Música
Popular Brasileira (MPB)
Publicado por Janine Nogueira
“Escrevedora,
conceitual e coexistente...”
Cássia, Clara, Elis,
Gal, Marisa, Maysa, Zizi... tantas outras, tantas vozes que representam uma
cultura, que cantam o sentimento e a vida, que se eternizam entre versos
sinceros e subjetivos. A música popular brasileira é uma mulher com alter egos.
O populismo da música brasileira tem uma voz
aguda que se sobressai. E ela vem da personalidade forte, do pensamento
inquieto e de uma postura despadronizada.
As gerações de cantoras, que desde Chiquinha
Gonzaga, Carmem Miranda e Dolores Duran, quebram os protocolos sociais,
enfrentam o sexismo (que existe mesmo nessa área de "mentes abertas")
e refletem a liberdade que muitas ainda não se propuseram por receio dos
estereótipos, também agregam um conteúdo de nível à arte e à cultura.
Às vezes parece que determinada música só se
conceitua por uma voz feminina, pois é uma conexão do tom com a palavra que
traz uma sensação etérea quando ecoa. Diz-se que o vocabulário e a entonação de
uma mulher é naturalmente suave e mais articulada. A sonância de um verso
precisa de uma representação fiel do que é dito, e essas características
sensibilizam esse estilo musical.
São tantas as cantoras admiráveis na MPB, são
tantas épocas e experiências que constroem essa arte, são tantas
características que se singularizam e chamam a atenção. Quem nunca quis ter o
olhar de Maysa? Ou o floreio da Elis? A despretensão da Cássia? A calma da
Marisa? A sensibilidade da Gadú? A simplicidade da Takai? A presença de palco
da Carmem? Uma história forte como a de Chiquinha Gonzaga?
Diferente das belas artes e das belas letras,
a música brasileira não conceituou apenas homens - que não são subestimáveis -;
entretanto, ainda critica a si própria, às vezes oscila na sua proposição e
está perdendo espaço. São poucas as novas cantoras de MPB e são reconhecidas
por aqueles que são abertos ao novo, que são poucos. Há uma negação sobre a
nova geração, que chega a ser um desprezo. É uma descrença de que elas podem
revolucionar como as antecessoras e ao mesmo tempo representar a sua época.
Que as que vêm bebam da água das que estão e
das que foram, mas que sejam elas mesmas e não se percam da forte essência
feminina. Um conceito se faz com atitudes e ainda há muito o que construir. A
tecnologia pode favorecer ao novo e resgatar o antigo. Que exista a sonoridade
através das gerações, para esvair todos os preconceitos. Ainda há amarras a
serem cortadas e muitos gritos a serem musicalizados.
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