplorável
política ultramarina portuguesa, afirmando que as vítimas dessa política
desejavam ver-se livres do domínio português".
A 19 de Dezembro de 1974, foi assinado um acordo
entre o "Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde"
e Portugal, instaurando-se um governo de transição em Cabo Verde, governo esse
que preparou as eleições para uma Assembleia Nacional Popular. A 5 de Julho de
1975, proclamou-se a independência do país, considerado na altura por muitos
como um país inviável, devido às suas próprias fragilidades, havendo vozes
políticas em Portugal, como é o caso de Mário Soares, que eram contra a independência do arquipélago,
afirmando que Cabo Verde deveria usufruir de autonomia administrativa tal como
os outros arquipélagos portugueses (Açores e Madeira). Em 1991, o país conheceu uma viragem na
vida política nacional, tendo realizado as primeiras eleições multipartidárias
e instituindo uma democracia parlamentar
A língua oficial é o português, usado nas escolas, na administração
pública, na imprensa e nas publicações. A língua nacional de Cabo Verde, a
língua do povo, é o crioulo cabo-verdiano (o criol ou kriolu).
Cabo Verde é formado por dez ilhas e cada uma tem um crioulo diferente. O
crioulo está oficialmente em processo de normalização (criação duma norma) e
discute-se a sua adopção como segunda língua oficial, ao lado do português.
Cabo
Verde é membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Cabo
Verde é país-sede de um organismo da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa.
O francês e o inglês são
leccionados no ensino secundário.
Cabo
Verde é membro da Organização Internacional da Francofonia desde 1996. O país conta com mais de
10% de francófonos segundo esta organização.
Existe
uma comunidade de imigrantes senegaleses, especialmente na ilha do Sal, que fala também francês.
Nos
últimos anos, constituiu-se, principalmente na cidade da Praia, uma comunidade
de imigrantes nigerianos que fala inglês.
A localização estratégica de Cabo Verde, no
cruzamento das vias aéreas e marítimas meio do Atlântico, tem sido reforçado
por melhorias significativas no porto do Mindelo (Porto Grande) e nos aeroportos internacionais
do Sal e de Praia. Um
novo aeroporto internacional foi inaugurado em Boa Vista em dezembro de 2007 e outro na ilha
de São Vicente (Aeroporto de São Pedro) foi inaugurado no final de 2009. As
instalações de reparação naval em Mindelo foram abertas em 1983.
Os principais portos são Mindelo e Praia, mas todas
as outras ilhas têm instalações portuárias menores. Além do aeroporto
internacional de Sal, aeroportos foram construídos em todas as ilhas habitadas.
Todos, exceto os aeroportos no Brava e Santo Antão, têm gostam de serviço aéreo
regular. O arquipélago tem 3,050 km de estradas, dos quais 1010 km são
pavimentadas, a maioria usando paralelepípedos.
As perspectivas econômicas futuras do país dependem
fortemente da manutenção dos fluxos de ajuda, do incentivo ao turismo, remessas
do exterior, terceirização de trabalho para países africanos vizinhos e o
impulso do programa de desenvolvimento do governo.
Em todos os seus aspectos, a cultura de Cabo Verde
caracteriza-se por uma miscigenação de elementos europeus e africanos. Não se
trata de um somatório de duas culturas, convivendo lado a lado, mas sim, um
terceiro produto, totalmente novo, resultante de um intercâmbio que começou há
quinhentos anos.
O caso cabo-verdiano pode ser situado no contexto
comum das nações africanas, no qual as elites, que questionaram a superioridade
racial e cultural europeia e que, em alguns casos, empreenderam uma longa luta
armada contra o imperialismo europeu e
pela libertação nacional, utilizam hoje o domínio
dos códigos ocidentais como principal instrumento de dominação interna.
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