sábado, 7 de maio de 2016

O CANAL DA DESO EM UM VELHO CHICO SALGANDO



Brasil: notícias de Sergipe


A ponte do imperador - Aracaju

Colaboração de Luiz Eduardo Costa



O São Francisco está de tal forma minguando que as margens parecem avançar sobre o vasto caudal agora resumido a um modesto curso d`água que nem mais consegue segurar a força das marés  avançando.   Nas grandes marés de março, naquelas praias mais próximas da foz, o rio subia e descia, avançando e recuando, dezenas de metros pelas margens. Seguia o mesmo ritmo das marés, estava subordinado por completo ao oceano. Antes, o rio subia ou descia poucos metros ou avançava impetuoso até por quilômetros nas grandes cheias, e empurrava o mar, segurava a água salgada.
Um rio que despejava mais de 2.200 metros cúbicos por segundo hoje está reduzido aos 800.
Em Telha a DESO faz a captação da água que é trazida a Aracaju.

  O rio recua, e a captação avança, para não ficar no seco.  A DESO elabora um projeto para a construção de um canal profundo que irá assegurar a captação com segurança. O engenheiro Carlos Melo vê naquela obra um sentido emergencial, para impedir a calamidade que seria a interrupção do fornecimento de água através da adutora do São Francisco.  

Todavia, a DESO nada poderá fazer se na captação as águas começarem a ficar salgadas.

VALADARES MINISTRO E LAERCIO TAMBÉM?
A notícia é ótima para Sergipe. O senador Valadares estaria bem próximo de ocupar o Ministério da Integração Nacional que foi uma importantíssima Pasta nos tempos de João Alves, isso já faz 30 anos.  Hoje, os recursos são escassos, e pelo menos 80% deles direcionados às obras de conclusão da transposição do São Francisco. Nesses dias tumultuados em que fica difícil encontrar um político cujo nome não esteja envolvido em alguma tramóia, o senador Valadares ostenta a condição rara de não ter nada contra ele nesses mais de 50 anos de vida pública.

Um outro sergipano também estaria cotado, o deputado federal Laércio Oliveira, para ocupar o Ministério do Trabalho. Laércio é qualificado, e também tem ficha completamente limpa.  Depois de João Alves Sergipe só teve dois Ministros: Leonor Barreto Franco, que foi Ministra da Ação Social no governo de Itamar Franco.  Mais recentemente, o general de exército Elito Carvalho que tinha status de Ministro à frente da Secretaria de Segurança Institucional, durante o segundo governo de Lula e o primeiro de Dilma.

O JUIZ MARCEL E O ZAP ZAP ARROGANTE

Em 1970 a Fundação Getúlio Vargas editou no Brasil o livro Comunicação na Era Espacial, um estudo realizado pela UNESCO sobre as transformações a partir da nova tecnologia dos satélites. Talvez, pela novidade da aventura espacial, o livro é pessimista, ou, pelo menos, excessivamente moderado em relação ao impacto que viria a ocorrer, transformando o mundo naquela “Aldeia Global” conjecturada por Mac Luhan.

As inovações invariavelmente se chocam com hábitos arraigados e preconceitos admitidos como dogmas. Quando inventou-se a máquina a vapor, surgiram reações de grupos religiosos que diziam ser aquela uma “invenção diabólica”, pois o homem não poderia usar os elementos criados por Deus, no caso a água e o fogo, para misturá-los, numa bruxaria demoníaca. Esqueciam-se, talvez, do milenar e prosaico  ato de cozinhar. Daí se inferir, que, misturar ciência com visão fundamentalista é um sério obstáculo ao progresso.

 Apesar do ceticismo da UNESCO, alguns bilhões de seres humanos se comunicam hoje instantaneamente, e as redes sociais estabeleceram um novo poder que supera o antes exercido pela mídia convencional. Daí o medo que regimes fechados e obscurantistas têm da Internet, embora a utilizem para os seus propósitos, como é o caso do Estado Islâmico e da Coréia do Norte.

Essa nova realidade conduz a uma necessária reflexão sobre aonde podem ir os limites para o uso do ciberespaço. Se, por exemplo, os conceitos de cidadania e privacidade seriam suficientes para justificar as atitudes do Whatsapp, negando  à Justiça acesso à mensagens trocadas por traficantes.
O Juiz de Lagarto Marcel Montalvão é um discreto e comedido magistrado. Ele tem uma exemplar história de vida.  Deve ter meditado muito e muito também tolerado as arrogâncias do Whatsapp, antes de tomar a drástica decisão de suspender o aplicativo por 78 horas. Da mesma forma, o sempre criterioso desembargador Cezário Siqueira, teria mergulhado fundo nas suas convicções, no seu consistente lastro jurídico, para dar a decisão confirmando a liminar do Juiz.

Sobre o assunto ainda não se tem uma legislação pertinente e ampla e há enormes e justificáveis controvérsias. A punição estendendo-se além da própria empresa desobediente e atrevidamente desafiadora, criou problemas para milhões de pessoas, afetou algumas atividades econômicas.  Baseando-se nessas consequências, o também criterioso desembargador Ricardo Múcio ateve-se apenas ao efeito prático produzido, e suspendeu a liminar.

Essa questão do uso e do abuso do ciberespaço é complexa, ainda dará motivos a muitos entrechoques de ideias. É normal e salutar que isso aconteça, até porque, onde se estabelece um espaço imenso para dúvidas e contestações, é difícil dele extrair verdades conclusivas.
 O que não se pode admitir é essa estúpida carga de ofensas e agressões ao Juiz. Da mesma forma é impensável que o Conselho Nacional da Magistratura venha a abrir sindicância sobre a atitude do magistrado. A Justiça brasileira estaria amesquinhando-se diante do poderio arrogante de uma empresa sem a menor consideração às instituições do país onde põe os tentáculos.


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