Brasil: impeachment
presidencial
Blog de
Josias de Souza.
É jornalista
desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na
"Folha de São Paulo" (foi repórter, diretor da Sucursal de Brasília,
Secretário de Redação e articulista). Constitui-se
num leão do jornalismo político
Cinco dias depois
de Dilma disparar sua bala prateada contra o impeachment, os próprios petistas
reconhecem: a nomeação de Lula como ministro-chefe da Casa Civil saiu pela
culatra. O governo radicalmente outro que o disparo pretendia criar não veio.
Dissemina-se no Planalto e nos partidos supostamente governistas a impressão de
que o momento para uma virada radical de expectativas já passou.
Dilma e seus
devotos já não podem contar com a retórica do vamos lá, companheiros, para
contrapor à realidade do mesmo governo descoordenado de sempre. Tudo ficou
muito escancarado. Faltou algo que é essencial para o êxito de qualquer
articulação política: o recato.
Lula virou
ministro para asilar-se no STF. A plateia percebeu a manobra instantaneamente.
Segundo o Datafolha, 68% dos brasileiros concluíram que o investigado só
aceitou o cargo para fugir de Sérgio Moro. E 73% avaliaram que Dilma agiu mal
ao oferecer refúgio no Planalto para o antecessor enroscado.
Sem outra
alternativa, Sérgio Moro remeteu os autos sobre Lula para Brasília. Antes de
abrir mão do caso, porém, o juiz levantou o sigilo do processo, disparando uma
rajada de grampos que fez de Lula um cadáver político. O ministro Gilmar
Mendes, do STF, suspendeu os efeitos da posse. E devolveu o corpo ao
juiz-legista da ‘República de Curitiba’.
Na noite desta
segunda-feira, o cadáver político de Lula jantou no Alvorada com Dilma e
auxiliares. Mastigaram dados amargos. Pelas contas do Planalto, será renhida a
disputa na comissão que processa o impeachment na Câmara. Há chances reais de
derrota. O governo já se equipa para tentar reverter no plenário.
A liminar de
Gilmar Mendes pode sobreviver à Páscoa, esticando e aprofundando o desgaste.
Tomado pelo que diz em privado, nem Lula se apega mais ao mito de Lula. Ele
também está, pragmaticamente, escolhendo o discurso do possível: ou o governo
segura o PMDB ou será difícil deter a derrocada. E o PMDB, que fareja a
perspectiva de poder que exala de Temer, parece não querer nem conversa.
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