Ciência: sabedoria popular
A moringa tem propriedades nutritivas, mas médicos advertem que não deve ser
usada indiscriminadamente
Fidel Castro a colocou em moda em Cuba e assegurou tratar-se
do segredo na luta contra a desnutrição e a razão para sua própria cura.
O ex-presidente cubano, de 88 anos, cuja saúde vem sido
apontada como frágil há muitos anos, a chamou de "árvore milagrosa".
Chegou, inclusive, a anunciar à imprensa nacional cubana que
o país iria "produzir maciçamente" a moringa, conhecida no Brasil
como acácia-branca, "que tem também fontes inesgotáveis de carne, ovo e
leite", fazendo uma referência irônica às "dezenas de propriedades
medicinais" e nutritivas da planta.
Mas a moringa tem, de fato, muitas outras propriedades.
Veja, abaixo, o que se sabe dessa "erva mágica":
Onde cresce?
A moringa é originária do norte da Índia, Etiópia, Filipinas
e Sudão, embora esteja presente em vários países tropicais e subtropicais. A
planta se cultiva na África, Ásia tropical, América Latina e Caribe, Flórida e
ilhas do Pacífico.
A Moringa oleifera, entre as moringas a espécie com maior
valor econômico, cresce na região do Himalaia, mas se cultiva extensamente nos
trópicos, explica a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO, em inglês).
"À medida que se sabe mais sobre seus múltiplos usos,
maior é a importância que teve no desenvolvimento de muitas áreas pobres de
países em desenvolvimento", explica John Sutherland, da Universidade de
Leicester, Reino Unido.
Em alguns lugares a planta é conhecida como moringueiro e
quiabo-de-quina. Na África, também é chamada de "melhor amiga da
mamãe".
Fidel Castro e a 'árvore milagrosa', que teria ajudado
a manter o líder cubano vivo
Na América Latina é conhecida principalmente em Cuba,
República Dominicana, Paraguai e Argentina.
Usos medicinais
Segundo o Centro de Internacional de Pesquisa Agroflorestal
(Icraf, na sigla em inglês), a moringa pode medir até 8 m de altura.
Abre-se, em geral, em forma de guarda-chuva e produz flores
durante todo o ano. Seu fruto é grande e distinto.
Quase todas as partes da planta podem ser utilizadas na
medicina.
"O interesse por suas propriedades medicinais cresceu,
há um grande número de estudos científicos sendo feito (sobre ela)",
explica Sutherland.
A FAO diz que as folhas da planta "são ricas em
proteínas, vitaminas A, B e C, e minerais, muito recomendados para mulheres
grávidas ou em período de amamentação, e ainda para crianças pequenas".
As folhas, com alto conteúdo de cálcio e ferro, podem
substituir o espinafre, acrescenta o Icraf.
Também contêm altas doses de cistina e metionina,
aminoácidos que funcionam como antioxidantes naturais para o corpo humano, e
são encontrados em alimentos como ovos, carnes, produtos lácteos e cereais
integrais.
As vagens jovens da moringa são comestíveis e seu sabor se
assemelha ao do aspargo.
As ervilhas verdes podem ser cozidas e, as flores,
consumidas em forma de chá, também são usadas como remédio para resfriados.
De acordo com a FAO, os produtos derivados da moringa têm
propriedades antibióticas, contra os parasitas tripanossomas e pressão baixa.
A planta também cura espasmos, úlceras e inflamações, e tem
propriedades para reduzir o colesterol e os açúcares no sangue.
As sementes e cascas são utilizadas para tratar problemas
circulatórios.
"É uma espécie incrível e tem propriedades
multifuncionais", declarou Fernando Arancibia, da Fundação chilena para a
Inovação Agrária (FIA).
O saber popular diz que a planta cura e previne até 300
enfermidades, incluindo diabetes, dores de cabeça ou acne, ainda que não
existam estudos científicos que demonstrem tais propriedades.
Talvez por isso muitos se refiram a ela como "a árvore
da vida".
Riscos
No entanto, os especialistas advertem que é preciso ter
moderação no consumo da planta, pois entre seus efeitos secundários estão perda
de sono, excesso de glóbulos vermelhos e acidez.
O médico naturalista Reinaldo Reyes assegurou em entrevista
à televisão dominicana que a moringa pode ser perigosa.
"Tem sido utilizada há anos para combater a desnutrição
em países pobres. O problema é que agora as pessoas querem usá-la de forma
indiscriminada, porque pensam que é inofensiva", diz Reyes.
Já o médico naturalista Arcenio Estévez Medina afirma não
ter "nada contra" o consumo de moringa", mas advertiu que não se
deve usá-la indiscriminadamente, assim como a nenhuma outra planta.
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