O Pontífice e a mulher, casada e com três filhos, trocaram correspondências durante anos.
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Madri 15 FEV 2016 - 10:34 BRST
João Paulo II, após ser eleito em outubro de 1978. AP
O papa João Paulo II manteve uma amizade próxima de mais de 30 anos com uma filósofa norte-americana de origem polonesa. A amizade começou em 1973, quando Anna-Teresa Tymieniecka entrou em contato com Karol Wojtyla, então arcebispo de Cracóvia, em função de um livro de filosofia escrito por ele. Os dois decidiram se encontrar para discutir o trabalho e, pouco depois, começaram a se escrever. Uma relação epistolar que durou anos. As cartas entre Wojtyla —eleito papa em 1978— e Tymieniecka se mantiveram longe dos olhos do público, na Biblioteca Nacional da Polônia, durante anos. Os documentos revelam, segundo um documentário lançado pela rede BBC nesta semana, uma face diferente do Pontífice.
Anna-Teresa Tymieniecka
As cartas de Wojtyla eram, no início, bem formais, mas à medida que sua amizade com Tymieniecka —casada desde 1956 e com três filhos— foi se estreitando, as missivas tornaram-se mais íntimas. Nelas, no entanto, não há qualquer evidência de que o Papa tivesse rompido seus votos de celibato, afirma a BBC. Wojtyla e Tymieniecka trabalharam juntos em uma versão ampliada da obra do arcebispo de Cracóvia, que finalmente foi publicada em 1979, um ano depois de ele ser eleito papa; tinha 58 anos e se tornou o pontífice mais jovem do século XX. Reuniram-se muitas vezes. Às vezes com suas secretárias presentes; outras vezes a sós. E continuaram trocando cartas.
A amizade entre a filósofa e o pontífice, que morreu em 2005, não era desconhecida. Ele a visitou nos Estados Unidos em 1976, quando participou de uma conferência católica. Ela também o visitou muitas vezes no Vaticano. Algumas fotografias que nunca tinham sido divulgadas mostram os dois juntos. Compartilharam várias viagens pelo campo e férias em estações de esqui. E ele descreve Tymieniecka como um “presente de Deus”.
Não há qualquer evidência nas cartas que indique que o Papa tivesse rompido seus votos de celibato
Wojtyla presenteou Tymieniecka com um de seus bens mais preciosos, um escapulário. Em uma carta de dezembro de 1976, explica a ela o significado do presente: “Desde o ano passado estou procurando uma resposta para suas palavras ‘Pertenço a você’, e finalmente, antes de deixar a Polônia, encontrei a maneira, um escapulário. É a dimensão em que a aceito e a sinto em todos os lugares e situações, quando você está perto e quanto está longe.”
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