terça-feira, 6 de setembro de 2016

CAMUS E O ABSURDO



 Literatura/Filosofia







  
Publicado por Victor Oliveira

Formando em Direito na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte. Assíduo leitor sobre o que a filosofia pode corroborar com a formação do ser. 






Se contrapondo as propostas de muitos filósofos e teólogos que tentaram trazer um sentido para a vida, os existencialistas não só admitem a falta de sentido dela, como assumem a noção de absurdo. Apesar de trazer uma carga negativa, a filosofia existencialista surge como um amparo para àqueles desprovidos de fé, possibilitando uma melhor forma de viver a vida a partir de uma perspectiva filosófica.




Albert Camus foi um filósofo, escritor, ensaísta nascido na Argélia, mas que viveu boa parte de sua vida na França onde faleceu na cidade de Villeblevin. Foi um dos ícones do existencialismo, sendo por um período amigo do filósofo Sartre, vindo a romper por questões políticas. Um dos pontos centrais de sua filosofia - a noção de absurdo do filósofo argelino - foi um produto de substratos literários do século XIX e XX, como Soren Kierkegaard, Franz Kafka e Fiódor Dostoievski.

Complementando a filosofia de Sartre, Camus via o absurdo como a ideia que expõe a falta de sentido da vida, além do significado que damos a ela. Para ele o mundo era desprovido de sentido e de justiça, algo considerado como ruim poderia muito bem ocorrer diversas vezes com uma pessoa que só pratica o bem, não havendo assim qualquer impedimento. Portanto, por conta desse mundo absurdo, em que qualquer ponto do tempo, qualquer coisa pode acontecer a qualquer um, ou seja, um acontecimento trágico pode recair sobre alguém que esteja em confronto direto com o Absurdo.




Destroços do carro no qual Camus esteve seu contato direto com o absurdo

Para demonstrar essa noção de absurdo, Camus escreveu o ensaio “O mito de Sísifo”, uma poderosa metáfora sobre a vida. Sísifo foi um homem que desafiou os deuses. Quando capturado recebeu a punição de empurrar uma pesada pedra até o topo da montanha, mas sempre que ele chegava ao topo uma força irresistível rolava ela para baixo, tendo que assim reiniciar sua tarefa pela eternidade. Mesmo com a falta de sentido continua a realizar essa tarefa. Camus apresenta o mito para trabalhar uma metáfora sobre a vida moderna, como trabalhadores em empregos fúteis em fábricas e escritórios. "O operário de hoje trabalha todos os dias em sua vida, faz as mesmas tarefas. Esse destino não é menos absurdo, mas é trágico quando apenas em raros momentos ele se torna consciente".



Apesar de trazer essa noção de absurdo, Camus ao contrário de que muitos pensam (uma visão de muito mal gosto) não faz uma apologia ao suicídio, pelo contrário. Para ele, a vida tem que ser vivida apesar do absurdo, pelo que ela é sem recorrer à esperança. Portanto, para melhor viver a vida, deve o sujeito aceitar a noção de absurdo do seu destino. Fazendo um contraponto ao mito de Sísifo, nosso herói pode vencer os deuses sem se desvencilhar de seu castigo (destino) que é justamente aceitando o absurdo de sua vivência, de seu castigo, desempenhando assim sua atividade sem mais tormentos, contrariando assim as intenções dos deuses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário