sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

UMA VIDA DE MIL ANOS

Literatura



Publicado por Simone Guerra.
“Entre palavras e sentimentos, minha vida faz-se metade educadora e metade escritora. Não tenho preferência, porque quando junto às metades, realizo-me.”

O corpo sofre em silêncio o envelhecimento por completo, tudo que estava no lugar começa a ganhar alguns quilos e depois despenca, isto mesmo, cai tudo. E que mal tem? É a beleza da vida. É a vida que além de mistério e milagre, é bonita, é bonita e é bonita. As décadas transbordam experiências através das marcas originais nos nossos corpos e não tem como não passar pelas provas físicas e emocionais. Quem se atreve a viver uma longa vida, deve estar ciente que não tem como driblar os anos e nem dividi-los em dois, quatro...





O tempo é a medida exata para marcar décadas e contar a nossa idade. Vai-se o tempo numa correria desesperadora marcando nossos corpos, contando marcas de expressões e rugas. Etapas da vida que nos alerta: estamos envelhecendo. Estamos envelhecendo, graças a DEUS, ainda bem. Quem não passa pelo processo, deixa esta vida ainda menino, uma criança, então quero todas as etapas até me encurvar, ter pelancas e muitas marcas no meu rosto... não me importo!

Quando temos dez, vinte anos, estamos no auge da energia, no pique de nos acharmos um sucesso. Depois vem os trinta, vamos percebendo que amadurecer pode quebrar vaidades, desfazer velhos conceitos e aprimorar relacionamentos. Ah, quarenta que não é a idade da loba, não! É a idade da bruxa, começamos a ficar menos pacientes e mais rabugentas. Deixamos aflorar mais intenso nossos quereres, e nossas opiniões se tornam menos passivas. Aos cinquenta, a estrada vai se diminuindo e aquela sensação dos quarenta que a vida é rápida demais, agora é correr contra o tempo...

As etapas! O tempo! Nada mais do que aprender um dia depois do outro sem pressa, mas esquecemos disso e nos entregamos a tantas agendas, a tantas horas de trabalho, abandonando nossa vida pessoal e familiar. Concedemos a nós nos perdermos no vácuo dos dias, das semanas, dos meses que escapam pela nossa ganância que podemos fazer tudo e muito mais por um salário melhor, para comprar tudo que não precisamos tanto assim. Gastamos a juventude sem aproveitar muito e, na maturidade, chegamos a conclusão que deveríamos ter feito isso ou aquilo, deveria sei lá o quê, porém deveria.
O corpo sofre em silêncio o envelhecimento por completo, tudo que estava no lugar começa a ganhar alguns quilos e depois despenca, isto mesmo, cai tudo. E que mal tem? É a beleza da vida por mais que algumas pessoas se escandalizem, não aceitem ou precisem de terapia. Que seja! É a vida que além de mistério e milagre, é bonita, é bonita e é bonita, Gonzaguinha que diria!

Nós percebemos claramente o corpo mudar com os gritos: dor aqui, dor ali! Aparece a dor na lombar, os joelhos reclamam, os seios diminuem e caem, os melasmas aumentam e ficam mais escuros, os vasinhos das pernas vão se alastrando como mapa, o cabelo começa a ser pintado uma vez por mês ou mais, os pelos do corpo diminuem, a vagina resseca, os nervos ficam à flor da pele e os homens começam a diminuir suas ereções. Etapas que sentimos durante o envelhecimento e é o calvário do envelhecer com dignidade.

É preciso passar pelas etapas e mesmo que violamos a lei do tempo, nossos traços nas mãos, nos braços, no colo nos incriminam com dignidade: está ficando velho. Cuidar do corpo e da mente, pode omitir alguns anos, mas não esconde o cansaço da velhice.

As décadas transbordam experiências através das marcas originais nos nossos corpos e não tem como não passar pelas provas físicas e emocionais. Quem se atreve a viver uma longa vida, deve estar ciente que não tem como driblar os anos e nem dividi-los em dois, quatro. Vive-se tudo intenso, rápido e quando nos damos conta, já se foi mais uma etapa, mais uma década, então, Carpe Diem, da boca para dentro com vontade de enfrentar as transformações necessárias para se viver uma vida de mil anos.

Não me importo, quero apenas uma vida longa!

Foto: Google


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