Brasil: notícias de
Sergipe
A ponte do
imperador - Aracaju
Colaboração
de Luiz Eduardo Costa
O São Francisco está de tal forma minguando que as margens
parecem avançar sobre o vasto caudal agora resumido a um modesto curso d`água
que nem mais consegue segurar a força das marés
avançando. Nas grandes marés de
março, naquelas praias mais próximas da foz, o rio subia e descia, avançando e
recuando, dezenas de metros pelas margens. Seguia o mesmo ritmo das marés,
estava subordinado por completo ao oceano. Antes, o rio subia ou descia poucos
metros ou avançava impetuoso até por quilômetros nas grandes cheias, e
empurrava o mar, segurava a água salgada.
Um rio que despejava mais de 2.200 metros cúbicos por segundo
hoje está reduzido aos 800.
Em Telha a DESO faz a captação da água que é trazida a
Aracaju.
O rio recua, e a
captação avança, para não ficar no seco.
A DESO elabora um projeto para a construção de um canal profundo que irá
assegurar a captação com segurança. O engenheiro Carlos Melo vê naquela obra um
sentido emergencial, para impedir a calamidade que seria a interrupção do
fornecimento de água através da adutora do São Francisco.
Todavia, a DESO nada poderá fazer se na captação as águas
começarem a ficar salgadas.
VALADARES
MINISTRO E LAERCIO TAMBÉM?
A notícia é ótima para Sergipe. O senador Valadares estaria
bem próximo de ocupar o Ministério da Integração Nacional que foi uma
importantíssima Pasta nos tempos de João Alves, isso já faz 30 anos. Hoje, os recursos são escassos, e pelo menos
80% deles direcionados às obras de conclusão da transposição do São Francisco.
Nesses dias tumultuados em que fica difícil encontrar um político cujo nome não
esteja envolvido em alguma tramóia, o senador Valadares ostenta a condição rara
de não ter nada contra ele nesses mais de 50 anos de vida pública.
Um outro sergipano também estaria cotado, o deputado federal
Laércio Oliveira, para ocupar o Ministério do Trabalho. Laércio é qualificado,
e também tem ficha completamente limpa.
Depois de João Alves Sergipe só teve dois Ministros: Leonor Barreto
Franco, que foi Ministra da Ação Social no governo de Itamar Franco. Mais recentemente, o general de exército
Elito Carvalho que tinha status de Ministro à frente da Secretaria de Segurança
Institucional, durante o segundo governo de Lula e o primeiro de Dilma.
O JUIZ MARCEL E O ZAP
ZAP ARROGANTE
Em 1970 a Fundação Getúlio Vargas editou no Brasil o livro
Comunicação na Era Espacial, um estudo realizado pela UNESCO sobre as
transformações a partir da nova tecnologia dos satélites. Talvez, pela novidade
da aventura espacial, o livro é pessimista, ou, pelo menos, excessivamente
moderado em relação ao impacto que viria a ocorrer, transformando o mundo
naquela “Aldeia Global” conjecturada por Mac Luhan.
As inovações invariavelmente se chocam com hábitos arraigados
e preconceitos admitidos como dogmas. Quando inventou-se a máquina a vapor,
surgiram reações de grupos religiosos que diziam ser aquela uma “invenção
diabólica”, pois o homem não poderia usar os elementos criados por Deus, no
caso a água e o fogo, para misturá-los, numa bruxaria demoníaca. Esqueciam-se,
talvez, do milenar e prosaico ato de
cozinhar. Daí se inferir, que, misturar ciência com visão fundamentalista é um
sério obstáculo ao progresso.
Apesar do ceticismo da
UNESCO, alguns bilhões de seres humanos se comunicam hoje instantaneamente, e
as redes sociais estabeleceram um novo poder que supera o antes exercido pela
mídia convencional. Daí o medo que regimes fechados e obscurantistas têm da
Internet, embora a utilizem para os seus propósitos, como é o caso do Estado
Islâmico e da Coréia do Norte.
Essa nova realidade conduz a uma necessária reflexão sobre
aonde podem ir os limites para o uso do ciberespaço. Se, por exemplo, os
conceitos de cidadania e privacidade seriam suficientes para justificar as
atitudes do Whatsapp, negando à Justiça
acesso à mensagens trocadas por traficantes.
O Juiz de Lagarto Marcel Montalvão é um discreto e comedido
magistrado. Ele tem uma exemplar história de vida. Deve ter meditado muito e muito também
tolerado as arrogâncias do Whatsapp, antes de tomar a drástica decisão de
suspender o aplicativo por 78 horas. Da mesma forma, o sempre criterioso
desembargador Cezário Siqueira, teria mergulhado fundo nas suas convicções, no
seu consistente lastro jurídico, para dar a decisão confirmando a liminar do
Juiz.
Sobre o assunto ainda não se tem uma legislação pertinente e
ampla e há enormes e justificáveis controvérsias. A punição estendendo-se além
da própria empresa desobediente e atrevidamente desafiadora, criou problemas
para milhões de pessoas, afetou algumas atividades econômicas. Baseando-se nessas consequências, o também
criterioso desembargador Ricardo Múcio ateve-se apenas ao efeito prático
produzido, e suspendeu a liminar.
Essa questão do uso e do abuso do ciberespaço é complexa,
ainda dará motivos a muitos entrechoques de ideias. É normal e salutar que isso
aconteça, até porque, onde se estabelece um espaço imenso para dúvidas e
contestações, é difícil dele extrair verdades conclusivas.
O que não se pode
admitir é essa estúpida carga de ofensas e agressões ao Juiz. Da mesma forma é
impensável que o Conselho Nacional da Magistratura venha a abrir sindicância
sobre a atitude do magistrado. A Justiça brasileira estaria amesquinhando-se
diante do poderio arrogante de uma empresa sem a menor consideração às instituições
do país onde põe os tentáculos.
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