sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A VOZ FEMININA NA MPB

 Música Popular Brasileira (MPB)












Publicado por Janine Nogueira
“Escrevedora, conceitual e coexistente...”



Cássia, Clara, Elis, Gal, Marisa, Maysa, Zizi... tantas outras, tantas vozes que representam uma cultura, que cantam o sentimento e a vida, que se eternizam entre versos sinceros e subjetivos. A música popular brasileira é uma mulher com alter egos.



A Gal Costa -Via Pinterest.
O populismo da música brasileira tem uma voz aguda que se sobressai. E ela vem da personalidade forte, do pensamento inquieto e de uma postura despadronizada.
As gerações de cantoras, que desde Chiquinha Gonzaga, Carmem Miranda e Dolores Duran, quebram os protocolos sociais, enfrentam o sexismo (que existe mesmo nessa área de "mentes abertas") e refletem a liberdade que muitas ainda não se propuseram por receio dos estereótipos, também agregam um conteúdo de nível à arte e à cultura.
Às vezes parece que determinada música só se conceitua por uma voz feminina, pois é uma conexão do tom com a palavra que traz uma sensação etérea quando ecoa. Diz-se que o vocabulário e a entonação de uma mulher é naturalmente suave e mais articulada. A sonância de um verso precisa de uma representação fiel do que é dito, e essas características sensibilizam esse estilo musical.
São tantas as cantoras admiráveis na MPB, são tantas épocas e experiências que constroem essa arte, são tantas características que se singularizam e chamam a atenção. Quem nunca quis ter o olhar de Maysa? Ou o floreio da Elis? A despretensão da Cássia? A calma da Marisa? A sensibilidade da Gadú? A simplicidade da Takai? A presença de palco da Carmem? Uma história forte como a de Chiquinha Gonzaga?
Diferente das belas artes e das belas letras, a música brasileira não conceituou apenas homens - que não são subestimáveis -; entretanto, ainda critica a si própria, às vezes oscila na sua proposição e está perdendo espaço. São poucas as novas cantoras de MPB e são reconhecidas por aqueles que são abertos ao novo, que são poucos. Há uma negação sobre a nova geração, que chega a ser um desprezo. É uma descrença de que elas podem revolucionar como as antecessoras e ao mesmo tempo representar a sua época.
Que as que vêm bebam da água das que estão e das que foram, mas que sejam elas mesmas e não se percam da forte essência feminina. Um conceito se faz com atitudes e ainda há muito o que construir. A tecnologia pode favorecer ao novo e resgatar o antigo. Que exista a sonoridade através das gerações, para esvair todos os preconceitos. Ainda há amarras a serem cortadas e muitos gritos a serem musicalizados.









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