Brasil: Aracaju, Sergipe
Sergipe:
Canindé de São Francisco
Colaboração
especial de Luiz Eduardo Costa
É
jornalista, escritor, um dos maiores articulistas do Brasil
HUNALDINHO, O AFÁVEL POETA
Hunald Alencar,
Hunaldinho sempre, para todos os seus tantos amigos, era um ser humano que
carregava a essência espiritual do bem. Homem afável, simples, inimigo de
protocolos e vaidades, era repleto de saberes e iniciativas. Advogado que nunca
quis advogar, professor por toda a vida, era no Brasil um dos maiores
conhecedores da língua portuguesa, também, um dos seus grandes poetas. Fez
teatro, sendo ator e teatrólogo. Escreveu peças comparáveis aos seus poemas.
Hunaldinho andava
ultimamente muito triste. Aos 72 anos tinha uma aposentadoria irrisória.
Descuidou-se da carreira acadêmica, não fez doutorado ou mestrado, por isso,
não permaneceu na cátedra da Universidade. Fechou, por não mexer bem com
finanças, o bem sucedido curso de português particular que criou.
O desembargador Luiz
Mendonça o convidou para ser, no Tribunal, um revisor de textos, e ele
tranquilizou-se por algum tempo, mas, veio a determinação do Conselho da
Magistratura para afastar a todos os contratados com mais de 70 anos e
aposentados. O conselheiro Carlos Pinna o levou para o Tribunal de Contas, onde
não havia a restrição para exercer o mesmo oficio, e ele lá ficou até o término
do mandato de Pinna como presidente. Quase se fixou em Canindé, entusiasmado
que estava como professor do curso de excelência em português e matemática que
o município manteve até que sobreviesse o desastre da queda de 40% na
arrecadação, consequência dos erros clamorosos ocorridos no sistema elétrico,
causando a redução do ICMS pago pela Usina Xingó. O poeta refugiou-se na sua
poesia e continuou criador e criativo, mas, a ânsia das contas avolumando-se de
mês a mês o torturava, e talvez essa tortura o tenha levado ao infarto fatal.
Destino ingrato para
um intelectual que além das glórias acadêmicas, necessitava, pelo menos, do
reconhecimento ao seu valor, à sua importância como ator social atuante, que
sempre depositou na arte a crença de
fazê-la instrumento da evolução do povo.
O PROCURADOR HELI NASCIMENTO
Heli Nascimento foi,
por toda a vida, uma pessoa extremamente reservada e discreta. Isso, desde os
tempos de estudante quando também ajudava o pai, atendendo no balcão da
Livraria e Papelaria Nascimento. Como os demais irmãos e irmãs, todos se
encaminharam para as poucas faculdades que então existiam em Aracaju ou foram
buscar o diploma superior em outras cidades ou o oficialato nas Agulhas Negras.
Sobre o depois íntegro e diligente Procurador de Justiça que foi Heli
Nascimento, o ecrevinhador sente-se devedor de um público depoimento pessoal,
fugindo, assim, à impessoalidade com que sempre procura traçar estas linhas.
Numa tarde de 8 de
dezembro de 1972, feriado santo em Aracaju, o escrevinhador dormia em sua casa na então quase deserta Atalaia,
após uma caranguejada regada a cerveja. A esposa o acorda para informar-lhe que
havia, na porta, uma patrulha da Marinha para levá-lo até a Capitania dos
Portos, convocado pelo Capitão de Corveta Eduardo Pessoa Fontes. Antes mesmo de
levantar-se a patrulha armada já estava no seu quarto, e o escrevinhador foi
posto num Jeep, todavia sem mal tratos ou sequer ofensas verbais. Além do
constrangimento pela situação insólita, não houve maiores contratempos até o
ingresso na sala onde se encontrava o Capitão dos Portos. O militar estava na
cabeceira de uma mesa, parecia presidir mais uma reunião da tenebrosa Comissão
Geral de Investigações, um poder discricionário que o regime militar atribuíra
à Marinha de Guerra. À mesa estavam alguns oficiais e os promotores Heli
Nascimento, Carlos Leite, e o contador Poconé, todos, retirados de suas
atividades normais, e convocados para integrarem a temida CGI. Quando o
escrevinhador devidamente escoltado transpôs a porta da sala, o Comandante
contra ele investiu aos gritos, o segurou e ameaçou espancá-lo. Foi quando o
promotor Heli Nascimento levantou-se da cadeira e colocou-se entre o
escrevinhador e o militar, logo depois sendo seguido pelo promotor Carlos
Leite.
Gestos assim, que
hoje pareceriam comuns e até indispensáveis, diante de tais situações naqueles
dias, seriam impensáveis se partidos de pessoas que estavam subordinadas a uma
autoridade militar. O promotor Heli Nascimento ao ouvir um dia o agradecimento
do escrevinhador, disse que nem mais se recordava do gesto, o que era mais uma
demonstração da forma exemplar como desempenhava suas funções.
O FOGO OLÍMPICO E A CHUVA NO SERTÃO
Talvez esse sábado,
dia 28 de maio, tenha sido o único em que os sertanejos de Canindé, tão
carentes de chuva, tenham pedido a São Pedro que dissipasse as nuvens escuras
até que chegasse e cruzasse o município a Tocha Olímpica. Houve um minucioso e
bem sucedido trabalho de preparação para o evento. Apesar das restrições
financeiras resultantes dos desmandos na política energética nacional, o
Prefeito Heleno Silva fez a festa merecida para receber o fogo olímpico que
entrava em Sergipe por Canindé, tendo antes percorrido o cânion fantástico de
Xingó. O governador Jackson Barreto lá estava atento e entusiasmado para
recebê-lo.
O DIPLOMA JOSE ERMÍRIO
Jose Augusto, o
criador do Grupo Maratá foi o segundo empresário sergipano a receber, no Senado
Federal, o Diploma Jose Ermírio de Morais. O primeiro foi Albano Franco. Na
solenidade presidida pelo senador Eduardo Amorim, estava o outro senador
sergipano Ricardo Franco que, com Eduardo, sugeriram a homenagem a Jose
Augusto.
O deputado Laércio
Oliveira foi o indicado para saudar Jose Augusto e falar sobre o sentido da
homenagem. Ele lembrou que tem sido sempre em todas as ocasiões uma voz a
ressaltar a importância do empresário, as vezes sendo incompreendido num país
onde a papel exercido pela iniciativa privada em alguns setores ainda é visto
com reservas, a seu ver absurdas, porque
sem o empresário e sem o trabalhador não há crescimento econômico, e os dois
têm atribuições complementares que se harmonizam em vez de serem antagônicas.
Presentes à solenidade, entre outros, o ex-governador Albano Franco, o vice
prefeito de Aracaju Jose Carlos Machado, os deputados federais, Valadares
Filho, Pastor Joni e Fábio Reis, o ex-deputado Gilton Garcia, os deputados
estaduais Zezinho Guimarães e Goreti
Reis, o Prefeito de Canindé
Heleno Silva, e o ex-deputado Zeca
Silva.
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