Publicado por Joanna Cataldo
é alérgica a machismo, pó e sentimentalismo barato. Costuma ser vista lendo no metrô ou tomando picolé de uva na esquina.
Há muito mais por trás dos icônicos personagens do que você pode imaginar
Quando pensamos em uma princesa clássica, automaticamente somos remetidos a uma série de adjetivos positivos. Cinderela, por exemplo, não era só bonita. Ela também era dedicada, bondosa, delicada... Um modelo de perfeição que há séculos tem servido de inspiração para crianças.
Mas esse requinte todo não necessariamente é a fórmula para o sucesso. Pare e reflita um pouco sobre a Turma da Mônica. Todos eles estão longe de serem perfeitos. Mônica é estressada, Cebolinha fala errado, Magali não para de comer e Cascão nem de tomar banho gosta. Ainda assim, há décadas, os quatro vêm fazendo um sucesso estrondoso.
Ao contrário das princesas gringas, a Turma da Mônica usa os defeitos a seu favor, como uma forma de aproximar os personagens do público. Uma criança olha para o Cebolinha e se identifica com o seu jeito engraçado de falar. Mais do que isso, ao dar risada das falhas de um personagem, ela naturalmente aprende que o que poderia ser grave, no final das contas, pode ter um toque de humor.
Lembro-me de uma historinha em que o Cebolinha, graças a um golpe terrível do destino, acaba ficando entalhado, pelado, em uma pia. Além da situação constrangedora por si só, ele ainda tem que lidar com as provocações dos amigos e até da mídia, que resolveu fazer uma grande cobertura do acontecimento.
Quando uma criança entra em contato com o constrangimento de Cebolinha, ela naturalmente se coloca no lugar dele e passa perceber que não é a única a passar por uma ou outra humilhação de vez em quando. Ao se dar conta que não está sozinha, ela terá mais força de vontade para encarar os desafios.
Inclusive, talvez não seja exagero dizer que a Turma da Mônica previu uma tendência que ganhou força apenas nos últimos anos. De uns tempos para cá, tivemos um aumento expressivo no número de personagens infantis com problemas e defeitos. Em Frozen, temos Elza, a princesa que não consegue controlar seus poderes, enquanto, na saga A Seleção, América, a protagonista, é uma menina cheia de dúvidas e incertezas.
Tornar os personagens mais humanos é uma forma de entendermos melhor a nós mesmos. É uma forma de aprendermos que os insucessos fazem parte do crescimento e que precisamos deles para nos tornarmos pessoas melhores. E sabe como é, quando a coisa estiver muito ruim, simplesmente dê risada do hematoma que o coelhinho de pelúcia deixou em você. Se conseguimos rir do Cebolinha, por que não podemos rir de nós mesmos?
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